21 junho 2009

Crise não marcará o fim do capitalismo.

Emir Sader*

Apesar de sua natureza e profundidade, a crise do capitalismo não é suficiente para derrubar o sistema, sepultar o neoliberalismo ou mesmo pôr em xeque o posto dos Estados Unidos como única potência da atualidade. É o que apontou o cientista político e professor universitário Emir Sader, neste sábado (20), na abertura do Seminário Internacional Sobre a Crise Mundial.

“É verdade que a hegemonia americana se enfraquece. Mas não aparece no horizonte nenhum país candidato a potência que possa substituir os Estados Unidos”, disse Sader às cerca de 250 pessoas presentes no Hotel Braston, em São Paulo, no seminário promovido por PT, PCdoB, Fundação Maurício Grabois, Fundação Perseu Abramo e Corint.

Como contrapartida, ele afirmou que a crise trouxe novos parâmetros para o debate: “A História voltou a ficar aberta – se é que já chegou a fechar. As alternativas para a esquerda estão mais abertas que antes.”

Emir ponderou que qualquer interpretação da crise deve levar em conta os princípios do marxismo – que “não são dogmas nem axiomas”. Um dos princípios mais relevantes – por refletir um drama atual do marxismo – é a ideia de que “sem teoria revolucionaria não há prática revolucionária”.

“A primeira geração de marxistas – Marx, Engels, Lênin, Gramsci, Rosa Luxemburgo – era de pensadores revolucionários que também eram ativistas revolucionários”, lembra Emir. “Hoje a ruptura provoca a tendência de a intelectualidade girar sobre si mesma e os partidos serem muito pragmáticos.”

Contexto da crise

Para Emir, é preciso analisar a crise atual “sem analogia mecânica” com, por exemplo, a crise capitalista de 1929. “Já chegaram a dizer até que agora vem guerra. Guerra entre quem?”. A seu ver, a crise deve ser entendida nos marcos da trajetória do capitalismo no século 20.

Da Segunda Guerra Mundial até a década de 1970, o sistema viveu um longo ciclo de prosperidade – o “período de ouro”, conforme a definição do historiador anglo-egípcio Erich Hobsbawn. “Houve um grande crescimento industrial até na periferia do capitalismo – no Brasil, no México, na Argentina”, lembra Emir. O ciclo seguinte, no entanto, é de recessão econômica – mas a queda do socialismo fortalece os Estados Unidos.

“Quem ganha reconta a história, narra os fatos – e a vitória ideológica do capitalismo foi de proporções vitais.” O socialismo sai da agenda, perde em atualidade. Países como China e Cuba passam a uma “situação de defensiva histórica”. Além disso, o neoliberalismo fragmentou a sociedade, jogou os trabalhadores no trabalho informal, dificultou a resistência. “A derrota do socialismo serve, afinal, para desqualificar a política.”
A financeirização

Com o anúncio da “vitória da economia liberal”, os novos embates em pauta se davam em temas como “democracia e totalitarismo”, “ocidente versus terrorismo”. Já na economia, “consolida-se a passagem do Estado de bem-estar social para a fase neoliberal, de desregulamentação”. É a fase da financeirização radical – ou, nas palavras de Emir Sader, “um câncer incrustado dentro do capitalismo”.

“Marx dizia que o capitalismo é o sistema que faz crescer as forças produtivas como nenhum outro – seu problema era não distribuir a riqueza. O que ocorre, sob a hegemonia financeira, é a transferência de recursos do setor produtivo para o setor especulativo, que não produz bens nem serviços”, explica Emir. Na América Latina, segundo o professor, a “euforia neoliberal não trouxe vantagens econômicas. As três maiores economias mostraram fragilidade – o México quebrou em 1994, o Brasil em 1999 e a Argentina em 2002 e 20003”.

Para Emir Sader, a atual crise do capitalismo emerge em meio a “um período de relativa estabilidade, com uma única grande potência. Existe uma turbulência prolongada sem resolução previsível, mas qualquer resolução será de alternativas dentro do capitalismo, sem ruptura”.

Daí sua conclusão de que “o capitalismo não termina com a crise – porque ele não cai por si mesmo, tem de ser derrubado –, nem tampouco o neoliberalismo acabou”. Nessas condições, o Estado age tal qual um “médico acionado quando o capitalismo sofre doenças”.

Reflexos

A crise abre cenários distintos nas várias partes do mundo. Barack Obama assume a Casa Branca para enfrentar não só a crise econômica – mas também os impasses de duas guerras abertas e não-resolvidas. Com uma vantagem, brinca Emir: “É praticamente o único país com iniciação política no mundo: ele faz a guerra e também inicia as negociações de paz”. Na geopolítica, o tom do discurso muda – com Cuba e Irã, por exemplo.

Por outro lado, Emir Sader sustenta que “a crise revela a falência da Europa como conglomerado autônomo. Em tese, se era para ter uma moeda alternativa agora, seria o euro”. Mas, ao contrário, as ideias da direita voltam com força no Velho Mundo, e o continente se comporta como um “aliado subordinado dos Estados Unidos”.

Num mundo dominado pelo “monopólio das armas, do dinheiro e das palavras”, há brutais “guerras humanitárias” seguidas de intervenções políticas. É um “braço imperialista renovado na época unipolar”. Por isso, afirma Emir, iniciativas como a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) são importantes.

O “novo tempo” da América Latina possibilitou que a resolução do conflito entre Colômbia e Equador tenha ocorrido “no nosso âmbito”, sem o arbítrio dos Estados Unidos ou da ONU. O continente reage. “É extraordinário ver que o primeiro país a romper formalmente com Israel foi a Bolívia, num gesto de solidariedade baseada em seus próprios princípios.”

Saídas

Para a economia brasileira, a crise é um teste. “Estamos pagando um preço caro”, afirma Emir. Além de queda da demanda externa e, consequentemente, da exportação, houve um refluxo dos créditos. Na opinião do professor, o governo precisa “encampar a luta contra o monopólio da hegemonia neoliberal”, diversificar ainda mais o comércio internacional e aumentar o peso do mercado interno, taxando o capital externo.

“Lula manteve a hegemonia do capital financeiro e a autonomia do Banco Central, ainda que tenha retomado o papel do desenvolvimento. Sem abandonar a conciliação, a aliança de classes, sem deixar de ser parêntesis do modelo internacional, o governo Lula não será alternativa de um novo modelo”, criticou Emir. A seu ver, é preciso resistir ainda à precarização e à alienação do trabalho, voltando também a estimular a sindicalização. “Mesmo o Fórum Social Mundial nunca vai avançar muito se tiver só o tema da cidadania e não tratar do trabalho”.

Sobre a nefasta atuação da mídia na América Latina, Emir Sader opina que há “um único jornal bom” – o diário mexicano La Jornada, que tem oito edições regionais. “O Página 12, da Argentina, é bom, mas é um jornal pequeno.”. O Brasil, por sua vez, padece de um governo que, na área de comunicação, “não fez quase nada – apenas diversificou um pouco a distribuição de publicidade”. A TV Brasil, na sua opinião, “é um fracasso”.

“Teremos as heranças das transformações que o Lula fez e das que ele não fez”, sintetiza Emir. Além de “quebrar a hegemonia do capital financeiro”, o Brasil, “país mais desigual do continente mais desigual”, tem adotar “um modelo de desenvolvimento agrário que prescinda do agronegócio”.

Outra prioridade, segundo Emir, é “construir uma opinião pública alternativa – pela internet, com os blogs, mas também democratizando a comunicação, a TV, o lazer”. A maior dificuldade, diz ele, “é convencer as massas de que nossa utopia é a justiça social”. Seria uma resposta ao “individualismo brutal”, que leva as pessoas a pensarem apenas numa coisa: “O que vai acontecer comigo?”.

*Sociólogo

Bancos pagam salários menores às mulheres e reforçam discriminação

Além de reduzir progressivamente a remuneração de seus trabalhadores de forma geral com o alto índice de rotatividade, os bancos estão reforçando a discriminação contra as mulheres, pagando às bancárias que estão sendo contratadas salários inferiores aos dos homens. É o que mostra a pesquisa sobre emprego e desemprego que a Contraf-CUT e o Dieese divulgaram na terça-feira 16, com base nos dados que as instituições financeiras fornecem ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Veja a pesquisa completa aqui.

O salário médio das mulheres contratadas pelos bancos no primeiro trimestre de 2009 foi de R$ 1.535,34, enquanto a remuneração média dos homens admitidos no mesmo período chegou a R$ 2.022,56 - uma diferença de 24,09% em prejuízo das bancárias. Além disso, houve uma redução de 11,2% no salário médio das mulheres contratadas este ano em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando esse valor foi de R$ 1.729,37 (veja nas tabelas).

Primeiro trimestre de 2009 - Remuneração média
Homens Mulheres

Diferença de remuneração
Admitidos (em R$) 2.022,56 1.535,34 - 24,09%
Desligados (em R$) 4.660,10 3.086,61 - 33,77%


Primeiro trimestre de 2008 - Remuneração média
Homens Mulheres

Diferença de remuneração
Admitidos (em R$) 2.379,95 1.729,37 - 27,34%
Desligados (em R$) 3.645,15 2.602,33 -28,61%


"O levantamento deixa claro que a discriminação contra as mulheres continua grande dentro dos bancos, o que inadmissível", critica Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Uma longa luta contra a discriminação

Desde 1996,as entidades sindicais exigem que o tema igualdade de oportunidades seja discutido na mesa de negociações com os bancos, visando acabar com todo tipo de discriminação e de exclusão nos locais de trabalho. Mas os bancos se recusavam, negando que houvesse discriminação por parte deles.

A discriminação contra mulheres e negros foi constatada por uma pesquisa feita em 2001 pela então Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT, antecessora da Contraf-CUT) e pelo Dieese, que resultou na publicação "Os rostos dos bancários - Mapa de gênero e raça do setor bancário brasileiro".

Depois de muita pressão da Contraf-CUT e dos sindicatos, em 2002 finalmente foi incluída na Convenção Coletiva dos Bancários uma cláusula criando uma mesa temática específica para discutir a igualdade de oportunidades. Nas discussões, porém, as instituições financeiras continuaram negando - o que fazem até hoje - a existência de preconceito e discriminação.

Mapa da diversidade

Dando encaminhamento a denúncias da Contraf e dos sindicatos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) constatou haver discriminação e autuou os bancos em 2006, primeiro em Brasília e depois em outras capitais. Como resultado dessa pressão, a Fenaban acabou aceitando que fosse constituído um grupo de técnico para discutir o assunto, com participação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), MPT e Contraf-CUT.

Os bancos também aceitaram realizar uma pesquisa nacional para averiguar a situação das mulheres e das minorias dentro das empresas. A pesquisa, conhecida como Mapa da Diversidade, será apresentada pelos bancos no próximo dia 2 de julho, em Brasília, em audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

"É revoltante saber que, depois desses anos todos de luta pela igualdade e contra a exclusão, os bancos continuam praticando a discriminação contra as mulheres em 2009", protesta Juvândia Moreira, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Fonte: Contraf-CUT

17 junho 2009

Bumba bancário!

Bumba Bancário 2009 com Sabino do Acordeon e inauguração do Alojamento Bancário
Com a presença do melhor sanfoneiro da região norte e com o lançamento da mais nova conquista da categoria, o Bumba Bancário 2009 promete ser a melhor festa junina de Belém. E você já está convidado, não perca!

Dia 19 de junho (sexta-feira), a partir das 19h, no Espaço Cultural dos Bancários (28 de setembro, 1210, Reduto), em Belém, o Sindicato dos Bancários PA/AP realizará o tradicional arraial da categoria bancária: o Bumba Bancário 2009. E dessa vez, a Gestão Novo Tempo vai fazer o arrasta pé ficar ainda mais animado com o show de Sabino do Acordeon e banda, que prometem sacudir a melhor festa junina da cidade.

Além desse grande espetáculo, o Sindicato também fará a inauguração da mais nova conquista da categoria: o Alojamento Bancário. Este será uma ótima opção de hospedagem confortável, por um preço totalmente acessível, para os bancários e bancárias do interior do Pará e do Estado do Amapá que precisarem de hospedagem em Belém.
Com todas essas atrações, não dá para ficar de fora, não é verdade?! Por isso, chame a família, convide os colegas de trabalho, porque o Bumba Bancário 2009 será bom demais! Anarriê minha gente, que esse dia será de muita alegria!

Fonte: Bancários PA/AP

08 junho 2009

Greve na Caixa!

TST encaminha para julgamento o dissídio de greve dos profissionais da Caixa
Em audiência ocorrida nesta sexta-feira, dia 5, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho João Oreste Dalazen decidiu encerrar a instrução do dissídio coletivo ajuizado pela Caixa Econômica Federal por conta da greve dos empregados da carreira profissional do banco e encaminhá-lo a julgamento pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC). A relatora sorteada é a ministra Kátia Arruda.

Os advogados, arquitetos engenheiros e demais empregados enquadrados no RH060 estão paralisados desde o dia 28 de abril. Os trabalhadores reivindicam a correção da tabela do Plano de Cargos e Salários (PCS) da carreira profissional.

Por sugestão do ministro uma nova negociação entre as partes acontecerá na próxima quarta-feira, dia 10, paralelamente ao julgamento. "A Contraf-CUT lamenta que a Caixa tenha buscado a via judicial para a resolução do conflito. De nossa parte, buscamos insistentemente uma solução na mesa de negociação, que é como entendemos ser a melhor forma de superar estes impasses. Mas a atitude intransigente da empresa impediu", afirma Jair Ferreira, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT