31 agosto 2007

Campanha salarial dos bancários

Campanha Nacional: Negociação dura o dia todo e continua nesta sexta, 31/08/07 Primeira rodada: trata de saúde e condições de trabalho, além de assédio mora e igualdade de oportunidades. Próximos temas serão segurança e novas cláusulas, entre elas auxílio-educação(São Paulo) A primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e Fenaban prolongou-se por mais de 7 horas nesta quinta-feira, com os debates sobre os temas de saúde e condições de trabalho, assédio moral/violência organizacional e igualdade de oportunidade; devendo ser retomada amanhã às 9h para tratar das mesas temáticas de segurança e novas cláusulas. Essas negociações prolongadas fazem parte da estratégia do Comando de não se restringir a temas econômicos, discutindo à exaustão todos os aspectos que influenciam o dia-a-dia para conquistar melhores condições de trabalho. Veja a seguir o resultado das negociações desta quinta-feira:Assédio Moral/violência organizacionalEm relação à proposta de um programa de prevenção, a Fenaban aceita, mas quer direcioná-lo apenas para os gestores. A proposta do Comando Nacional é que seja direcionado para o conjunto dos bancários, independentemente da função. Devem constar em tal programa para os gestores a descrição das práticas que devem ser evitadas. Para o trabalhador, deve ter caráter educativo para que saiba identificar as situações de assédio moral/violência organizacional. Os representantes dos banqueiros ficaram de dar resposta, mas há concordância entre as partes sobre o caráter preventivo do programa.Em relação à tipificação das situações de assédio: a Fenaban pediu para que fosse apresentada proposta. Para o Comando essa tipificação também tem caráter educativo, explicando quais práticas da gestão seriam aceitas e quais seriam vedadas, pois representam formas de violência contra os trabalhadores. Há possibilidade de avançar, mas ainda não há resposta conclusiva por parte do banco. Na negociação, as principais divergências foram sobre o acompanhamento dos processos de assédio. Para o Comando, os sindicatos devem ter acompanhamento de todas as etapas desde a denúncia até a decisão final. A Fenaban não concorda e diz que isso é um assunto interno de cada banco.Comando defende que o tema esteja na Convenção Coletiva, enquanto a Fenaban quer que seja uma recomendação, mas que os bancos que quiserem apliquem o programa por adesão.Saúde: isonomia entre afastados e bancários da ativaEm relação à isonomia de tratamento entre afastados por doença e os da ativa e a criação de programa de reabilitação de trabalhadores com seqüelas por acidente do trabalho ou doença de origem ocupacional, os bancos querem vincular as duas discussões. O Comando Nacional não quer vincular, porque a reabilitação é obrigação dos bancos e as duas questões não têm nada a ver uma com a outra. A isonomia tem de ocorrer porque o trabalhador adoece no banco e é punido duplamente: com o comprometimento de sua saúde e com a perda de benefícios.Mesa de igualdade de oportunidadesProposta de alteração da cláusula 52 do ACT 2006/2007.Para o Comando, a cláusula tem de ser alterada por uma questão de concepção, dando ao tema um caráter de mais seriedade. A Fenaban ficou de responder.Extensão dos benefícios (saúde, previdência etc.) aos parceiros do mesmo sexo. A Fenaban não avançou nessa proposta, mesmo com a ressalva feita pelo comando de que boa parte dos bancos já pratica essa política, entre eles BB, Caixa, Itaú e ABN Real. Promoção de igualdade de oportunidadeFoi acordada entre as partes a criação de grupo de acompanhamento e aperfeiçoamento da aplicação do Mapa da Diversidade .Contratação de trabalhadores com deficiênciaA Fenaban alegou a falta de pessoal qualificado no mercado de trabalho. Para o Comando Nacional, está havendo a contratação, porém a maior preocupação não é a quantidade e sim a qualidade da contratação, propiciando boas condições de ambiente de trabalho e respeito às limitações que a deficiência impõe, garantindo a estrutura física adaptada.

Cláusulas que serão discutidas nesta sexta-feira
Segurança nos estabelecimentos bancáriosOs bancos deverão tomar todas as providências cabíveis para dotar suas instalações de condições de segurança contra roubos, seqüestros e agressões, tendo como objetivo a defesa dos trabalhadores dos estabelecimentos bancários, bem como dos usuários de seus serviços, garantindo, ainda, a incolumidade física e psicológica dos mesmos.Cláusulas novasAbrangência e extensãoOs termos desta convenção coletiva de trabalho devem ser aplicados a todos os trabalhadores empregados diretamente pelos bancos; aos trabalhadores empregados por outras empresas que prestam serviços permanentes aos bancos nas áreas consideradas como atividade bancária; aos trabalhadores de empresas que desenvolvam produtos financeiros ou similares oferecidos pelos bancos; aos trabalhadores empregados de empresas que atuam na área de crédito ou similares, bem como administração ou gestão de ativos/riscos.13ª cesta-alimentaçãoOs bancos concederão aos seus empregados, até o último dia útil do mês de novembro de 2007, décima terceira cesta alimentação no valor de R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais), através de crédito em cartão eletrônico ou sob a forma de tíquetes.Auxílio educacional As empresas abrangidas por esta convenção ficam obrigadas a pagar Auxilio Educacional a todos os seus funcionários que ingressarem ou que já estejam cursando o nível superior de ensino.Isenção de tarifasOs bancos isentarão os trabalhadores abrangidos por esta convenção do pagamento de quaisquer tarifas bancárias.Fundo de previdência complementarOs bancos abrangidos por esta Convenção se comprometem a instituir e patrocinar no prazo de 180 (cento e oitenta) dias Fundo de Previdência Complementar fechado para todos os seus empregados, com objetivo de garantir a complementação de aposentadoria.Delegado sindicalEm cada unidade, os empregados, conjuntamente com o sindicato profissional respectivo, poderão eleger delegados sindicais.Fonte: Contraf-CUT
Marlon George
Vice-presidente do sindicato
91-88067124

24 agosto 2007

Campanha Nacional: reuniões agendadas

Houve ontem a primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban. Nesta rodada foi estabelecido o calendário e o novo formato das próximas reuniões. No dia 30/08 serão discutidas questões relativas às mesas temáticas (Saúde, Igualdade de Oportunidades, Assédio Moral, Segurança) e as Cláusulas novas na Convenção Coletiva Nacional.
A discussão dobre a Remuneração Total, foi agendada para o dia 05/09, pois foi definida na Conferência Nacional do Ramo Financeiro a necessidade de "contratar" toda a remuneração dos trabalhadores, não apenas as partes fixas, como salários.
Os pontos sobre emprego e reivindicações sociais, serão negociados no dia 13/09. Para a última rodada marcada (20/09) está reservada a discussão das cláusulas renováveis.
Na negociação também foi garantida a manutenção da data-base dos bancários em 1º de setembro, o que significa que tudo o que for acordado será retroativo a essa data caso as negociações se prolonguem. E prorrogadas as cláusulas da Convenção Coletiva até 30 de setembro.
A Contraf-CUT ainda pretende agendar audiências com as autoridades públicas do Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Fazenda; Ministério da Previdência Social; Ministério Público do Trabalho; Supremo Tribunal Federal; Polícia Federal (relacionada à segurança bancária); a realização de audiências públicas no Senado e na Câmara Federal e viabilização de canais de interlocução com a ANAMATRA.
O objetivo das audiências, entre outros, é tratar de assuntos relacionados ao impacto da venda do ABN-Real na concentração do setor bancário brasileiro; às especulações quanto à fusão BB e Caixa Federal; a fiscalização precária dos bancos por parte do BACEN; o controle social do sistema financeiro com a ampliação do Conselho Monetário Nacional; a expansão do crédito agrícola para pequenos produtores e a agricultura familiar; a universalização do atendimento bancário com mais contratações; e debater a relação do governo com o sistema financeiro.
Mobilização - Na reunião do Comando Nacional, que antecedeu a negociação com a Fenaban, foi aprovado calendário da jornada de lutas com a definição de temas que devem ser debatidos em todas as bases sindicais nas próximas semanas, culminando com atividades em Brasília na semana de 24 a 28 de setembro e que pretendem envolver todos os trabalhadores do sistema financeiro e também a sociedade em geral. Foi marcada ainda, para o dia 25 de setembro, uma plenária para discussão da Campanha Nacional, com a participação de todos os sindicatos do país em Brasília.
Fonte: Seeb PA/AP

23 agosto 2007

Entrega da pauta ao Banco da Amazônia inaugura campanha no Pará

A Campanha Nacional Articulada 2007 foi inaugurada em Belém na manhã de hoje (23/08) com um ato em frente ao Banco da Amazônia. A manifestação serviu para divulgar a pauta nacional da categoria e também as reivindicações específicas dos funcionários do banco. Segundo a diretora do Sindicato dos Bancários PA/AP, Maria Gaia, o ato faz parte da campanha nacional unificada e articulada dos bancários. "Essa campanha é unificada porque estamos reivindicando a nossa pauta nacional, como a PLR, o piso salarial de R$ 1.628,24 definido pelo Dieese, o índice de reajuste salarial de 10,3% e articulada porque também defendemos pautas específicas dos funcionários de cada banco, como a implementação do novo PCCS, a isenção de taxas e tarifas para os empregados e o pagamento de salário profissional aos Técnicos Científicos (TC's) no caso do Banco da Amazônia", explica.
Marlon George, vice-presidente do sindicato, parabenizou a participação dos funcionários do Banco da Amazônia no ato que inaugurou a campanha nacional dos bancários e disse que a unidade da categoria fortalece a luta pelo Banco da Amazônia como banco público e em favor do desenvolvimento e geração de emprego e renda para o povo da Amazônia.Técnicos Científicos do Banco da Amazônia participaram do ato mobilizados pela campanha "Não pise no meu piso", a qual reivindica o cumprimento da Lei Federal 4.950-A/66 que determina que os profissionais diplomados em engenharia, química, arquitetura, agronomia, e veterinária tenham piso de 6 salários mínimos se a jornada de trabalho for de 6 horas e de 9 salários mínimos caso a jornada seja de 8 horas.Entrega da pauta Após o ato foi entregue à diretoria do banco a pauta de reivindicações específicas do Banco da Amazônia. Alberto Cunha (Betinho), presidente do Sindicato dos Bancários PA/AP, solicitou que a diretoria do banco seguisse o acordo assinado pela Fenaban, garantindo as conquistas da pauta nacional, e também que se mantenha a vigência do atual acordo coletivo até a assinatura de novo acordo.Sônia Rocha, presidenta da FETEC-CN e representante da CONTRAF durante o ato, cobrou brevidade da diretoria quanto a tomada de decisão sobre o seguimento do acordo assinado pela Fenaban. A direção do Banco da Amazônia declarou que haverá empenho da sua parte em solucionar antigos problemas como a questão da CAPAF e PCCS. Nos próximos dias 28 e 29 de agosto haverá reunião do conselho administrativo do Banco da Amazônia para definir se o banco adere ou não ao acordo da Fenaban.

Campanha Salarial 2007/2008

Começam nesta quinta-feira, dia 23, as negociações da Campanha Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro. A reunião dos bancários com a Fenaban está marcada para as 15h. Antes, o Comando Nacional reúne-se na sede da Contraf-CUT, às 10h30."A minuta de reivindicações dos bancários foi entregue aos bancos no último dia 10. Já passaram-se duas semanas, tempo suficiente para a Fenaban estudar nossas propostas e comparecer com seriedades nas negociações. Queremos avanços concretos e para isso vamos lutar muito", afirma Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.Um dia antes das negociações, a diretoria Executiva da Contraf aprovou um calendário de mobilizações. Com semanas temáticas e jornada de luta, as atividades vão culminar numa série de reuniões com autoridades em Brasília, como forma de pressionar os patrões e mostrar para a sociedade a ganância dos bancos.
Entre as principais reivindicações econômicas desta Campanha Nacional estão:
- reajuste de 10,3%, que prevê aumento real de salários de 5,5%.
- Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de dois salários, mais uma parcela fixa de R$ 3.500, distribuída de forma linear para todos.
- Piso salarial para todos os bancários de R$ 1.628,24 (salário mínimo definido pelo Dieese para que o trabalhador tenha atendidas suas necessidades básicas), além de Plano de Cargos e Salários em todos os bancos.
- Remuneração complementar de 10% do total das vendas de produtos feitas em cada unidade, distribuído de forma linear para todos os empregados da unidade, creditados mensalmente como verba salarial, incidindo sobre FGTS, 13º, férias e descontos previdenciários.
- Remuneração complementar também sobre a receita de prestação de serviços para todos os bancários. O benefício reivindicado é de 5% da arrecadação, distribuídos trimestralmente de forma linear a todos os bancários de cada instituição.
- Garantia de Emprego - Cumprimento da Convenção 158 da OITFim do assédio moral/organizacional. Fim das metas abusivas
- Isonomia de Direitos entre novos e antigos bem como com afastados e licenciados.
- Igualdade de Oportunidades.
- Defesa e fortalecimento dos bancos públicos e
- Redução dos juros e tarifas e ampliação do crédito produtivo.
Fonte: Contraf-CUT

05 agosto 2007

Eu cansei, tu cansaste... Quem não se cansou?

*Celso Lungaretti
De um lado, o "Cansei" da OAB. Do outro, o "Cansamos" da CUT. E os cidadãos brasileiros, que carregam o cansaço de décadas e séculos perdidos, onde ficam? Assistindo à briga de cachorro grande, sem se comprometerem. Desta vez, até que com razão. As vaias ao presidente Lula na abertura do Pan e a tragédia de Congonhas foram superdimensionadas pela direita golpista que viceja na Internet e pela direita engravatada da grande imprensa. Os panfletos virtuais circularam como nunca e atingiram o grau máximo de radicalização verbal, enquanto os posts nas comunidades de discussão política fervilhavam de indignação. E na mídia escrita (principalmente) o viés do noticiário e editoriais começou a evocar a informação distorcida e os "chega!", "basta!" e "fora!" que antecederam o golpe militar de 1964. No entanto, seria um erro igualar o eternamente conspirador Grupo Guararapes com, p. ex., O Estado de S. Paulo - embora um editorial infeliz do jornalão tenha causado calafrios em quem ainda se lembra do papel por ele desempenhado na última virada de mesa institucional. A direita radical que jamais engoliu a redemocratização do País e os neo-integralistas por ela formados apostam mesmo todas as fichas numa nova quartelada. As pregações golpistas daí advindas há muito ultrapassaram os limites da legalidade e deveriam ser coibidas, com a imputação penal de quem espalha por toda a Web exortações sediciosas do tipo "militares no poder já!". A grande imprensa, no entanto, mais reverbera a insatisfação da classe média e a amplifica. Ou seja, faz uma média com seu público-alvo e dá uma força para os principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM. O Lula estava certo ao dizer que são apenas os primeiros movimentos da campanha eleitoral de 2010, mas logo depois voltou à retórica oportunista sobre os endinheirados que não suportam ver um torneiro-mecânico no poder... Espertamente, os petistas estão procurando reaproximar-se dos cidadãos idealistas que lutaram a seu lado contra a ditadura e foram se distanciando à medida que o partido abandonava suas bandeiras históricas. Utilizam o mal maior - a ameaça de recaída autoritária - como espantalho para tangê-los de volta ao redil. Então, o posicionamento mais lúcido acaba sendo o de quantos estão apontando a guerra dos cansados como uma mera disputa de poder entre dois segmentos da elite que, no essencial, convergem: ambos mantêm a mesma fidelidade canina ao capitalismo globalizado, tanto que a política econômica de FHC vige até hoje. A diferença se dá apenas nos detalhes, como o de que um é mais inclemente e o outro prefere colher os dividendos eleitorais do assistencialismo. Quem não faz parte da elite nem é dela caudatário, tem todos os motivos para defender a democracia se e quando ela estiver realmente ameaçada, mas nenhum para servir de peão no tabuleiro político em que se defrontam os responsáveis pelo cansaço nacional.
*jornalista e escritor, ex-preso político e autor do livro "Náufrago da Utopia".