A assembleia geral dos ténicos-administrativos
das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), realizada na manhã desta terça-feira acatou, por ampla maioria, a proposta do governo e decidiu pela saída unificada da greve, que durou 74 dias. Os trabalhadores reiniciam suas atividades a partir da segunda-feira, 27 de agosto. Apesar das limitações, a proposta é fruto da opção política do governo em privilegiar recursos do orçamento para o pagamento de juros da dívida pública, atendendo a banqueiros e a megaempresários que financiaram a campanha de Dilma Rousseff.
Entendemos que a proposta, de 15,8% parcelados em três anos, não atende aos anseios da categoria e não cobre plenamente todas as perdas salariais dos trabalhadores. Na verdade não temos o que comemorar em relação à proposta porque sabemos que o Governo poderia conceder mais, se valorizasse a educação do povo.
Entretanto conquistamos o direito ao percentual de incentivo à qualificação até o doutorado, para todas as classes. Além de agora podermos acumular cursos de carga horária mínima de 20 horas que, somados, poderão atingir a carga horária para progressão entre os níveis de capacitação.
Há seis anos que não havia avanço no ponto do step e este ano conseguimos avançar dois pontos, em três anos. Após a implementação do Plano de Carreiras e Cargos dos Técnicos-Administrativos da Educação (PCCTAE), historicamente nunca conseguimos um acordo para nossa categoria que contemple efetivamente todas as classes. Quem acompanhou a história da implementação do PCCTAE consegue compreender que o aumento do step e a valorização por aperfeiçoamento e cursos de capacitação tem significado importante para a categoria, representando, de alguma forma, uma vitória, e a convicção de que saímos fortalecidos da greve.
Derrota do Governo Dilma - A greve 2012 dos técnicos-administrativos impôs uma derrota política ao governo Dilma. Derrotamos a MP 568 preservando os percentuais de insalubridade e periculosidade vigentes. Construímos ações unificadas com os docentes, estudantes e trabalhadores de outras categorias do funcionalismo público. Radicalizamos quando necessário, fechamos a rodovia BR-316, bloqueamos reitorias, institutos e portões de acesso, paralisamos setores do hospital universitário Barros Barreto, e bloqueamos por um dia a entrada do MPOG, em Brasília, o que representa um marco no movimento dos trabalhadores.
A greve foi deflagrada com o governo dizendo que não negociava com grevistas. Em seguida, vieram ameaças de substituição de servidores federais por estaduais e municipais e o corte do ponto, com o objetivo de enfraquecer o movimento. Contudo, a força da nossa greve e das ações radicalizadas nas bases, que também conseguiram reunir parlamentares, 37 deputados e deputadas, de duas importantes comissões do congresso nacional, Educação e Trabalho, para pressionar o governo, em defesa dos técnicos administrativos da IFES, impôs ao governo a abertura de negociação. O Governo se viu obrigado a recuar, receber os trabalhadores e oferecer uma contraproposta, que está longe de nossas necessidades e não repõe o que perdemos com a velocidade dos índices inflacionários.
Os trabalhadores chegaram ao limite da greve, optando por melhor aceitar a proposta do Governo com pouca certeza, do que muitas dúvidas, caso rejeitassem o que o Governo ofereceu. Acatar a proposta do Governo, no entanto, não nos imobiliza. A luta continua pelas reivindicações que o Governo Dilma ficou devendo aos trabalhadores, como o reajuste do auxílio-alimentação, racionalização dos cargos e reposição dos aposentados.
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