23 março 2008

O desespero da oposição pautada!

Será que a estratégia de obstruir as votações de Medidas Provisórias no Plenário e paralisar as reuniões de comissões temáticas é apenas uma reação à MP que criou a nova TV pública do país ou inconformismo tem motivações inconfessáveis? O desespero que leva parlamentares de oposição a renunciarem ao exercício legislativo que lhes foi delegado pelo voto popular deve ser visto como algo pontual, motivado pelo requerimento do líder do governo, senador Romero Jucá (RR ), pedindo o fim de manobras protelatórias em votações de interesses relevantes, ou aponta para algo mais profundo?
O crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB), provocado pelo aumento do consumo interno e de investimentos não terá acendido o sinal vermelho nos gabinetes de lideranças demotucanas e nas grandes oficinas de consenso? O que temos não são apenas números favoráveis à política econômica do governo Lula, mas uma inédita mudança de eixo da economia brasileira. Mercado interno aquecido, investimento crescente em bens de capital e inflação controlada significam que, pela primeira vez na história, o país logrou encontrar o caminho do crescimento sustentável. Ruíram como castelos de areia o mito do PIB potencial e os sofismas da cartilha neoliberal. Aqueles que pregavam uma “inadiável” reforma da Previdência e a supressão imediata de direitos trabalhistas como requisitos para o desenvolvimento.
A uma oposição sem bandeira para as eleições de 2010, só resta atribuir ao governo o que tem sido sua prática desde a derrota de 2002: violentar a nação e o regime democrático.
Por tudo isso são emblemáticas as palavras do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgilio: “Se der para aprovar, deu, se não deu, dane-se?” Nada mais ilustrativo de como se comporta um dos cardeais do tucanato quando defrontado com o vazio de sua própria existência política.É um desses momentos raros, que põe a nu a farsa de republicanismos de fachada. É didático ao expor, sem meias palavras. o que o jornalismo de campanha tenta ocultar.
O que lemos sobre o Congresso limita-se ao que acontece no Plenário ou a informações de cocheira de lideranças conhecidas. As redações ignoram as comissões temáticas e os projetos apresentados por parlamentares menos cotados na bolsa de apostas dos jornalões. Não seria a hora de o jornalismo repensar a sua própria prática perpassada pela lei do menor esforço e dos falsos dualismos? Ou isso implicaria ingratidão com quem lhes deu projeção e colunas cativas?
Nos últimos anos, lemos vários editoriais “indignados” com o que chamavam de emergência do fisiologismo. Conhecidos profissionais passam a discorrer sobre o retrocesso que isso significava. Mais uma vez, prestavam favores a fontes caras . Distorceram a realidade e se tornam reféns de suas próprias idealizações. Se quisessem um jornalismo-cidadão, seria preciso acertar as contas com a própria história. O exílio no reducionismo e nas taxonomias de ocasião nada acrescenta à formação de um espaço público ideal.
É preciso deixar claro que na vida político-partidária do campo conservador, a emergência, sob aplausos dos notáveis, de um Severino Cavalcanti, não foi a exceção, mas a confirmação perversa da regra.
Expressão acabada de um fazer político que ignora a distinção entre público e privado, corporificação em estado bruto do patrimonialismo que, desde sempre, posterga uma República proclamada por insatisfação oligárquica, o deputado do PP foi o filho sem lustro do conluio entre o latifúndio e os bacharéis. Sua maldição explica o nosso ordenamento jurídico-político como nenhuma Teoria da Dependência conseguiu. Ao adotar a sabotagem como ação política, em que Virgilio lhe é superior? Que tipo de avanço representa?
Quando a imprensa transformou o ex-deputado pernambucano em ícone de uma direita atrasada que se abrigaria no baixo-clero, o discurso jornalístico correu o risco de se enredar numa trama perigosa, por suscitar duas questões significativas: o que caracterizaria a direita moderna? E quais seriam seus representantes, os condestáveis senhores do alto-clero? Aos órfãos do tucanato, cabe perguntar se estavam falando daqueles que, em oito anos, atualizaram o mandonismo, se refestelaram no cartorialismo e não hesitaram em usar todos os expedientes fisiológicos para assegurar mais um mandato presidencial.
A "modernidade" desejada é aquela que produziu endividamento recorde do setor público, financeirizou a economia e, como em nenhum momento da história recente, precarizou as relações de trabalho? Tudo sob os aplausos da banca e as bênçãos do pensamento único que tomou conta das editorias de economia.
Estranho que os defensores do mercado como oráculo não tenham registrado o saldo final. Como destacou Emir Sader (Vingança da História, Boitempo Editorial), "em 2003 e 2004, o Brasil precisaria de US$ 1 bi por semana para financiar as amortizações da dívida externa de US$ 30 bi e o déficit em conta-corrente, de US$ 20 bi. Pode-se calcular as dificuldades se considerarmos que nos últimos anos o Brasil contou com o ingresso de US$ 20 bi, em média". São números que, pela magnitude, não deviam ser olvidados por quem pretendia fingir que fazia um jornalismo sério.
Ou será que o conservadorismo moderno é propriedade dos cardeais do DEM? O que diferenciava qualitativamente José Agripino Maia e Demóstenes Torres, entre outros, de Severino Cavalcanti? A maior capilaridade do clientelismo? A capacidade de loteamento eleitoral nos seus estados de origem? O poder coronelístico que mostra sua carranca a qualquer dissidência regional? Ou, como resultante de tudo isso, um esquema de troca de favores com a grande imprensa? A famosa fonte que pauta. A notinha plantada em troca de confidências exclusivas. O que seriam as distinções clericais senão uma criação das relações entre o campo político e jornalístico?
Se lermos atentamente a mídia impressa, veremos que da coluna social à política, pagando pedágio na economia, o jornalismo brasileiro, com raríssimas exceções, se pauta pelo relacionamento personalista, pelo horror à distância e pela aversão à impessoalidade democrática e igualitária.
É para ela que os reclamos de Virgílio se dirigem desesperadamente. Se der para distorcer a nova realidade, distorça. Se não der, nos danamos todos.

Gilson Caroni Filho, agência carta maior

19 março 2008

Sindicato não aceita proposta de ACT do Banco da Amazônia!



Em ofício enviado ao presidente do Banco da Amazônia, o Sindicato dos Bancários PA/AP exige a incorporação da parcela fixa de R$ 33 e o adiantamento de férias para reposição em dez meses. A assinatura do ACT agora depende da inclusão dessas cláusulas.
O Sindicato dos Bancários do PA/AP enviou ofício hoje (11/03) ao presidente do Banco da Amazônia, Abidias Júnior, onde afirma que está impossibilitado de assinar o Acordo Coletivo de Trabalho. A decisão é compartilhada pelos demais sindicatos filiados à Contraf-CUT.

Para o presidente do Sindicato, Alberto Cunha, a proposta apresentada pelo banco não respeita os interesses dos trabalhadores, pois não incorpora a parcela fixa de R$ 33,00 (trinta e três reais), extensiva a todos os funcionários, com o devido impacto na curva salarial do PCS, nem do adiantamento de férias para reposição em dez meses.

A assinatura do acordo agora depende da incorporação das referidas cláusulas, visto que faziam parte da proposta aprovada pelos trabalhadores do Banco em assembléia. A Contraf-CUT, na qualidade de coordenadora da Comissão de Empregados do Banco da Amazônia, já foi informada da deliberação.

Na oportunidade, o Sindicato também informou que aguarda a avaliação por parte do departamento jurídico dessa empresa a respeito da Cláusula 22a. - Adiantamento de Férias, para melhor juízo das entidades representativas dos empregados.

Fonte: Seeb PA/AP