Seria engraçado se não fosse trágico. Na tarde desta quarta-feira, 3, Temer e o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, condenado e preso no escândalo do mensalão, anunciaram a nova ministra do Trabalho: a própria filha do ex-deputado presidiário. A atual deputada pelo Rio, Cristiane Brasil (também do PTB), deve substituir Ronaldo Nogueira, o ministro que apoiou a reforma trabalhista e que editou a portaria pondo fim à definição de trabalho escravo, tendo que recuar depois.
Foi um Roberto Jefferson emocionado e chorando que anunciou à imprensa, logo depois de se reunir com Temer: “É um resgate da imagem da família, depois do que aconteceu, mas já passou, fico satisfeito“. Um resgate do nome da família pelas mãos de Temer, ressalte-se.
A escolha de Cristiane se deu após um impasse, quando o ex-presidente José Sarney vetou o nome do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) ao cargo. Fernandes chegou a ser anunciado, mas foi logo “desnunciado” ministro, mostrando como esse governo é comandado por um séquito de corruptos que vai de Jefferson a Cunha, chegando até ao quase nonagenário Sarney.
Com o veto de Sarney, chegou a ser cogitado o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que ficou conhecido ao dizer que “se lixa” para a opinião pública, e Josué Bengston (PTB-PA), condenado no caso da máfia das ambulâncias. Mas quem acabou levando foi mesmo a filha de Roberto Jefferson, que deve se candidatar a deputado por São Paulo nas próximas eleições.
Cristiane votou a favor da PEC do teto dos gastos, da lei da terceirização irrestrita e da reforma trabalhista. Fora isso, “destacou-se” por propor a proibição de minissaia, bermuda, decotes e limitar o uso de jeans às mulheres nas dependências do Congresso Nacional.
E como se isso já fosse desgraça suficiente, sabe quem assume o lugar de Cristiane Brasil na Câmara? O suplente Nelson Nahin (PSD-RJ) irmão de ninguém menos que o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho. Assim como o irmão, Nahin esteve preso há pouco tempo, condenado a 12 anos por exploração sexual de menor. Ficou quatro meses em cana e saiu por um habeas corpus.
A própria Cristiane Brasil chegou a ser presa, mas por um crime menor: estava fazendo boca de urna a favor de Aécio Neves.
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