Em 25 de Março de 1922 em Niterói, há 90 anos, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro, por 9 camaradas, entre eles Astrojildo Pereira (futuro defensor do “etapismo” stalinista no Brasil, junto com Octavio Brandão, morto em 65) e João Costa Pimenta (depois formou junto com Mário Pedrosa a oposição de esquerda brasileira chamado Grupo Comunista Lenin -GCL, depois Liga Comunista Internacionalista -LCI), como seção brasileira da, então revolucionária, Internacional Comunista ou III Internacional fundada 3 anos antes em Moscou na forja da revolução bolchevique.
Nesses 90 anos, o Brasil se transformou de um país atrasado agrário, unicamente exportador de matérias-primas, para um país industrializado e hoje com interesses subimperialistas na América do Sul e na África lusófona; os comunistas viveram ditaduras e democracias, estatizações e privatizações, governos liberais e de frentes populares (PT/PMDB). Mas não vimos revolução comunista ou mesmo uma democrática reforma agrária.
O PCB foi por longo tempo reformista e orientado pelo stalinismo da III Internacional pós-Lenin, ou seja, pelo PCUS. Como todos os países atrasados da época, dos anos 20 aos anos 50, a orientação stalinista do Komintern e do PCUS para os comunistas do PCB foi a aliança com a burguesia nacional "progressista" para realizar primeiro a luta nacional anticolonial ou antiimperialista, para só depois pensar na “etapa socialista” da revolução. Essa política orientada pelo stalinismo e com origem na “teoria do socialismo num só país” de Stalin, foi a desgraça do movimento comunista no Brasil, introduzida pelo próprio PCB logo após o V Congresso da IC em 1924. Desde então, a esquerda no Brasil, inclusive os “trotskistas” pós-LCI, têm reproduzido as táticas e os erros advindos originalmente da concepção etapista da revolução no Brasil, e com isso iludindo a classe trabalhadora nas Frentes Populares, desde a era Vargas até Lula e Dilma.
O PCB, depois da luta contra a dissolução pelas mãos do bandido político Roberto Freire, aprovou desde o seu Congresso de 1995, reafirmadas no Congresso de 2009, resoluções importantes, como caracterização do Brasil como país industrializado e, logo, o caráter socialista da revolução no Brasil devido ao seu atual estágio de desenvolvimento capitalista monopolista, como também aprovou que a “teoria do socialismo num só país” e a política de coexistência pacífica de Stalin estavam equivocadas, com base nos acontecimentos históricos como o fim da URSS e a própria dissolução da IC em 1943 a mando de Stalin. Porém, para nós do Coletivo Lenin, o PCB, mesmo com avanços nas suas resoluções, conserva ainda problemas políticos e organizativos graves oriundos do seu passado stalinista, como a supressão de tendências políticas internas, a política sindical isolada com a Intersindical, ao mesmo tempo em que ainda se ilude com as “pequenas frentes populares” que são as alianças “anticapitalista”com o PSOL e PSTU, como foi em 2006 e a tentativa de 2010 com o PSOL, com o Secretário-Geral Ivan Pinheiro atropelando burocraticamente a base e o próprio Comitê Central.
Apesar desses problemas ainda há dentro do PCB camaradas que lutam pelo total rompimento deste com as velhas práticas e políticas burocráticas,e que acreditam na atualidade do Programa de Transição, na Teoria da Revolução Permanente e no análise do desenvolvimento desigual e combinado. Nós do CL acreditamos no potencial revolucionário dos companheiros que lá estão e que lutam por esse programa, e por isso, assim como pelo importante valor histórico do próprio PCB para o movimento comunista brasileiro, saudamos esses camaradas pelos 90 anos do PCB! E saudamos a todos os comunistas brasileiros, marxistas revolucionários de práxis e não de gabinetes, pelos nossos 90 anos! Com os militantes revolucionários dispersos no PCB e nas outra organizações de esquerda, esperamos construir o instrumento necessário para dirigir a revolução brasileira, o Partido Revolucionário dos Trabalhadores!
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