Os três maiores bancos privados brasileiros, Itaú, Bradesco e Santander, lucraram R$ 29,2 bilhões em 2011, e, somando estes resultados aos dos demais bancos privados, tanto estrangeiros como o HSBC, como nacionais como o Safra, estes números superam muito esta cifra. Para se ter um parâmetro de comparação, empresas de telefonia, como a TIM, Vivo ou Telefônica, lucraram cerca de R$ 1 bilhão cada uma. Nem as maiores metalúrgicas, nem as montadoras de automóveis, nem as megaconstrutoras; ninguém, nem ao menos as líderes dos demais setores, conseguem chegar próximo do lucro astronômico dos bancos brasileiros.
Recentemente, embora o mercado estime que o valor real é maior, os bancos espanhois admitiram necessitar de cerca de 24 bilhões de euros para serem salvos da quebradeira. Somando os lucros dos bancos privados brasileiros aos dos bancos públicos, como Banco do Brasil, Caixa e Banrisul (mais de R$ 18 bilhões), as cifras são praticamente as mesmas. O lucro total de apenas um ano do sistema financeiro no Brasil é quase o mesmo que o rombo total acumulado em anos por bancos de uma das maiores economias europeias. Em relação ao próprio Brasil, Dilma acaba de anunciar cortes profundos no orçamento, que farão com que o sucateamento da saúde, educação e infraestrutura piorem ainda mais. No total, são R$ 55 bilhões a menos de investimentos. O lucro anual dos bancos foi praticamente neste mesmo valor. É muito dinheiro, comparando-se com qualquer coisa que se queira!
Apenas entre os privados, o Itaú Unibanco teve R$ 14,6 bilhões de lucros, o Bradesco, pouco mais de R$ 11 bilhões e o Santander, R$ 3,6 bilhões em 2011. Não há crise que diminua os lucros dos bancos. Com a economia bem ou mal, os agiotas do sistema financeiro seguem sugando recursos dos bolsos da população, e acumulando uma riqueza que foi produzida pelo trabalhador por todo o país.
Estes lucros indecentes se explicam por muitas razões: tarifas abusivas para toda e qualquer coisa que e faça num banco; juros altíssimos e salários rebaixados pagos aos funcionários. Mas nada disso teria a dimensão que tem se não fosse impulsionado por um volume de transações recorde, estabelecido pelo aumento incessante do crédito.
As operações de crédito cresceram em média 19% em 2011 nos três maiores bancos privados. A concessão irracional e artificial de tanto crédito vale para todas as áreas: financiamento habitacional, empréstimos pessoais e para empresas em geral, com destaque recente às pequenas e médias empresas.
E o preço a ser pago por isso já começa a aparecer. No 4º trimestre, os maiores bancos tiveram que aumentar a previsão de dinheiro referente a operações duvidosas, fruto do crescimento da inadimplência, verificado em todos os bancos. Este “refluxo” depois da “exuberância irracional” já fez com que o resultado consolidado dos e maiores bancos privados tenham baixado 5,5% no último trimestre de 2011. E os bancos começam a perceber que não poderão contar apenas com o aumento eterno do crédito.
Assim, as receitas com serviços bancários somaram R$ 41,6 bilhões nos três bancos no ano passado, aumento de 11,5% na comparação com 2010. São as tarifas, que, com o que arrecadam, já pagam 1 vez e meia toda a folha salarial dos bancos.
O mais importante disso tudo é que a produção dos trabalhadores e a riqueza do país, a cada ano que passa, se concentram mais e mais nas mãos de ½ dúzia de banqueiros, dos quais cerca de metade do capital já é estrangeiro.
O Itaú tem boa parte de suas ações nas mãos de norteamericanos, depois que o BankBoston, que é controlado pelo gigante Bank of América, assumiu mais de US$ 2 bilhões de ações do Itaú em 2006. Hoje, estas ações valem mais que o triplo e o Itaú já não é mais tão brasileiro assim. O mesmo ocorre com o Bradesco. E cada vez mais, até bancos públicos com ações na bolsa, como BB e Banrisul, estão indo para as mãos de estrangeiros. Santander, HSBC, Citibank, etc., completam o quadro.
E temos um setor riquíssimo cada vez mais acumulando fortunas e remetendo a maioria do dinheiro para a sede estrangeira de seus controladores ou grandes acionistas. O Brasil e os trabalhadores ficam mais pobres enquanto os bancos ficam mais ricos.
Não podemos mais assistir à divulgação de lucros deste tamanho no setor financeiro e aos trabalhadores tendo que amargar privações em todas as áreas sociais e um custo de vida insuportável.
O lucro dos bancos é uma questão de interesse nacional e que deve ser objeto da luta dos trabalhadores, para que se seja recuperado o que já deveria ser seu. Os bancos devem ser expropriados, sem nenhum tipo de indenização. Todos os banqueiros já lucraram demais e é hora destes lucros se reverterem em investimentos sociais e renda ao trabalhador. Da mesma forma, bancos como BB e Banrisul devem fechar seu capital e passar a ser 100% estatais.
É hora de fechar esta enorme torneira aberta, que faz o dinheiro do povo trabalhador correr para os bancos. A população não pode mais sustentar tanto lucro para tão pouca gente e é uma luta que todos os sindicatos, entidades e organizações devem assumir: estatizar o sistema financeiro e socializar o lucro recorde dos bancos.
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