28 outubro 2021

A fome e o deboche dos super-ricos!

 As cenas de famílias buscando alimentos nos caminhões de lixo ou disputando carcaças e ossos dão o tom da dramática crise social que o país se afunda cada vez mais.

A fome, a insegurança alimentar e a pobreza, porém, não se limitam às imagens de barbárie que vemos na televisão ou nas redes sociais. É cada vez uma realidade dentro de nossas próprias casas. São famílias de trabalhadores, operários, que perderam seus empregos, ou que viram seus bicos desaparecer no último período, e sofrem com uma inflação galopante, sobretudo dos alimentos. Morar, trabalhar ou simplesmente comer fica cada vez mais difícil.

Enquanto fechávamos esta edição, a gasolina aumentava mais uma vez, e a resposta do governo era a privatização da Petrobrás. Sendo que é exatamente pelo fato de a empresa de capital misto atuar como uma empresa privada, impondo aqui o preço do combustível em dólar para encher os bolsos dos acionistas estrangeiros, que pagamos cada vez mais caro.

es. Assim como o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, cujo áudio vazado de uma reunião com investidores, entre risadas e piadas, explicava que não se preocupava com o auxílio recém-divulgado pelo governo, e se jactava de mandar em Arthur Lira, no Banco Central e até no Supremo Tribunal Federal (STF).

O banqueiro está certo em não se preocupar com o “furo” do teto dos gastos. Amigo de Guedes, sabe que esse governo tem como prioridade absoluta os interesses de sua classe. Sabe que, por exemplo, o aumento dos juros significará alguns bilhões a mais para os banqueiros que detêm os títulos da dívida, enquanto os servidores e os serviços públicos sofrem com ataques e o desmonte. E que, diante da decadência generalizada do país, seus lucros permanecerão sendo sustentados pelo desemprego e a pobreza de milhões.

Ao contrário da parte mais pobre da população que é jogada na miséria absoluta. O fim do auxílio-emergencial vai deixar 18 milhões de famílias ao leu. Já o novo auxílio, que passa de R$ 191 para R$ 400, e de 14 para 17 milhões de beneficiários, não vai conter o avanço da pobreza e da fome. Primeiro, porque, além de o valor não comprar uma cesta básica, atinge só um quarto dos 67 milhões que recebiam o auxílio-emergencial de R$ 600. E tem data marcada para terminar: até as eleições de 2022.

Como se isso não bastasse, a inflação vai comer esse aumento logo mais. Desde que foi criado, o Bolsa Família foi reajustado em 156%. Já a cesta básica sofreu com um aumento médio de 243%. E caminhamos para ter a maior inflação dos últimos 30 anos.

Além de insuficiente e eleitoreiro, o programa indica como fonte de receita o calote nos precatórios e a revisão do teto dos gastos. Os precatórios são, em sua maioria, dívidas previdenciárias e trabalhistas que já demoram anos para serem pagas. Para se ter uma ideia, dos R$ 56,4 bilhões de precatórios que o governo deveria pagar em 2021, R$ 35,5 bilhões são dívidas com aposentadorias, servidores e BPC (Benefício de Prestação Continuada). É tirar com uma mão dos pobres para dar uma migalha disso aos mais pobres ainda.

Enfrentar os super-ricos para acabar com a fome, o desemprego e a carestia

O “Auxílio-Brasil” não vai resolver o problema da fome e da carestia. É preciso retomar o auxílio-emergencial a todos que perderam suas fontes de renda na pandemia, no valor de 1 salário mínimo. Mas para resolver mesmo o problema da fome é necessário garantir emprego a todos. A única forma de fazer é reduzindo a jornada de trabalho, sem reduzir os salários. Só diminuindo 2h por dia, seria possível acabar com o desemprego. É preciso garantir o aumento geral dos salários para combater o arrocho.

Um plano de obras públicas, por sua vez, poderia não só absorver grande parte dos trabalhadores que hoje estão sem emprego, como também resolver problemas como o saneamento básico, o déficit de moradias, etc. Isso poderia ser financiado atacando os lucros dos bilionários e dos super-ricos, parando de pagar a dívida, proibindo a remessa de lucros e através de um imposto progressivo, desonerando os pobres e a classe média para taxar as fortunas e os dividendos dos bilionários.

É necessário retomar as mobilizações, e massificá-las rumo a uma Greve Geral. Para por Bolsonaro e sua corja para fora, e por um programa dos trabalhadores que garanta o fim da fome, do desemprego, da carestia, realizando uma reforma agrária radical. Que reverta as reformas trabalhista e da Previdência, e que defenda os servidores e os serviços públicos, o meio ambiente, os indígenas contra o genocídio, e os direitos dos negros, mulheres e LGBTI’s.

É inaceitável que, num dos países mais ricos, tenhamos fome, desemprego e carestia. Precisamos de uma revolução social. Um governo socialista dos trabalhadores, para que não haja fome e pobreza para sustentar 0,1% dos bilionários que vivem da exploração dos trabalhadores e da rapina do país.