21 janeiro 2015

Quem bancou a campanha dos novos senadores.

Do Congresso em Foco

Uma gigante da indústria da alimentação, uma das maiores instituições financeiras do país e uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato foram as empresas que mais doaram para a campanha dos senadores que serão empossados no próximo dia 1º. Líder mundial na produção de carnes, a JBS (Friboi) também foi a campeã em contribuições para os candidatos vitoriosos ao Senado: doou R$ 9,3 milhões. Já o Bradesco, segundo maior banco privado do país, foi o financiador que botou dinheiro no maior número de campanhas vitoriosas na Casa: 15 dos 27 eleitos receberam R$ 4,7 milhões da instituição – segundo maior volume de repasses de uma empresa. O terceiro maior doador foi a empreiteira OAS, investigada por participação no esquema de cartel e corrupção da Petrobras, que destinou R$ 2 milhões para os eleitos.
Congresso em Foco publica, abaixo, a relação completa dos financiadores dos 27 senadores eleitos, de acordo com a prestação de contas apresentadas por eles à Justiça eleitoral. Juntos, eles declararam ter recebido R$ 130 milhões, sobretudo de grandes empresas. Três oposicionistas foram os campeões em arrecadação.
Campeões de arrecadação
Conforme a prestação de contas, Antonio Anastasia (PSDB-MG) encabeça a lista das campanhas mais caras. O ex-governador mineiro informou ter arrecadado R$ 18,3 milhões. Em segundo lugar ficou o senador eleito por São Paulo José Serra, também do PSDB, que disse ter recebido R$ 10,7 milhões para fazer sua campanha. O atual deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) declarou ter levantado R$ 9,3 milhões para se eleger senador.
Os dois parlamentares que dividem a quarta colocação no ranking da arrecadação – Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Wellington Fagundes (PR-MT), com R$ 8,7 milhões cada – foram também aqueles que informaram ter desembolsado mais recursos próprios para se eleger. Wellington tirou mais de R$ 1 milhão do bolso; já Tasso declarou ter usado R$ 820 mil como pessoa física e outros R$ 385 mil de uma de suas empresas.
A relação dos senadores que informaram ter arrecadado menos é encabeçada por três representantes do PDT: Telmário Mota (RR), Reguffe (DF) e Lasier Martins (RS). O roraimense declarou ter recebido R$ 240,5 mil; o pedetista do DF, R$ 407 mil, e o gaúcho, R$ 866.138.
Custo do voto
Reguffe e Lasier também figuram entre os parlamentares que tiveram o voto mais barato quando se compara o valor investido na campanha e a votação obtida. Os dois só ficaram atrás de Romário (PSB-DF). Cada um dos 4.683.963 votos obtidos pelo deputado e ex-jogador de futebol saiu a 25 centavos. Os votos conquistados por Lasier e Reguffe “custaram” 40 e 47 centavos, respectivamente.
Na outra ponta, o voto mais caro ficou com a senadora reeleita Kátia Abreu (PMDB-TO), atual ministra da Agricultura. Ela gastou R$ 6,9 milhões e recebeu 282.052 votos. É como se cada voto recebido pela senadora tivesse saído por R$ 24,71. Gladson Cameli (PP-AC), com R$ 22,46, e Wellington Fagundes, com R$ 13,50 por voto, completam a lista dos senadores eleitos com votação mais “onerosa”.
Clique no nome para ver de onde veio o dinheiro declarado por cada um dos 27 senadores eleitos, por estado:
Fonte: blog do espaço aberto.

04 janeiro 2015

Uma resposta a Magnoli: O PSTU faz oposição de esquerda e classista ao governo Dilma (PT).

Em recente artigo no jornal O Globo, o articulista Demétrio Magnoli afirmou que o PSTU seria “uma sublegenda informal do PT”. Neste texto esclarecemos nosso posicionamento sobre o governo do PT e respondemos ao jornalista, que costuma não ter nenhum rigor com as informações que veicula

O PSTU posicionou-se pelo voto nulo no 2º turno das eleições presidenciais por não considerar o voto no “mal menor” um voto útil para a classe trabalhadora. Claro está que a oposição de direita, Aécio Neves (PSDB), nunca foi e nunca será solução para a classe trabalhadora, justamente por ser representante mor dos banqueiros. Mas, alertávamos então, que as alianças e compromissos do PT com banqueiros, empreiteiras, multinacionais, agronegócio e inúmeros partidos e personalidades de direita, não apenas impediriam as mudanças que a maioria dos trabalhadores, do povo e da juventude necessita, como levariam a cortes nos gastos sociais para beneficiar banqueiros e empresários. Jogariam a crise, mais uma vez, sobre as costas dos trabalhadores, com arrocho nos salários, demissões e retirada de direitos. Votar em Aécio ou Dilma seria legitimar esses ataques ou nutrir a ilusão de que as coisas poderiam ser melhores, em vez de preparar-se para a luta enquanto eles preparavam o assalto ao bolso dos pobres para dar aos ricos.
Dilma ganhou as eleições por pouco, apelando para um discurso à esquerda, buscando o voto dos trabalhadores, dos pobres, dos oprimidos, “contra os banqueiros”, prometendo que não mexeria em direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”.
O 2º mandato de Dilma (PT) mal começou, porém, e sua prática demonstra que o discurso da campanha só visava ganhar votos e as eleições. O ministério escolhido por Dilma está todo montado para retirar dinheiro dos pobres para dar aos ricos. O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do Bradesco, serviria como uma luva também a um governo Aécio Neves, ou qualquer outro do PSDB. O ministro da Educação, Cid Gomes, é escolado em aviltar os professores já tão maltratados por todos os governos há tanto tempo. É dele a frase, proferida aos professores do Ceará, de que professor deveria trabalhar por amor e não por salário. Por aí logo vamos ver o real significado do bordão lançado por Dilma em seu discurso de posse: “Brasil, pátria educadora”. A ministra da Agricultura é Kátia Abreu, uma das maiores expoentes do agronegócio no Brasil.
As primeiras medidas tomadas significam tirar R$ 18 bilhões do bolso dos trabalhadores e dos pobres para dar aos banqueiros. Diga-se de passagem, nesta tarefa estão empenhados os governos das três esferas, independente dos partidos, ou seja, presidente, governadores, prefeitos e seus respectivos legislativos. Os aumentos de passagens de ônibus e de tarifas são outro assalto aos nossos bolsos.
A primeira medida do governo Dilma retira direitos trabalhistas e previdenciários: restringe o seguro-desemprego, ataca as pensões, o abono salarial e o auxílio-doença. Retira R$ 18 bilhões, montante igual a 70% de todo dinheiro destinado ao Bolsa Família no ano passado,  para aumentar o dinheiro a ser destinado ao pagamento de juros da dívida pública aos bancos. Da mesma maneira como fazia o PSDB quando era governo, o PT diz que não está retirando direitos, apenas “corrigindo distorções”. A maior distorção existente no Brasil é ter mais de 40% de todo o Orçamento federal comprometido com pagamento de juros a agiota e banqueiros. Mas esta distorção o governo defende, afinal, esta “distorção” governa o governo e o país.
Não há como “enfrentar a direita” sem colocar-se na oposição ao governo
Que a oposição de direita, o PSDB, seus aliados e até uma minoria tão inexpressiva quanto ruidosa que defende a volta da ditadura militar, necessitam ser combatidos, não há dúvida. Mas, daí a concluir que “enfrentar a ofensiva da direita” e defender “nenhum direito a menos” ou os “direitos dos trabalhadores” é combater apenas a oposição burguesa e colocar-se no campo do governo Dilma (PT), é um erro garrafal.
Este posicionamento significa colocar-se como refém de um setor da direita contra outro setor e, na prática, aceitar perder direitos para os ricos. Ou toda a “direita” encontra-se ao lado de Aécio Neves do PSDB? Por acaso o ministro da Fazenda de Dilma, ou Kátia Abreu, ou Cid Gomes, ou Sarney, Maluf, Delfim Neto, o PMDB, o PP e tantos outros partidos e personalidades de direita desse país não se encontram justamente no campo do governo do PT? E não é justamente o governo do PT com seus aliados banqueiros, ruralistas, empresários, que estão governando e retirando nossos direitos?
Para defender o lado dos trabalhadores e dos pobres deste país é preciso enfrentar os interesses dos banqueiros, do agronegócio, das multinacionais, das empreiteiras e daqueles que os representam, ou seja, o governo Dilma (PT) e a oposição de direita (PSDB), assim como governadores, prefeitos, Congresso, etc. É necessário organizar a luta unificada contra todos eles e não ficar refém de um lado contra o outro. É necessário libertar a classe trabalhadora dessa polarização binária, para que ela volte a ter voz própria e força. Enquanto estiver atrelada a um dos campos que representam os interesses dos de cima, os de baixo não terão seus interesses organizados, estarão indefesos e o Brasil continuará sendo um dos países mais desiguais e injustos do mundo.
CUT, MST e UNE precisam romper com o governo 
Organizações sindicais e movimentos populares ligados ao PT e ao PCdoB – como a CUT, UNE, MST, e outros, compartilham a idéia de que para defender e avançar em seus direitos, os trabalhadores e a juventude devem lutar contra a direita que ataca o governo Dilma.
Em recente reunião chamada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), ocorrida em 17 de dezembro em São Paulo, este debate veio à tona e a reunião terminou sem decidir nada, além de uma nova reunião em 19 de janeiro. Presentes neste espaço, a CUT, UNE, MST, CMP e o próprio PT (além de outras organizações governistas) defenderam a idéia de que a tarefa central dos trabalhadores e suas organizações é combater a oposição de direita e que, para isto, é necessária a união de todos. Uma primeira tarefa seria cobrar dos “direitistas” do Congresso Nacional a Reforma Política, defendida por estes setores como a saída para todas as aflições da classe trabalhadora brasileira. A Reforma Política, aliás, é também defendida pelo governo e praticamente por todos os setores representados no Congresso Nacional, incluindo o PSDB.
A CSP-Conlutas, também presente na reunião, cobrou um posicionamento sobre o ajuste fiscal anunciado pela presidenta Dilma, e teve como resposta o silêncio. Cobrou ainda que a CUT retirasse a proposta de PPE (Plano de Proteção ao Emprego) que apresentou ao governo – porque rebaixa salários. Proposta, aliás, rechaçada pelos operários da Volkswagen de São Bernardo do Campo em assembléia no mês passado. Os representantes da CUT disseram que essa proposta era “coisa da imprensa”. Já o dirigente do PSOL presente à reunião chegou a afirmar que “não era o caso de discutir ali as nossas diferenças”, pois “já as conhecíamos”. O importante era lutar por “reformas populares e nenhum direito as menos”.
O representante da CSP-Conlutas ali presente, no entanto, não fez essas cobranças por sectarismo e sim porque existem ataques evidentes do governo aos direitos dos trabalhadores. Precisava saber se a CUT, a UNE, o MST e outras organizações governistas que ali estavam tinham disposição de romper com o governo para defender os direitos dos trabalhadores ameaçados pelo ajuste fiscal e demais medidas do governo Dilma (PT) com seus aliados de direita.
Como disse Zé Maria, do PSTU em recente artigo a este site (clique aqui para ver o artigo) : “Enganam-se aqueles que julgam que ignorar estas contradições é melhor para ‘construir a unidade’. De qual unidade estamos falando? Da unidade para lutar em defesa dos direitos dos trabalhadores? Estamos 100% a favor. E esta luta, para ser conseqüente terá de enfrentar sim, a direita tradicional do país representada pelo PSDB. Terá sim de denunciar e lutar contra a direitalha que domina o Congresso Nacional. Mas, para ser conseqüente, terá de começar por lutar contra o governo do PT, pois é este governo que está anunciando e tomando medidas concretas contra os direitos dos trabalhadores. Ou não é? A falta de clareza num debate como este não ajuda a unidade”.
Uma versão governista e inverídica de uma suposta “Frente de Esquerda”
O jornal “O Estado de São Paulo” publicou na edição de 26 de dezembro matéria intitulada “Atos pós-eleição estimulam movimentos sociais a articularem ‘frente de esquerda’” (clique aqui pra ler). 
O jornal destaca as posições dos setores governistas que estavam na reunião de 17 de dezembro como se fossem resoluções da mesma, quando esta não conseguiu chegar a nenhuma decisão, a não ser marcar uma nova reunião para o dia 19 de janeiro deste ano.
Mas a matéria ecoa a versão de que aquela reunião convocada e coordenada pelo MTST e da qual participaram diversas entidades sindicais e populares, dentre elas a CSP-Conlutas, teria dado a largada para a criação de um movimento “para promover manifestações e pressionar o Congresso e governo a adotar agenda considerada progressista, em resposta ao avanço de mobilizações associadas ao conservadorismo”. Tal “frente popular de esquerda”, diz o jornal, vai “buscar espaço dentro do governo Dilma para projetos que estejam em sintonia com a agenda da esquerda, como reforma agrária e regulação da mídia”.  Raimundo Bonfim, da CMP, teria dito:“Vamos fazer a disputa dentro do governo”.  Já o ex-deputado Renato Simões (PT-SP) declarou que  “a outra missão da frente de esquerda será enfrentar na rua o golpismo” representado, segundo ele, “por grupos que pedem o impeachment de Dilma”. 
Com o argumento de evitar a volta da direita, as propostas destes setores e organizações governistas procuram blindar o governo Dilma.
A próxima reunião, do dia 19 de janeiro, terá de definir o real caráter deste espaço.
Lula e o MTST
Veio reforçar essa versão sucessivas notícias veiculadas pela Folha de S. Paulo e outros meios de comunicação, em que Lula, posando para foto ao lado de Guilherme Boulos, do MTST, dizia que o governo e o PT  precisavam se reaproximar dos movimentos sociais. Em vídeo, chegou a falar em recuperar o espaço à esquerda perdido pelo PT (chegando a citar as rupturas do PSTU, do PSOL e de Marina), sem conseguir esconder o objetivo real de tal preocupação: a disputa das eleições de 2018. Os gestos de Lula em relação ao MTST têm o objetivo de ocupar ao mesmo tempo o espaço de governo e de “oposição de esquerda”, contendo o legítimo descontentamento dos trabalhadores e da juventude, dentro dos limites aceitáveis para seus aliados de direita.
A imprensa, aliás, vem fomentando uma versão de que Lula estaria defendendo um governo “mais à esquerda” e um PT “mais separado do governo”. Ora, ora, mas como se a escolha de um banqueiro como Levy para o ministério da Fazenda foi do próprio Lula?
Porém, de alguma maneira, estas notícias reforçavam a versão dos governistas de dita reunião.
Em 28 de dezembro, o MTST divulgou uma nota em que diz que o movimento “vem esclarecer que não participa de qualquer frente de apoio ao governo. Estamos sim participando da articulação junto com a CUT, PSOL, MST, UNE e outras organizações da esquerda no sentido de construir uma frente de lutas com a plataforma de Reformas Populares para o país”... “Nosso objetivo é avançar nas mobilizações contra qualquer ataque aos direitos sociais e por uma pauta unitária de esquerda. Também enfrentar as ofensivas da direita brasileira. Mas para isso entendemos que é necessária a total independência em relação ao governo.”
Concordamos com Zé Maria, quando afirma em artigo a este site, que tal nota veio num bom sentido, mas que ainda é um pouco curta politicamente. Isso porque, se corretamente fala de forma clara da defesa dos direitos dos trabalhadores, quando aponta o inimigo a ser enfrentado não vai além de nomear a “direita brasileira”.
Nós estamos 100% a favor de enfrentar o Congresso Nacional e toda corja de direitistas. Do PSDB, passando por Alckmin até Bolsonaro. Mas não podemos nos calar perante o governo Dilma. Não derrotaremos o ajuste fiscal enfrentando apenas o Congresso e a oposição de direita, quando quem está editando as Medidas Provisórias com o dito ajuste é o governo do PT.  Da mesma maneira que a Reforma Agrária e Urbana, o fim das privatizações, das terceirizações e da precarização geral do trabalho não poderão ser conquistadas enfrentando apenas a parte da direita que está na oposição ao governo e não enfrentando o próprio governo, aliado de outra parte.
Por isso, concordamos uma vez mais com o artigo de Zé Maria quando diz: “Está certo, portanto, o MTST, quando fala que é preciso “independência em relação ao governo”. Mas é preciso agregar que estamos diante de um governo claramente a serviço dos interesses do grande empresariado (o próprio MTST já escreveu isso várias vezes). E a única forma de praticar a independência frente a um governo como esse é numa luta sem trégua contra ele. Só assim, efetivamente, será possível estar ao lado dos trabalhadores, defendendo seus direitos e interesses. Esta não é uma discussão sobre semântica. É o debate que a esquerda da CUT levantou dentro da central, antes da ruptura que ocorreu em 2004 (que gerou a Conlutas). A direção da CUT dizia – e diz até hoje – que a central deve ter “independência em relação ao governo. E em nome disso tem a pratica que todos conhecemos”.
É preciso avançar na unidade para lutar em defesa dos interesses dos trabalhadores contra o governo do PT e contra a direita. A CUT, a UNE, o MST e demais organizações populares devem ser chamadas a esta luta. Mas para lutar de verdade em defesa da classe trabalhadora será preciso romper com o governo. Para vencer é preciso saber contra quem estamos lutando.
Este dilema vai voltar a se colocar na reunião do dia 19.
 A CSP-Conlutas e outras entidades e movimentos que fazem parte do Espaço Unidade de Ação estão convocando uma reunião para final de janeiro justamente para avançar na construção da unidade de todos que quiserem lutar.
A ação independente dos trabalhadores, da juventude e do povo é que pode garantir mudanças, e é ela também que poderá construir uma alternativa de esquerda e classista ao governo do PT com a direita, e à oposição de direita capitaneada pelo PSDB.
Demétrio Magnoli e a falta de rigor
No artigo intitulado “Esquerda Palaciana”, publicado no 1º de janeiro no jornal O Globo, o articulista deste jornal e da Folha de S. Paulo, Demétrio Magnoli (ex-militante da extrema-esquerda do PT: a antiga “Libelu”, ligada na época à Organização Socialista Internacionalista e ao jornal O Trabalho) afirma que o PSTU faria parte de uma “Frente de Esquerda” com objetivo de “fazer a disputa dentro do governo” e teria aceitado assim, junto com o PSOL, a condição “de sublegenda informal do PT”.  Informação obtida, segundo ele, de Raimundo Bonfim, integrante da Central de Movimentos Populares (CMP).
Escreve Demétrio: “ ‘A frente de esquerda’ articulada duas semanas atrás numa reunião no Largo São Francisco, em São Paulo, é o veículo para a soldagem de partidos, centrais sindicais e movimentos sociais ao governo de Dilma Roussef. É, ainda, de um modo menos direto, uma ferramenta da candidatura presidencial de Lula da Silva em 2018. O conclave contou com representantes do PT e do PC do B, partidos governistas, mas também do PSOL e do PSTU. No Largo São Francisco, os dois partidos aceitaram a condição de sublegendas informais do PT. Lá estava a CUT, que obedece ao comando lulista, mas também a Intersindical, um pequeno aparelho do PSTU”.
Se fossem corretas as informações que dá o articulista, estaria também correta sua conclusão. Ocorre que Demétrio Magnoli tem o péssimo costume de não checar a veracidade das informações que reproduz ou utiliza em seus artigos.
No 1º turno das eleições, o mesmo jornalista, por desinformação ou má fé, ou com o intuito de desqualificar o PSTU e lançá-lo na mesma vala das legendas de aluguel, “noticiou” que o PSTU “sobrevivia com o dinheiro do fundo partidário”, quando, na verdade, esse partido é o único que defende a extinção do fundo, chegando a realizar uma consulta ao STF sobre a possibilidade de abrir mão desse recurso. É ainda espantoso o grau de desinformação e desconhecimento de coisas tão corriqueiras, vindo de alguém que já foi um quadro da esquerda. Tal é o caso, por exemplo, do desconhecimento acerca das centrais sindicais e dos setores que nelas atuam, ao ponto de afirmar que a Intersindical seria um “aparelho do PSTU” quando até as pedras sabem que o PSTU não tem qualquer participação na Intersindical.
O hoje articulista da Folha de S. Paulo e do Globo, se não age por má-fé, poderia pelo menos ser um pouco mais rigoroso ou cuidadoso com o que escreve. Afinal, qualquer leitor medianamente inteligente sabe que não faz nenhum sentido que um partido chame o voto nulo no 2º turno das eleições (como fez o PSTU) para, logo em seguida, justamente quando Dilma (PT) decreta todas suas maldades impopulares, tornar-se “sublegenda informal” do PT, como quer o ex-esquerdista.  
Se ele pretende redimir-se de seu passado de esquerda e atacar suas antigas ideologias, poderia fazê-lo de maneira mais honesta, sem inventar ou distorcer fatos, ou pelo menos checando versões e informações.