12 fevereiro 2011

Mubarak renuncia Multidão faz festa nas ruas do Egito; carta da CSP-Conlutas foi lida na praça!

Hosni Mubarak não aguentou a força das gigantescas mobilizações que vinham ocorrendo desde o dia 25 de janeiro no Cairo. Nesta sexta-feira, ele abandonou o poder. O anúncio da renúncia foi feito pelo vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, no início da tarde, que também renunciou. Segundo Suleiman, um conselho militar assumirá no lugar do ex-presidente.
Esta é uma primeira vitória de um povo que foi para as ruas e arrancou com suas próprias mãos a deposição de um ditador que já estava há mais de 30 anos no poder. Hoje é um dia de festa no Egito.
Mas essa luta não acabou. Quem está governando agora é uma Junta Militar na tentativa de garantir no governo figuras que durante todos esses anos estiveram lado a lado com o carrasco do povo egipcio. É preciso impedir que voltem ao poder. É necessário manter a mobilização para garantir a prisão do ditador e seus colaboradores, bem como as plenas liberdades democráticas, com a libertação de todos os presos políticos e o direito de organização política e sindical.
Viva a luta do povo Egipcio!
 Nota da CSP-Conlutas de apoio à luta do povo egípcio foi lida na praça Tahrir
Uma nota enviada pela CSP-Conlutas foi lida nesta quinta-feira, um dia antes da renúncia de Mubarak, na praça Tahrir, no Cairo, palco das grandes mobilizações que derrubou o ditador.
Quem nos avisou da leitura foi o enviado do jornal Opinião Socialista Luiz Gustavo Porfírio, que está no Egito para fazer a cobertura desse acontecimento histórico da luta dos trabalhadores, dos jovens e do povo daquele país.
Segundo Luiz Gustavo, a leitura foi em um dos palcos, o segundo maior que está instalado na praça.  "O palco é dirigido pela Coalizão da Juventude, uma frente que reúne vários grupos da juventude que chamaram os protestos", comentou.
A carta foi lida por um dos coordenadores da Coalizão, Walid Abdel Raouf.  “Ele disse que os sindicatos e a juventude do Brasil estão muito alegres com os protestos do Egito e que há muita solidariedade de lá”, nos contou o correspondente do Opinião Socialista, ressaltando que a mensagem foi muito bem recebida. “A massa ovacionou, gostou bastante”, disse.
Luiz Porfório, que também filmou a leitura está aguardando uma oportunidade para subi-la para a internet, quando postaremos em nossa página eletrônica.
A nota lida na praça Tahrir foi aprovada na última reunião da coordenação nacional da Central realizada nos dias 4, 5 e 6 de fevereiro.
Leia abaixo:
TODO APOIO À REVOLUÇÃO NO EGITO!
Desde o dia 25 de janeiro o Egito foi tomado por gigantescas mobilizações contra a ditadura que governa o país há 30 anos. Os protestos aconteceram em cadeia após a queda de governos autoritários na Tunísia e também se espalharam pela Argélia , Jordânia e Iêmem. Dois terços dos 80 milhões de egípcios tem menos de 30 anos e essa numerosa juventude está mostrando sua força num ascenso colossal. Empunhando cartazes com a foto do jovem Khaled Said, que foi brutalmente torturado e assassinado pela ditadura, milhões de manifestantes mostram que o Egito não aceitará mais o governo de Hosni Mubarak.
Uma verdadeira revolução democrática está em curso, já ocorreram as maiores mobilizações da história do país. O governo não poupou esforços para conter violentamente os protestos, já são mais de 800 presos e mais de 100 mortos. Mas as ruas continuam tomadas por milhares de jovens e trabalhadores que desafiam o toque de recolher, as bombas de gás lacrimogêneo, os tanques de guerra e todo o arsenal repressivo do governo.
Não é só a legítima luta pela liberdade que move milhões de trabalhadores e jovens egípcios. Cerca de 40% dos habitantes vivem com 2 dólares por dia. O desemprego, a fome e a miséria também são parte da indignação da população.
O Egito é um país muito importante na região, além de ser o mais populoso, domina o canal de Suez e é peça chave para manter o vergonhoso bloqueio à Faixa de Gaza. Mubarak é fiel aliado do imperialismo, depois de Israel, é o país que mais recebe dinheiro dos EUA na região: US$ 2,5 bilhões. A primeira declaração dos Estados Unidos, feita por Hilary Clinton, afirmava a estabilidade do país e dava ao velho aliado um voto de confiança. Neste momento em que as mobilizações crescem a cada dia e estão totalmente fora do controle do governo e mesmo da oposição, Obama fala em democracia como valor universal e pede reformas. Na verdade, o que determina a posição norte-americana, em relação aos governos de todo o mundo, não são os seus valores, mas os interesses dos EUA. Foram décadas de colaboração imperialista com a ditadura, essa declaração neste momento só indica que a força dos protestos está levando Obama a pensar em uma saída negociada que estabilize o quanto antes o país.
Nós, ativistas e lutadores do movimento social brasileiro apoiamos a corajosa luta dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre no Egito. Exigimos do Governo Dilma que rompa relações diplomáticas e comerciais do Brasil com o Egito enquanto perdurar a ditadura neste país. Defendemos o Fora Mubarak, nenhuma confiança nas Forças Armadas egípcias e uma alternativa de poder da classe trabalhadora, sem a presença de políticos burgueses e que participaram do antigo regime.
Coordenação Nacional da CSP-Conlutas
6 de fevereiro de 2011
Foto: Amr Abdallar/Reuters

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