Dirigente seringueiro Osmarino Amâncio |
E desde há muito tempo que esta luta não tem como ser completa sem um combate incansável contra o capitalismo – este sistema injusto e desigual em que vivemos – e pela construção de uma sociedade igualitária, socialista. Uma sociedade onde a riqueza produzida pelo trabalho do povo seja usada para garantir vida digna a todos, ao invés de servir apenas para enriquecer banqueiros, os donos das madeireiras, do agronegócio e grandes empresas. Onde nossos recursos naturais sejam protegidos e não entregues às grandes empresas.
Por esta razão me liguei ao PSOL, um partido que se dizia socialista, instrumento para organizar os trabalhadores para lutar por esta sociedade igualitária que defendo. Infelizmente, não é possível mais acreditar que este partido se preste realmente a este objetivo.
Mas, há tempos venho acompanhando com desconfiança as tentativas de aproximação deste partido com a ex-senadora Marina Silva, que os povos da floresta conhecem muito bem. Não como a defensora da Amazônia como ela diz ser, e sim como o que ela realmente é – defensora dos interesses de grandes empresas que exploram recursos naturais de nossa região, responsável (quando era ministra do governo Lula) pela Lei que arrenda a mata amazônica para grandes madeireiras, e pela liberação dos transgênicos. A preocupação cresceu com notícias de que o partido vinha recebendo dinheiro de empresários para financiar sua campanha eleitoral. Não há independência política sem independência financeira.
Agora, neste processo eleitoral em curso, em vários lugares, o PSOL faz aliança com partidos da burguesia, como PPS (em Macapá), com o PSD (em Manaus), alianças até com o PTB (em Santana/AP). Sem falar que, traindo a luta dos povos das florestas, tem andado de braços dados com a ex - senadora Marina Silva para que esta faça campanha em favor do PSOL.
Num partido que cabe estas coisas todas, não cabe alguém que mantenha seus compromissos, seja com a luta dos povos das florestas, seja com as lutas da classe trabalhadora brasileira. A nossa classe já viu um partido que ela construiu – o PT – que ao longo de sua vida, para crescer, para ganhar eleições, resolveu se aliar a empresários para governar. O resultado é que este partido virou as costas para o povo e hoje governa contra nós. Eu não quero participar da repetição desta triste experiência.
Saio do PSOL, então, para poder continuar de forma coerente a minha militância em defesa da independência dos trabalhadores, e da luta dos povos da floresta e de todo o povo brasileiro para a construção de uma sociedade socialista e igualitária. "
Brasileia, 11 de setembro de 2012-09-13
Osmarino Amancio
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