27 julho 2008

Campanha Salarial 2008/2009!

Aprovado na 10ª Conferência Nacional dos bancários em São Paulo, neste domingo:
Confira as reivindicações dos bancários para a Campanha Nacional 2008:
Eixos Prioritários
Índice – reajuste de 13,23% (inflação mais 5% de aumento real)
Vale-alimentação – R$ 415 (mesmo valor do salário mínimo)
Vale-refeição – R$ 17 por dia
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – três salários mais valor fixo de R$ 3.500, sem teto, nem limitador
Auxílio-creche – R$ 415 (mesmo valor do salário mínimo)
Pisos salariais – aumento progressivo, em três anos, até atingir o piso do Dieese, atualmente estimado em R$ 2.074, sendo incorporado 50% da diferença entre o piso da categoria (R$ 921,49) e o piso do Dieese neste ano, 25%, em 2009, e outros, 25% em 2010. Desta forma, neste ano, o piso da categoria passaria a valer R$ 1.497,75 para escriturários, R$ 1.947,07 para caixas e tesoureiros, R$ 2.321,50 para primeiro comissionado, e R$ 3.369,93 para gerente
Plano de Cargos e Salários (PCS) – formulação de um PCS para todos. A proposta prevê 1% de reajuste a cada ano de trabalho. A cada cinco anos, esse reajuste será de 2%. O banco é obrigado a promover o bancário pelo menos um nível a cada cinco anos. A proposta de PCS determina, ainda, que os bancos são obrigados a treinar o trabalhador para a nova função por no mínimo 60 dias. E quando houver uma nova vaga, o banco é obrigado a fazer um processo de seleção interna para preenchê-la. Para cada cargo e função, o banco deve apresentar a grade curricular necessária e oferecer o curso aos trabalhadores dentro do expediente. Em caso de descomissionamento do bancário, a comissão será incorporada ao salário integralmente
Fim da metas abusivas – Os bancários querem interferir nas metas que estão na base da gestão do sistema financeiro. As metas passarão a ser definidas com o movimento sindical, a partir do local de trabalho – agências ou departamentos – e levando em consideração a região, o porte das agências, o número de funcionários, a base de clientes e o perfil econômico local. Devem ser obrigatoriamente coletivas e não individuais, considerando a região e número de clientes. Deve ocorrer a redução das metas quando houver a diminuição de trabalhadores
Contratação de remuneração total – Além do reajuste salarial, os bancários querem regrar a remuneração variável. A reivindicação é de distribuição de 5% da receita de prestação de serviços de forma igualitária entre todos os bancários. O pagamento deverá ser feito após a publicação do balanço trimestral. Além disso, 10% de toda a produção da agência deve ser distribuída entre os trabalhadores da unidade
Novas conquistas – Auxílio-educação e a criação de um plano de previdência complementar fechado, com gestão compartilhada
Emprego - Ratificação da convenção 158; defesa do emprego; cumprimento da jornada de 6 horas; contratação de mais funcionários, estabelecendo efetivo mínimo para o atendimento aos clientes
Segurança - Instalação de portas de segurança em todas as agências bancárias, já no auto-atendimento; pagamento de adicional de risco de vida no valor de 40% do salário para funcionários de agências e PABs
Eixos políticos
Defesa dos bancos públicos
Ampliação do crédito produtivo para investimentos, principalmente agrícola
Redução da taxa de juros
Regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal (que estabelece o papel do sistema financeiro no país).
Marlon George
Vice-presidente do sindicato dos bancarios do PA/AP
91-88067124

09 julho 2008

Conferência Regional dos bancários!

Bancários do Pará e Amapá se preparam para a III Conferência Regional

A III Conferência Regional dos Bancários acontece dia 12 de julho de 2008, no auditório do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS – (Tv. Perebebuí, 2623, bairro do Marco), bloco D, da Universidade do Estado do Pará, em Belém.

Acontece no dia 12 de julho, das 8h às 18h, em Belém, a III Conferência Regional dos Bancários do Pará e Amapá. Durante o evento, os trabalhadores discutem e apresentam propostas para a Campanha Nacional dos Bancários 2008, bem como elegem delegados para a 10ª Conferência Nacional dos Bancários.

A programação inclui painéis e grupos de trabalho sobre os seguintes temas: conjuntura nacional, segurança bancária, saúde e condições de trabalho, remuneração e a Campanha Nacional.

Os participantes da Conferência Regional foram definidos nas pré-conferências de cada município pólo (Marabá, Santarém, exceto Castanhal) e a capital do Amapá, Macapá, com a escolha de cinco (05) representantes.

Para os bancários do nordeste do Pará, pólo Castanhal, devido à proximidade com o local de realização da Conferência, e para os bancários de Belém a participação no evento é aberta, sendo necessária a pré-inscrição.

A presença de todos é fundamental. “Quanto mais trabalhadores e trabalhadoras se mobilizarem para a Campanha Nacional, mais claro fica para os banqueiros a força que temos”, afirma a diretora de comunicação, Maria Gaia.

Os bancários já podem se pré-inscrever através do Portal dos Bancários ( www.bancariosap.org.br ou www.bancariospa.org.br ). Para mais informações: 3344-7751 ou 3344-7756, ou ainda no link Fale Conosco do site.

III Conferência Regional dos Bancários
Data: 12 de julho de 2008
Horário: 8h às 18h
Local: CCBS, Bloco D - UEPA (Tv. Perebebuí, 2623, bairro do Marco)

Fonte: Bancários PA/AP

A Satiagraha de Gilmar Mendes!

Tratando da indignação filosófica em Platão, o professor Jean Lauand, em artigo publicado no Jornal da Tarde (15 de agosto de 1981), afirmava que o filósofo não quer saber se “um rei que tem muito ouro é feliz ou não, mas o que é, em si, o poder, a felicidade e a miséria. Em si e em suas últimas razões"

Ao criticar, por sua suposta espetacularidade, a operação da Polícia Federal que resultou na prisão de vários notáveis, entre eles, Daniel Dantas, Naji Najas e Celso Pitta, o presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF), ministro Gilmar Mendes evidenciou duas coisas que um magistrado deve evitar:indignação seletiva e nostalgia de tempos recentes. Não sei se o mais recomendável é a leitura de “A República" ou uma imersão politico-jurídica no Brasil dos últimos cinco anos.

O que disse Mendes sobre espetacularização quando, no final de 2006, um delegado da Polícia Federal obteve e repassou à imprensa as fotos do dinheiro apreendidos com duas pessoas ligadas ao PT num hotel de São Paulo? Como se pronunciou na folhetinização do caso da menina Isabela Nardoini, promovida pela mídia com apoio prestimoso da polícia e do Ministério Público Paulista? A resposta para as duas perguntas é um nada retumbante.

No primeiro caso, o procedimento do delegado foi compatível com o Estado de direito? Prisões em plena vigência do período eleitoral, que só autoriza prender em flagrante delito, foram manifestações de apreço pela ordem democrática ou uma ação que ignorou a lei em nome da conveniência de interesses partidários e de corporações de mídia? Será que só há espetáculo quando concordamos com a escolha de quem deve desempenhar os papéis dos vilões?

É bom lembrar que ação da Polícia Federal só foi possível a partir da abertura de um inquérito determinado pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Esse fato, aparentemente prosaico, guarda uma distância enorme da prática vigente quando o atual ministro era Advogado-Geral da União (AGU), no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Naquela época, no tempo do “estamos no limite da irresponsabilidade”, qualquer tentativa de investigação criminal contra ministros e presidente da República terminava com pareceres contrários do então procurador Geraldo Brindeiro, o que lhe valeu o apelido de” engavetador-geral da República."

Anos antes, a febre privatista do tucanato sucateava o patrimônio público. Como destacou o saudoso Aloysio Biondi, em um livrinho capital para entender o processo (O Brasil Privatizado- um balanço do Desmonte do Estado),"o governo Fernando Henrique Cardoso implantou as privatizações a preços baixos, financiou " os compradores", sempre alegando não haver outros caminhos possíveis".

Era o plano perfeito. A lógica autoritária do vender ou vender. Esquema absolutamente lógico, não havia outra saída. Bancos do governo e os fundos de pensão das estatais injetavam nas teles muito mais recursos do que se imaginava, embora a lei não permitisse que os fundos emprestassem dinheiro para empresas privadas. É nesse contexto, de "plena vigência do Estado de direito" que pontificaram Dantas, Cacciola e tantos outros. E o que disse Gilmar Mendes?

A imprensa foi elemento central para legitimar a privataria. Editoriais e artigos afiançavam que, para o governo, não poderia haver negócio melhor, pois se livraria da responsabilidade de gerenciar um negócio em que seu desempenho era um fiasco para assumir a nobre atividade da fiscalização. Aos consumidores, o paraíso. Melhora na qualidade dos serviços, redução de tarifas e fácil acesso a um aparelho.

"Vamos promover uma mudança gigantesca neste país com a privatização da Telebrás", prometia o então ministro Luiz Carlos Mendonça, o mesmo que protagonizaria um dos diálogos mais republicanos de que se tem notícia.

Em conversa grampeada, Mendonça e Ricardo Sérgio (ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil) mostram os bastidores do governo que não chocou o presidente do STF.

Mendonça de Barros - Está tudo acertado. Mas o Opportunity está com um problema de fiança. Não dá para o Banco do Brasil dar?

Ricardo Sérgio - Acabei de dar.

Mendonça de Barros - Não é para a Embratel, é para a Telemar [nome de fantasia da Tele Norte Leste].

Ricardo Sérgio- Dei para a Embratel, e 874 milhões para a Telemar. Nós estamos no limite da irresponsabilidade.

Mendonça de Barros - É isso aí, estamos juntos.

Ricardo Sérgio - Na hora que der merda, estamos juntos desde o início.

Não deu. E os motivos vão da sólida base parlamentar de FHC a um procurador que não indiciava. Uma operação da Polícia Federal que trouxesse resultados práticos era impossível. Faltava-lhe autonomia e uma dimensão republicana que só obteria em outro governo.

Ao dizer que a Operação Satiagraha configura um “Estado Policial” certamente o ministro não age de má-fé. É apenas um homem sem coordenadas precisas de tempo histórico e espaço político.

*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.