24 outubro 2007

Esquerda ou esquerdista!!

Frei Betto *
Ser de esquerda é, desde que essa classificação surgiu na Revolução Francesa, optar pelos pobres, indignar-se frente à exclusão social, inconformar-se com toda forma de injustiça ou, como dizia Bobbio, considerar aberração a desigualdade social.
Ser de direita é tolerar injustiças, considerar os imperativos do mercado acima dos direitos humanos, encarar a pobreza como nódoa incurável, julgar que existem pessoas e povos intrinsecamente superiores a outros.
Ser esquerdista - patologia diagnosticada por Lênin como "doença infantil do comunismo" - é ficar contra o poder burguês até fazer parte dele. O esquerdista é um fundamentalista em causa própria. Encarna todos os esquemas religiosos próprios dos fundamentalistas da fé. Enche a boca de dogmas e venera um líder. Se o líder espirra, ele aplaude; se chora, ele entristece; se muda de opinião, ele rapidinho analisa a conjuntura para tentar demonstrar que na atual correlação de forças...
O esquerdista adora as categorias acadêmicas da esquerda, mas iguala-se ao general Figueiredo num ponto: não suporta cheiro de povo. Para ele, povo é aquele substantivo abstrato que só lhe parece concreto na hora de cabalar votos. Então o esquerdista se acerca dos pobres, não preocupado com a situação deles, e sim com um único intuito: angariar votos para si e/ou sua corriola. Passadas as eleições, adeus trouxas, e até o próximo pleito!
Como o esquerdista não tem princípios, apenas interesses, nada mais fácil do que endireitá-lo. Dê-lhe um bom emprego. Não pode ser trabalho, isso que obriga o comum dos mortais a ganhar o pão com sangue, suor e lágrimas. Tem que ser um desses empregos que pagam bom salário e concedem mais direitos que exige deveres. Sobretudo se for no poder público. Pode ser também na iniciativa privada. O importante é que o esquerdista se sinta aquinhoado com um significativo aumento de sua renda pessoal.
Isso acontece quando ele é eleito ou nomeado para uma função pública ou assume cargo de chefia numa empresa particular. Imediatamente abaixa a guarda. Nem faz autocrítica. Simplesmente o cheiro do dinheiro, combinado com a função de poder, produz a imbatível alquimia capaz de virar a cabeça do mais retórico dos revolucionários.
Bom salário, função de chefia, mordomias, eis os ingredientes para inebriar o esquerdista em seu itinerário rumo à direita envergonhada - a que age como tal mas não se assume. Logo, o esquerdista muda de amizades e caprichos. Troca a cachaça pelo vinho importado, a cerveja pelo uísque escocês, o apartamento pelo condomínio fechado, as rodas de bar pelas recepções e festas suntuosas.
Se um companheiro dos velhos tempos o procura, ele despista, desconversa, delega o caso à secretária, e à boca pequena se queixa do "chato". Agora todos os seus passos são movidos, com precisão cirúrgica, rumo à escalada do poder. Adora conviver com gente importante, empresários, ricaços, latifundiários. Delicia-se com seus agrados e presentes. Sua maior desgraça seria voltar ao que era, desprovido de afagos e salamaleques, cidadão comum em luta pela sobrevivência.
Adeus ideais, utopias, sonhos! Viva o pragmatismo, a política de resultados, a cooptação, as maracutaias operadas com esperteza (embora ocorram acidentes de percurso. Neste caso, o esquerdista conta com o pronto socorro de seus pares: o silêncio obsequioso, o faz de conta de que nada houve, hoje foi você, amanhã pode ser eu...).
Lembrei-me dessa caracterização porque, dias atrás, encontrei num evento um antigo companheiro de movimentos populares, cúmplice na luta contra a ditadura. Perguntou se eu ainda mexia com essa "gente da periferia". E pontificou: "Que burrice a sua largar o governo. Lá você poderia fazer muito mais por esse povo."
Tive vontade de rir diante daquele companheiro que, outrora, faria um Che Guevara sentir-se um pequeno-burguês, tamanho o seu aguerrido fervor revolucionário. Contive-me, para não ser indelicado com aquela figura ridícula, cabelos engomados, trajes finos, sapatos de calçar anjos. Apenas respondi: "Tornei-me reacionário, fiel aos meus antigos princípios. E prefiro correr o risco de errar com os pobres do que ter a pretensão de acertar sem eles."
[Autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros].

18 outubro 2007

Pré-acordo é assinado no Basa!

O acordo preliminar do Banco da Amazônia foi assinado nesta quinta-feira (18/10), às 16h, entre a direção do Banco, Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá, Fetec-CN e Contraf-CUT. No documento, consta o pagamento da primeira parcela da PLR no valor de R$ 800,00 num prazo máximo de dez dias úteis a partir da assinatura do acordo. Os 6% de reajuste salarial e demais benefícios serão computados na folha de pagamento de outubro. A diferença salarial do mês de setembro foi paga no último dia 12/10. Já a diferença do tíquete será paga agora em outubro.
O acordo preliminar também possibilita o pagamento da 13ª cesta-alimentação, no valor de R$ 252,36, até o dia 30 de novembro. “A assinatura do pré-acordo é um grande avanço, pois nos anos anteriores o Banco da Amazônia era sempre o último a oficializar as propostas que obtinham consenso nas negociações da Campanha”, ressalta Alberto Cunha, presidente do Sindicato dos Bancários PA/AP.

14 outubro 2007

A sombra do Che!

Flávio Aguiar

Causou reações a reacionária matéria de capa de Veja sobre Ernesto Guevara, por ocasião destes 40 anos de sua morte, assassinado por membros do Exército boliviano a serviço dos Estados Unidos. Mas é coisa de não causar surpresa.

Tentaram, na revista, levantar o que os psicanalistas jungueanos chamariam de “a sombra” de Ernesto Guevara. Sob a égide de “destruir” um mito, pretenderam levantar tudo o que de negativo se poderia sobre a vida de um homem humano, certamente mais humano do que estes arautos do que de mais servil existe no jornalismo brasileiro.

Não conseguem. É verdade que Ernesto Guevara se transformou no mito Che. Num mito, quanto mais se bate, mais ele cresce. Porque ao contrário do que essas vulgaridades pensam, um mito não é sinônimo de uma mentira. Um mito é uma história que explica porque estamos aqui e somos assim ou assado. Um mito remonta a enigmas que não conseguimos explicar. Então temos que narrar.

Abaixo, dou cinco razões pelas quais os arautos da direita brasileira não podem suportar o mito Che. Muito mais do que a direita propriamente, porque duvido que os poderosos de fato na direita estejam hoje muito preocupados com o mito Che Guevara. Até porque nenhum – repito, nenhum – governo de hoje na América Latina está à altura do mito.

1) Che em línguas pampeanas quer dizer “homem”. Em guarani quer também dizer “meu”. El Che significa “o homem”, “o ser humano”, em linguagens que, como rios subterrâneos, nos lembram das catástrofes históricas que nos trouxeram até hoje. O nome, El Che, é uma cicatriz da história, assim como o de Zumbi, ou o de Anita Garibaldi. Com a diferença de que ele cobre o continente e hoje o mundo com sua imagem. A mera presença desse nome como dos preferidos no mundo inteiro prova que as tragédias dos povos são inesquecíveis, por mais que as queiram mergulhar no esquecimento.O nome do Che é um ícone do anjo de Walter Benjamin, aquele que segue para diante na história, mas de costas, vendo-a como uma construção de ruínas.

2) O Che foi um guerrilheiro romântico. Nada mais estranho ao mundo desses arautos do que qualquer sombra de romantismo rebelde. Eles (os arautos) tiveram que eleger o servilismo como estilo, têm que beijar a mão que os afaga ou os chicoteia conforme o gosto (o deles e o da mão). Palavras como rebeldia, entono, ousadia, energia, paixão, e outras do mesmo estilo, são verbetes em branco nos seus dicionários. O Che – que como todo o ser humano tinha qualidades, defeitos e problemas, e que como todo o mito, é mais uma lâmina de contradições do que de certezas absolutas – era alegre, era um ser voltado para a vida, não párea a morte. Como podem os mortos vivos passar incólumes diante desse ser em contínua operação na história, eles que venderam a alma mas esperam poder deixar de entrega-la?

3) O Che era latino-americano. Nada mais detestável para esses arautos (e aí também para os poderosos da direita) do que a lembrança de que eles são latino-americanos. O ideal da sombra deles (a sombra é aquilo que a gente também é mas não gosta de lembrar de que é) é que o Brasil fosse uma imensa pista de aeroporto rumo ao norte, aos idolatrados shoppings centers onde se fala inglês como “língua natural” (como se isso existisse), porque é assim que eles vêm o mundo e a cultura do hemisfério norte. O fato do ícone cuja imagem é uma das mais procuradas no mundo ser a de alguém que morreu pelos povos desse continente amaldiçoado pelos poderes de todo o mundo traz pesadelos inconfessáveis para esses arautos. Pesadelos tão pesados que de manhã eles fingem nem se lembrar deles. Fingem tão fingidamente que até acreditam ser o sonhozinho de consumo em que fingidamente vivem, esses sinhozinhos das próprias palavras, a quem tratam como escravas.

4) O Che lutou pela libertação da África. E com os demais companheiros e companheiras do Exército cubano. Sem a participação de Cuba, é possível até que o regime do apartheid sulafricano pelo menos demorasse muito mais para cair. A vitória do Exército angolano, com Cuba, contra as forças sulafricanas, na batalha de Cuita Canevale foi fundamental para a queda do regime sulafricano. É verdade que as iniciativas do Che nas lutas no Congo não tiveram êxito. Não importa: como o Che é que se tornou o mito, ele carrega nas costas essa pesada carga de ser um dos ícones da solidariedade latino-americana com os povos do continente cujas costas lanhadas de sangue ajudaram a construir a nossa riqueza.

5) O Che era bonito. Aí é demais. Dispensa palavras.

Tudo isso vem aliado à terrível sensação, para esses arautos, de que o mito do Che, a lembrança do personagem vivo, sobreviverá a todos eles. E que se esse mito-anjo vê a história como a construção de ruínas, eles, os arautos, são as mais expressivas da ruína humana a que se reduz o servilismo eleito como estilo.

Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.

12 outubro 2007

Campanh Salarial 07!

6% na conta dos empregados amanhã, 12/10/07

O Sindicato informa passo-a-passo o que aconteceu, hoje, dia 11/10, na reunião de negoaciação com o Banco da Amazônia

Após a greve e depois de negociar um bom acordo, garantindo em mesa de negociação a adesão à Convenção Coletiva, incorporação da parcela fixa de R$ 33,00 para todos os empregados, no PCS, além da integralização de vencimentos sem discriminação, entre outros avanços, o Banco da Amazônia perdeu a chance de fazer uma tacada de mestre.

Mesmo com a auto-estima dos empregados em crescimento por conta dos avanços conquistados nesta Campanha Salarial e com a aproximação do Círio de Nazaré, faltou sensibilidade da diretoria em antecipar a PLR, na reunião que aconteceu hoje, onde o Banco da Amazônia disse que não vai adiantar o pagamento aos seus empregados em função de tranmites legais não obedecidos.

O Banco deixou para afirmar só hoje à tarde na reunião o não pagamento, que a antecipação da PLR só poderá ser feita depois da assinatura do pré-acordo, que deverá acontecer na próxima segunda ou terça-feira, dependendo da agenda do presidente Abidias Júnior, que se encontra fora do Brasil. Poderia ter dado essa informação no dia 4 de outubro, data do fechamento do acordo e aprovação na assembléia geral dos empregados.

Após pressão feita pela sindicato, o Banco informou que o único valor possível de adiantamento é 6% da remuneração mensal a todos os empregados. O pagamento, segundo o Banco, ainda será feito hoje. O sindicato entende que não foi a melhor solução, o bom seria antecipar a PLR, mas pelo menos ajuda nas despesas do Círio.

RESUMO DA NEGOCIAÇÃO

1. A assinatura do pré-acordo deverá acontecer na próxima semana (provavelmente, na segunda ou terça-feira, dependendo da agenda do Banco). Somente após a assinatura é que serão encaminhados os procedimentos para antecipação de PLR, de R$800,00, que deverá acontecer em 10 dias após a assinatura de pré-acordo;

2. A 13ª cesta-alimentação deverá ser paga até o dia 30 de novembro, podendo ser paga antes, mas sem data ainda definida;

3. O Banco ratificou a assinatura da Convenção Coletiva, além do Aditivo do Acordo Específico, garantido aos empregados reajuste de 6% sobre todas as verbas salariais, incluindo tíquete e cesta alimentação; devolução do adiantamento de férias em 10 vezes; redução do desconto de Vale-transporte de 6% para 4%, para os usuários; incorporação da parcela fixa de R$ 33,00 para todos os empregados, no PCS,ou seja, este valor será somado após o reajuste de 6% + R$33,00, na 1ª letra até a última, o que dá um reajuste de 11,28%(6% + 5,28%), integralização de vencimentos para todos sem discriminação, e abono dos dias parados sem compensação e nem descontados(todos com pagamento na folha de outubro, retroativo a setembro);

4. O Banco antecipará o valor de 6% de uma remuneração mensal a todos os seus empregados que deverão estar na conta amanhã, dia 12/10/07.

um abraço.

Marlon Palheta

Vice-pres. do sindicato dos bancárioa

91-88067124

07 outubro 2007

GREVE acaba no Banco da Amazônia!

O s empregados do Banco da Amazônia, em
assembléia específica realizada quinta-feira, decidiram
suspender o movimento grevista aceitando a proposta
colocada na mesa pela direção do Banco.
Para o vice-presidente do Sindicato a “categoria acatou as propostas porque entendeu
que houve avanços significativos e melhorias para todos. É uma vitória da luta e da
mobilização. Todos estão de parabéns”, finalizou Marlon George.
Acompanhe A PROPOSTA:
- O Banco assina a convenção coletiva da categoria, como signatário, além do aditivo
de Acordo específico, ou seja, cumpre a mesa da FENABAN com relação às cláusulas
econônicas;
- Reajuste de 6% sobre todas as verbas salarias, incluindo tícket e cesta alimentação;
- Devolução do adiantamento de férias em 10 vezes;
- 13ª Cesta-alimentação no mesmo valor da que é paga mensalmente;
- Adiantamento da PLR linear de R$ 800,00, a ser paga na próxima semana;
- Retirada do entrave que limita a distribuição da PLR em 5 % do lucro líquido;
- Elevação do percentual de distribuição da PLR para 6,25% do lucro líquido, ou seja,
quebra do paradigma de pagamento apenas de uma remuneração bruta por empregado;
- Redução do desconto de Vale-transporte de 6% para 4%, para os usuários;
- Incorporação da parcela fixa de R$ 33,00 para todos os empregados, no PCS, incluindo
seus ajustes na tabela;
- Integralização de vencimentos para todos sem discriminação, em função do afastamento
de licença para tratamento de saúde;
- Não descontar e nem compensar os dias parados;
- Continuidade de discussão dos demais pontos específicos em mesa permanente.
Marlon George
Vice-pres. do sindicato
88067124

01 outubro 2007

Campanha Salarial 2007!

Fenaban avança na proposta Reajuste de 6% sobre salários e benefícios (o que siginica aumento real para inflação de 4,82%), incorporação da 13ª. Cesta-alimentação na Convenção Coletiva e melhora na PLR são alguns dos pontos.
Na negociação extraordinária que aconteceu nesta segunda-feira a pedido dos bancos, os representantes da Fenaban apresentaram nova proposta econômica. Entre os principais pontos estão reajuste de salários e benefícios com aumento real (6% contra inflação de 4,82% no período), pagamento da 13ª. Cesta-Alimentação no valor de R$ 252,36, incorporada a partir de agora na Convenção Coletiva Nacional, e melhora na Participação nos Lucros e Resultados.No caso da PLR, a regra básica seria de 80% dos salários mais R$ 878, com parcela adicional de 8% da variação do lucro líquido do banco entre 2006 e 2007. Para os bancos em que o lucro aumentou mais de 15%, ficaria garantido o mínimo de R$ 1.200 e o máximo de R$ 1.800.Em caso de aprovação nas assembléias, o pagamento da primeira parcela da PLR aconteceria em 10 dias da assinatura. As diferenças salariais e sobre os benefícios seriam pagas na folha de novembro. O Comando Nacional está avaliando a proposta e deve soltar em breve sua recomendação.
Fonte: Contraf-CUT
Marlon George
Vice-pres. do sindicato