Estivemos curtindo o carnaval em Curuçá, que por
sinal é o melhor carnaval do Pará. Foram 4 dias de
folia na avenida. O momento mais marcante foi o do
bloco pretinhos no mangue, onde eu e minha família
saímos juntos. Foi muito legal os momentos de euforia.
Milhares de jovens, crianças e idosos curtem esse
momento como forma de chamar à sociedade para a
preservação do meio ambiente. Parabéns, Curuçá.
Vejam as fotos:
A galera se preparando para a folia.
Bloco pretinhos no mangue.
Eu e minha filha, Maíla.
Marlon, Marllen e o Siri(Vando).
Sabá e um morador de Curuçá com o símbolo do pretinhos do mangue.
Marlon, Jr., Marllen e o Vando.
No final, um bom banho em um lindo igarapé.
27 fevereiro 2012
Mais uma do PT!
Disputa no Banco do Brasil tem novo foco de atrito
A disputa de poder no Banco do Brasil vai obrigar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a arbitrar até sobre as aposentadorias do alto escalão da instituição.Na sexta-feira (24) a Folha revelou a queda de braço entre os presidentes do BB, Aldemir Bendine, e da Previ (fundo de pensão dos funcionários do banco), Ricardo Flores.
Disputa política no Banco do Brasil preocupa governo
Fracassa tentativa de trégua em crise no Banco do Brasil
Bendine é homem de confiança de Mantega e acusa Flores de tentar derrubá-lo. Já o grupo de Flores diz que Bendine quer um aliado à frente do fundo de pensão dos funcionários do banco.
É em meio a essa disputa que Mantega terá que decidir sobre o aumento de cerca de 30% nas aposentadorias do presidente, de vice-presidentes e de diretores do BB, considerado irregular pelo Ministério da Previdência. A discussão poderá ir à Justiça.
Desta vez o impasse é com a Previc, instituição ligada ao Ministério da Previdência que regula os fundos de pensão fechados do país.
A entidade contesta, em parecer, o pagamento de aposentadorias considerados irregulares pelo órgão aos executivos do banco que saíram da ativa recentemente.
O que era para ser uma discussão técnica se tornou embate entre o presidente do Banco do Brasil e o titular da Previc, José Maria Rabelo, ex-vice-presidente do banco.
Rabelo foi um dos vice-presidentes demitidos por Bendine quando este assumiu o banco, em 2009. Ele é ligado justamente a Ricardo Flores, desafeto de Bendine e personagem da atual disputa.
O imbróglio das aposentadorias começou quando, em 2010, o comando do BB revogou regra definida dois anos antes para calcular a aposentadoria do alto escalão.
Essa medida determinava que benefícios como auxílio-alimentação, licença-prêmio, férias, bônus e 13º fossem incorporados aos salários mensais dos 27 diretores, 9 vice-presidentes e do próprio presidente, mas excluía esses adicionais do cálculo da aposentadoria, paga pela Previ.
Também ficou acertada a imposição de um teto para os benefícios pagos pelo fundo de pensão.
A incorporação era uma forma de aumentar em cerca de 30% o rendimento dos executivos do banco que estavam na ativa. O objetivo era aproximar os salários do BB dos da iniciativa privada.
Só que, por decisão de Bendine e da cúpula do banco, diretores e vice-presidentes puderam se aposentar com os benefícios incorporados aos salários. A Previc, então, recebeu denúncias de funcionários insatisfeitos, pediu explicações e fez um parecer apontando a irregularidade.
Esse questão dos benefícios acabou se misturando à disputa política no BB.
Diante do risco de eventual impacto financeiro à Previ, Fazenda e a Previdência pediram um parecer da AGU (Advocacia Geral da União) antes de posicionar.
Vamos ajudar a manter viva e ardente a chama de Lúcio Flávio Pinto!
Se você considera a liberdade de imprensa importante; se você não aceita que tentem lhe negar o direito à informação, ajude o jornalista Lúcio Flávio Pinto, condenado pela (in)justiça a indenizar um grileiro milionário, já falecido, apenas por tê-lo chamado pelo que na verdade sempre foi em vida : o maior pirata da grilagem na Amazônia. Deposite qualquer quantia na conta poupança 22.108-2 da agência 3024-4 do Banco do Brasil, em nome de Pedro Carlos de Faria Pinto, irmão de Lúcio. Ajude quem luta para garantir o seu direito à informação.
26 fevereiro 2012
PSTU realiza Conferência e proclama Cléber na direção municipal de Belém
Foi realizado a Conferencia Municipal do PSTU neste final de semana.
Várias lideranças do partido estiveram presentes ao evento, inclusive
companheiros de Marabá, Santarém, além de outros estados como do
Amapá e do Amazonas. Também estiveram presentes membros da
direção nacional do partido. Durante o evento foram debatidos temas
importantes como a conjuntura estadual, feito pelo companheiro Cléber,
e das mulheres. Enfim foi muito produtiva a conferência e no final foi
aprovada a nova direção partidária, que tem como membros os
companheiros valorosos como Cléber Rabelo, Abel Ribeiro e Will.
Para Cléber, " O direcionamento político do evento foi o de criticar
o governo Dilma na questão da reforma agrária, política habitacional,
e o governo Jatene por estar no ostracismo em relação à política de
segurança pública, na saúde e principalmente na da educação. Além
disso, o governo Duciomar Costa, o nefasto DUDU, também foi
citado em virtude de sua ausência das políticas públicas em relação
ao saneamento, saúde, educação e também o caos no trânsito que
Belém se encontra.
Companheiro Cléber, discursando na greve dos bancários do BASA no ano passado.
Várias lideranças do partido estiveram presentes ao evento, inclusive
companheiros de Marabá, Santarém, além de outros estados como do
Amapá e do Amazonas. Também estiveram presentes membros da
direção nacional do partido. Durante o evento foram debatidos temas
importantes como a conjuntura estadual, feito pelo companheiro Cléber,
e das mulheres. Enfim foi muito produtiva a conferência e no final foi
aprovada a nova direção partidária, que tem como membros os
companheiros valorosos como Cléber Rabelo, Abel Ribeiro e Will.
Para Cléber, " O direcionamento político do evento foi o de criticar
o governo Dilma na questão da reforma agrária, política habitacional,
e o governo Jatene por estar no ostracismo em relação à política de
segurança pública, na saúde e principalmente na da educação. Além
disso, o governo Duciomar Costa, o nefasto DUDU, também foi
citado em virtude de sua ausência das políticas públicas em relação
ao saneamento, saúde, educação e também o caos no trânsito que
Belém se encontra.
Companheiro Cléber, discursando na greve dos bancários do BASA no ano passado.
23 fevereiro 2012
Três maiores Bancos privados lucram R$ 29 bilhões em 2011.
ISSO É O BRASIL DO PT... Itaú, Bradesco e Santander fazem fortuna explorando clientes e funcionários.
Em relação ao próprio Brasil, Dilma acaba de anunciar cortes profundos no orçamento, que farão com que o sucateamento da saúde, educação e infraestrutura piorem ainda mais. No total, são R$ 55 bilhões a menos de investimentos. O lucro anual dos bancos foi praticamente neste mesmo valor. É muito dinheiro, comparando-se com qualquer coisa que se queira!
Apenas entre os privados, o Itaú Unibanco teve R$ 14,6 bilhões de lucros, o Bradesco, pouco mais de R$ 11 bilhões e o Santander, R$ 3,6 bilhões em 2011. Não há crise que diminua os lucros dos bancos. Com a economia bem ou mal, os agiotas do sistema financeiro seguem sugando recursos dos bolsos da população, e acumulando uma riqueza que foi produzida pelo trabalhador por todo o país.
Estes lucros indecentes se explicam por muitas razões: tarifas abusivas para toda e qualquer coisa que e faça num banco; juros altíssimos e salários rebaixados pagos aos funcionários. Mas nada disso teria a dimensão que tem se não fosse impulsionado por um volume de transações recorde, estabelecido pelo aumento incessante do crédito.
As operações de crédito cresceram em média 19% em 2011 nos três maiores bancos privados. A concessão irracional e artificial de tanto crédito vale para todas as áreas: financiamento habitacional, empréstimos pessoais e para empresas em geral, com destaque recente às pequenas e médias empresas.
E o preço a ser pago por isso já começa a aparecer. No 4º trimestre, os maiores bancos tiveram que aumentar a previsão de dinheiro referente a operações duvidosas, fruto do crescimento da inadimplência, verificado em todos os bancos. Este “refluxo” depois da “exuberância irracional” já fez com que o resultado consolidado dos e maiores bancos privados tenham baixado 5,5% no último trimestre de 2011. E os bancos começam a perceber que não poderão contar apenas com o aumento eterno do crédito.
Assim, as receitas com serviços bancários somaram R$ 41,6 bilhões nos três bancos no ano passado, aumento de 11,5% na comparação com 2010. São as tarifas, que, com o que arrecadam, já pagam 1 vez e meia toda a folha salarial dos bancos.
O mais importante disso tudo é que a produção dos trabalhadores e a riqueza do país, a cada ano que passa, se concentram mais e mais nas mãos de ½ dúzia de banqueiros, dos quais cerca de metade do capital já é estrangeiro.
O Itaú tem boa parte de suas ações nas mãos de norteamericanos, depois que o BankBoston, que é controlado pelo gigante Bank of América, assumiu mais de US$ 2 bilhões de ações do Itaú em 2006. Hoje, estas ações valem mais que o triplo e o Itaú já não é mais tão brasileiro assim. O mesmo ocorre com o Bradesco. E cada vez mais, até bancos públicos com ações na bolsa, como BB e Banrisul, estão indo para as mãos de estrangeiros. Santander, HSBC, Citibank, etc., completam o quadro.
E temos um setor riquíssimo cada vez mais acumulando fortunas e remetendo a maioria do dinheiro para a sede estrangeira de seus controladores ou grandes acionistas. O Brasil e os trabalhadores ficam mais pobres enquanto os bancos ficam mais ricos.
Não podemos mais assistir à divulgação de lucros deste tamanho no setor financeiro e aos trabalhadores tendo que amargar privações em todas as áreas sociais e um custo de vida insuportável.
O lucro dos bancos é uma questão de interesse nacional e que deve ser objeto da luta dos trabalhadores, para que se seja recuperado o que já deveria ser seu. Os bancos devem ser expropriados, sem nenhum tipo de indenização. Todos os banqueiros já lucraram demais e é hora destes lucros se reverterem em investimentos sociais e renda ao trabalhador. Da mesma forma, bancos como BB e Banrisul devem fechar seu capital e passar a ser 100% estatais.
É hora de fechar esta enorme torneira aberta, que faz o dinheiro do povo trabalhador correr para os bancos. A população não pode mais sustentar tanto lucro para tão pouca gente e é uma luta que todos os sindicatos, entidades e organizações devem assumir: estatizar o sistema financeiro e socializar o lucro recorde dos bancos.
Os três maiores bancos privados brasileiros, Itaú, Bradesco e Santander, lucraram R$ 29,2 bilhões em 2011, e, somando estes resultados aos dos demais bancos privados, tanto estrangeiros como o HSBC, como nacionais como o Safra, estes números superam muito esta cifra. Para se ter um parâmetro de comparação, empresas de telefonia, como a TIM, Vivo ou Telefônica, lucraram cerca de R$ 1 bilhão cada uma. Nem as maiores metalúrgicas, nem as montadoras de automóveis, nem as megaconstrutoras; ninguém, nem ao menos as líderes dos demais setores, conseguem chegar próximo do lucro astronômico dos bancos brasileiros.
Recentemente, embora o mercado estime que o valor real é maior, os bancos espanhois admitiram necessitar de cerca de 24 bilhões de euros para serem salvos da quebradeira. Somando os lucros dos bancos privados brasileiros aos dos bancos públicos, como Banco do Brasil, Caixa e Banrisul (mais de R$ 18 bilhões), as cifras são praticamente as mesmas. O lucro total de apenas um ano do sistema financeiro no Brasil é quase o mesmo que o rombo total acumulado em anos por bancos de uma das maiores economias europeias. Em relação ao próprio Brasil, Dilma acaba de anunciar cortes profundos no orçamento, que farão com que o sucateamento da saúde, educação e infraestrutura piorem ainda mais. No total, são R$ 55 bilhões a menos de investimentos. O lucro anual dos bancos foi praticamente neste mesmo valor. É muito dinheiro, comparando-se com qualquer coisa que se queira!
Apenas entre os privados, o Itaú Unibanco teve R$ 14,6 bilhões de lucros, o Bradesco, pouco mais de R$ 11 bilhões e o Santander, R$ 3,6 bilhões em 2011. Não há crise que diminua os lucros dos bancos. Com a economia bem ou mal, os agiotas do sistema financeiro seguem sugando recursos dos bolsos da população, e acumulando uma riqueza que foi produzida pelo trabalhador por todo o país.
Estes lucros indecentes se explicam por muitas razões: tarifas abusivas para toda e qualquer coisa que e faça num banco; juros altíssimos e salários rebaixados pagos aos funcionários. Mas nada disso teria a dimensão que tem se não fosse impulsionado por um volume de transações recorde, estabelecido pelo aumento incessante do crédito.
As operações de crédito cresceram em média 19% em 2011 nos três maiores bancos privados. A concessão irracional e artificial de tanto crédito vale para todas as áreas: financiamento habitacional, empréstimos pessoais e para empresas em geral, com destaque recente às pequenas e médias empresas.
E o preço a ser pago por isso já começa a aparecer. No 4º trimestre, os maiores bancos tiveram que aumentar a previsão de dinheiro referente a operações duvidosas, fruto do crescimento da inadimplência, verificado em todos os bancos. Este “refluxo” depois da “exuberância irracional” já fez com que o resultado consolidado dos e maiores bancos privados tenham baixado 5,5% no último trimestre de 2011. E os bancos começam a perceber que não poderão contar apenas com o aumento eterno do crédito.
Assim, as receitas com serviços bancários somaram R$ 41,6 bilhões nos três bancos no ano passado, aumento de 11,5% na comparação com 2010. São as tarifas, que, com o que arrecadam, já pagam 1 vez e meia toda a folha salarial dos bancos.
O mais importante disso tudo é que a produção dos trabalhadores e a riqueza do país, a cada ano que passa, se concentram mais e mais nas mãos de ½ dúzia de banqueiros, dos quais cerca de metade do capital já é estrangeiro.
O Itaú tem boa parte de suas ações nas mãos de norteamericanos, depois que o BankBoston, que é controlado pelo gigante Bank of América, assumiu mais de US$ 2 bilhões de ações do Itaú em 2006. Hoje, estas ações valem mais que o triplo e o Itaú já não é mais tão brasileiro assim. O mesmo ocorre com o Bradesco. E cada vez mais, até bancos públicos com ações na bolsa, como BB e Banrisul, estão indo para as mãos de estrangeiros. Santander, HSBC, Citibank, etc., completam o quadro.
E temos um setor riquíssimo cada vez mais acumulando fortunas e remetendo a maioria do dinheiro para a sede estrangeira de seus controladores ou grandes acionistas. O Brasil e os trabalhadores ficam mais pobres enquanto os bancos ficam mais ricos.
Não podemos mais assistir à divulgação de lucros deste tamanho no setor financeiro e aos trabalhadores tendo que amargar privações em todas as áreas sociais e um custo de vida insuportável.
O lucro dos bancos é uma questão de interesse nacional e que deve ser objeto da luta dos trabalhadores, para que se seja recuperado o que já deveria ser seu. Os bancos devem ser expropriados, sem nenhum tipo de indenização. Todos os banqueiros já lucraram demais e é hora destes lucros se reverterem em investimentos sociais e renda ao trabalhador. Da mesma forma, bancos como BB e Banrisul devem fechar seu capital e passar a ser 100% estatais.
É hora de fechar esta enorme torneira aberta, que faz o dinheiro do povo trabalhador correr para os bancos. A população não pode mais sustentar tanto lucro para tão pouca gente e é uma luta que todos os sindicatos, entidades e organizações devem assumir: estatizar o sistema financeiro e socializar o lucro recorde dos bancos.
A ‘engenharia da cooptação’ e os sindicatos no Brasil recente!
I. A década de ouro
O objetivo deste artigo é compreender por que vem ocorrendo uma relativa desmobilização da sociedade brasileira e, em particular, dos organismos de representação da classe trabalhadora? As respostas são complexas e nos remetem aos ciclos das lutas travadas nas últimas décadas no Brasil.
Poderíamos começar lembrando que, ao longo dos anos 1980, o Brasil esteve à frente das lutas sociais e sindicais, mesmo quando comparado com outros países avançados. A criação do PT em 1980, da CUT em 1983, do MST em 1984, a luta pelas eleições diretas em 1985, a eclosão de quatro greves gerais, a campanha da Constituinte, a promulgação da Constituição em 1988 e, finalmente, as eleições de 1889 são exemplos vivos da força das lutas daquela década. Houve avanços significativos na luta pela autonomia e liberdade dos sindicatos em relação ao Estado, através do combate ao Imposto Sindical, à estrutura confederacional, cupulista, hierarquizada e atrelada, instrumentos que se constituíam em alavancas utilizadas pelo Estado para controlar os sindicatos. Aquela década conformou também um quadro nitidamente favorável para o chamado novo sindicalismo, que caminhava em direção contrária à crise sindical presente em vários países capitalistas avançados.
Entretanto, no final daquela década já começavam a despontar as tendências econômicas, políticas e ideológicas que foram responsáveis pela inserção do sindicalismo brasileiro na onda regressiva, resultado tanto da reestruturação produtiva do capital em curso em escala global como da emergência da pragmática neoliberal, que passaram a exigir mudanças significativas.
A partir de 1990, com a ascensão de Collor e depois com FHC, o receituário neoliberal deslanchou. Nosso parque produtivo estatal foi enormemente alterado pela política privatizante, afetando diretamente a siderurgia, telecomunicações, energia elétrica, setor bancário, dentre outros, o que alterou o tripé que sustentava a economia brasileira (capital nacional, estrangeiro e estatal), redesenhando e internacionalizando ainda mais o capitalismo no Brasil. O setor produtivo estatal era fagocitado ainda mais pelo capital monopolista estrangeiro.
Com um processo tão intenso, a simbiose nefasta entre neoliberalismo e reestruturação produtiva teve repercussões muito profundas na classe trabalhadora e em particular no movimento sindical. Flexibilização, desregulamentação, terceirização, novas formas de gestão da força de trabalho etc. tornaram-se pragas presentes em todas as partes. No apogeu da era da financeirização, do avanço técnico-científico-informacional, do mundo digital onde tempo e espaço se convulsionam, o Brasil vivenciou mutações fortes no mundo do trabalho, alterando sua morfologia, da qual a informalidade, a precarização e o desemprego ampliavam-se intensamente.
Esta nova realidade arrefeceu o novo sindicalismo que se encontrava, de um lado, diante da emergência de um sindicalismo neoliberal, sintonizada com a onda mundial conservadora, de que a Força Sindical é o melhor exemplo. E, de outro, diante da inflexão que vinha ocorrendo no interior da CUT, que cada vez mais se aproximava do sindicalismo social-democrata. A política de “convênios”, “apoios financeiros”, “parcerias” com a social-democracia sindical, especialmente européia, levada a cabo por décadas, acabou contaminando o sindicalismo de classe no Brasil, que pouco a pouco se social-democratizava, num contexto, vale lembrar, onde a social-democracia se aproximava do neoliberalismo.
II. O sucesso do social-liberalismo e o advento do sindicalismo negocial de Estado
Foi neste contexto que Lula sagrou-se vitorioso nas eleições presidenciais em 2002, depois de um período de enorme desertificação social, política e econômica do Brasil, vitória que ocorreu em um contexto internacional e nacional bastante diferente dos anos 1980. A vitória da “esquerda” no Brasil ocorria quando ela estava mais fragilizada, menos respaldada nos pólos centrais que lhe davam capilaridade, como a classe operária industrial, os assalariados médios e os trabalhadores rurais.
Se pudéssemos lembrar Gramsci, diríamos que o transformismo já havia convertido o PT num Partido da Ordem. Quando Lula venceu as eleições, em 2002, ao contrário da potência criadora das lutas sociais dos anos 1980, o cenário era de completa mutação. Ela foi, por isso, uma vitória política tardia. Nem o PT, nem o país eram mais os mesmos. Como já pude dizer anteriormente, o Brasil estava desertificado e o PT havia se desvertebrado.
Quais são as explicações para esse transformismo? Aqui podemos tão somente indicá-las: 1) a proliferação do neoliberalismo na América Latina; 2) o desmoronamento do “socialismo real” e a prevalência equivocada da tese que propugnava a vitória do capitalismo; 3) a social-democratização de parcela substancial da esquerda e sua aproximação à agenda social-liberal, eufemismo usado para “esconder” sua real face neoliberal.
E o PT, partido que se originou no seio das lutas sociais e sindicais, aumentava sua sujeição aos calendários eleitorais, atuando cada vez mais como partido eleitoral e parlamentar, até tornar-se um partido policlassista. Lula passou a cobiçar a confiança das principais frações das classes dominantes, incluindo a burguesia financeira, o setor industrial e o agronegócio. Um exemplo é bastante esclarecedor: quando, ao final do governo FHC, em 2002, houve um acordo de “intenções” com o FMI, este organismo exigiu que os candidatos à presidência manifestassem sua concordância com os termos do referido acordo. O PT de Lula publicou, então, um documento, denominado como a Carta aos Brasileiros, onde evidenciava sua política de subordinação ao FMI e aos setores financeiros internacionais e nacionais.
O resultado de seu governo é conhecido: sua política econômica ampliou a hegemonia dos capitais financeiros; preservou a estrutura fundiária concentrada; deu incentivo aos fundos privados de pensão; determinou a cobrança de impostos aos trabalhadores aposentados, o que significou uma ruptura com parcelas importantes do sindicalismo dos trabalhadores, especialmente públicos, que passaram a fazer forte oposição ao governo Lula.
A sua alteração mais significativa, no segundo mandato, foi uma resposta à crise política aberta com o mensalão, em 2005. Era necessário que o novo governo ampliasse sua base de sustentação, desgastada junto a amplos setores da classe trabalhadora organizada. Foi então que ocorreu uma alteração política importante: o governo ampliou o programa Bolsa-Família, uma política social de perfil claramente assistencialista, ainda que de grande amplitude, que atinge mais de 12 milhões de famílias pobres com renda salarial baixa e que por isso recebiam um complemento salarial. E foi esta política social – assumida como exemplo pelo Banco Mundial – que ampliou significativamente a base social de apoio a Lula, em seu segundo mandado. Ela atingia os setores mais pauperizados e desorganizados da população brasileira, que normalmente dependem das políticas do Estado para sobreviver.
E em comparação ao governo de FHC, a política de aumento do salário mínimo, ainda que responsável por um salário vergonhoso e inconcebível para uma economia do porte da brasileira, significou efetivos ganhos reais em relação ao governo tucano. E, desse modo, o governo Lula “equacionou” as duas pontas da tragédia social no Brasil: remunerou exemplarmente o grande capital financeiro, industrial e o agronegócio e, no outro pólo da pirâmide social, implementou a Bolsa-Família assistencialista e concedeu uma pequena valorização do salário mínimo, sem confrontar, é imperioso dizer, nenhum dos pilares estruturantes da tragédia brasileira.
Quando a crise mundial atingiu duramente os países capitalistas do Norte, em 2007/08, o governo tomou medidas claras no sentido de incentivar a retomada do crescimento econômico, reduzindo impostos do setor automobilístico, eletrodoméstico e da construção civil, todos incorporadores de força de trabalho, expandindo fortemente o mercado interno brasileiro e compensando, desse modo, a retração do mercado externo em suas compras de commodities. O mito redivivo do novo “pai dos pobres” ganhava força.
Mas havia, ainda, outro elemento central na engenharia da cooptação do governo Lula/Dilma: o controle de setores importantes da cúpula sindical, que passava a receber diretamente verbas estatais e, desse modo, garantia o apoio das principais centrais sindicais ao governo (1). Pouco antes de terminar seu governo, Lula tomou uma decisão que ampliou ainda mais o controle estatal sobre os sindicatos, ao permitir que as centrais sindicais também passassem a gozar das vantagens do nefasto Imposto Sindical (2), criado na Ditadura Vargas, ao final dos anos 1930. E, além do referido imposto, elas passaram a receber outras verbas públicas, praticamente eliminando (em tese e de fato) a cotização autônoma de seus associados. Outro passo crucial para a cooptação estava selado.
E, se já não bastasse, centenas de ex-sindicalistas passaram a participar, indicados pelo governo, do conselho de empresas estatais e de ex-estatais, com remunerações polpudas. Portanto, para compreender a cooptação de parcela significativa do movimento sindical brasileiro recente, é preciso compreender esse quadro, do qual aqui pudemos oferecer as principais tendências.
O que nos leva a concluir que, para a retomada de um sindicalismo de classe e de esquerda, há um bom caminho a percorrer. Mas talvez seu primeiro desafio seja criar um pólo sindical, social e político de base que não tenha medo de oferecer ao país um programa de mudanças profundas, capazes de iniciar a desmontagem das causas estruturantes da miséria brasileira e de seus mecanismos de preservação da dominação. E um passo imprescindível neste processo é, desde logo, romper a política de servidão voluntária que empurrou os sindicatos em direção ao Estado.
Notas:
1) O campo sindical do governo é amplo: no centro-esquerda, além da CUT, temos a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), formada pela Corrente Sindical Classista que se desfiliou da CUT em 2007 para criar sua própria central. No centro-direita, temos a Força Sindical, já mencionada, que combinava elementos do neoliberalismo com o velho sindicalismo que se “modernizou”, além de várias pequenas centrais como a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Nova Central, todas dotadas de pequeno nível de representação sindical e de algum modo herdeiras do velho sindicalismo dependente do Estado.
No campo da esquerda sindical anticapitalista, em clara oposição aos governos Lula/Dilma, são importantes a CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas) e o movimento INTERSINDICAL. A primeira se propõe a organizar não só os sindicatos, mas também os movimentos sociais extra-sindicais, e a segunda (ainda que hoje se encontre dividida) é também oriunda de setores de esquerda que romperam com a CUT, tendo um perfil mais acentuadamente sindical e voltado para a reorganização do sindicalismo pela base, contra a proposta de criação de uma nova Central.
2) Em 2010 foram R$ 84,3 milhões para as centrais: segundo o Ministério do Trabalho, as duas maiores centrais, CUT e Força Sindical, receberam R$ 27,3 milhões e R$ 23,6 milhões, respectivamente - valores que representam 80% do orçamento da Força e 60%, da CUT. Em seguida, os maiores beneficiados foram a União Geral dos Trabalhadores (UGT), com R$ 14 milhões; Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), que embolsou R$ 9,9 milhões; Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), R$ 5,3 milhões; e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), R$ 3,9 milhões.
RICARDO ANTUNES
Professor titular de Sociologia do Trabalho no IFCH/UNICAMP e autor, entre outros livros, de O Continente do Labor (Boitempo) que acaba de ser publicado. Coordena as Coleções Mundo do Trabalho (Boitempo) e Trabalho e Emancipação (Ed. Expressão Popular). Colabora regularmente em revistas estrangeiras e nacionais.
Fonte: Correio da Cidadania
O objetivo deste artigo é compreender por que vem ocorrendo uma relativa desmobilização da sociedade brasileira e, em particular, dos organismos de representação da classe trabalhadora? As respostas são complexas e nos remetem aos ciclos das lutas travadas nas últimas décadas no Brasil.
Poderíamos começar lembrando que, ao longo dos anos 1980, o Brasil esteve à frente das lutas sociais e sindicais, mesmo quando comparado com outros países avançados. A criação do PT em 1980, da CUT em 1983, do MST em 1984, a luta pelas eleições diretas em 1985, a eclosão de quatro greves gerais, a campanha da Constituinte, a promulgação da Constituição em 1988 e, finalmente, as eleições de 1889 são exemplos vivos da força das lutas daquela década. Houve avanços significativos na luta pela autonomia e liberdade dos sindicatos em relação ao Estado, através do combate ao Imposto Sindical, à estrutura confederacional, cupulista, hierarquizada e atrelada, instrumentos que se constituíam em alavancas utilizadas pelo Estado para controlar os sindicatos. Aquela década conformou também um quadro nitidamente favorável para o chamado novo sindicalismo, que caminhava em direção contrária à crise sindical presente em vários países capitalistas avançados.
Entretanto, no final daquela década já começavam a despontar as tendências econômicas, políticas e ideológicas que foram responsáveis pela inserção do sindicalismo brasileiro na onda regressiva, resultado tanto da reestruturação produtiva do capital em curso em escala global como da emergência da pragmática neoliberal, que passaram a exigir mudanças significativas.
A partir de 1990, com a ascensão de Collor e depois com FHC, o receituário neoliberal deslanchou. Nosso parque produtivo estatal foi enormemente alterado pela política privatizante, afetando diretamente a siderurgia, telecomunicações, energia elétrica, setor bancário, dentre outros, o que alterou o tripé que sustentava a economia brasileira (capital nacional, estrangeiro e estatal), redesenhando e internacionalizando ainda mais o capitalismo no Brasil. O setor produtivo estatal era fagocitado ainda mais pelo capital monopolista estrangeiro.
Com um processo tão intenso, a simbiose nefasta entre neoliberalismo e reestruturação produtiva teve repercussões muito profundas na classe trabalhadora e em particular no movimento sindical. Flexibilização, desregulamentação, terceirização, novas formas de gestão da força de trabalho etc. tornaram-se pragas presentes em todas as partes. No apogeu da era da financeirização, do avanço técnico-científico-informacional, do mundo digital onde tempo e espaço se convulsionam, o Brasil vivenciou mutações fortes no mundo do trabalho, alterando sua morfologia, da qual a informalidade, a precarização e o desemprego ampliavam-se intensamente.
Esta nova realidade arrefeceu o novo sindicalismo que se encontrava, de um lado, diante da emergência de um sindicalismo neoliberal, sintonizada com a onda mundial conservadora, de que a Força Sindical é o melhor exemplo. E, de outro, diante da inflexão que vinha ocorrendo no interior da CUT, que cada vez mais se aproximava do sindicalismo social-democrata. A política de “convênios”, “apoios financeiros”, “parcerias” com a social-democracia sindical, especialmente européia, levada a cabo por décadas, acabou contaminando o sindicalismo de classe no Brasil, que pouco a pouco se social-democratizava, num contexto, vale lembrar, onde a social-democracia se aproximava do neoliberalismo.
II. O sucesso do social-liberalismo e o advento do sindicalismo negocial de Estado
Foi neste contexto que Lula sagrou-se vitorioso nas eleições presidenciais em 2002, depois de um período de enorme desertificação social, política e econômica do Brasil, vitória que ocorreu em um contexto internacional e nacional bastante diferente dos anos 1980. A vitória da “esquerda” no Brasil ocorria quando ela estava mais fragilizada, menos respaldada nos pólos centrais que lhe davam capilaridade, como a classe operária industrial, os assalariados médios e os trabalhadores rurais.
Se pudéssemos lembrar Gramsci, diríamos que o transformismo já havia convertido o PT num Partido da Ordem. Quando Lula venceu as eleições, em 2002, ao contrário da potência criadora das lutas sociais dos anos 1980, o cenário era de completa mutação. Ela foi, por isso, uma vitória política tardia. Nem o PT, nem o país eram mais os mesmos. Como já pude dizer anteriormente, o Brasil estava desertificado e o PT havia se desvertebrado.
Quais são as explicações para esse transformismo? Aqui podemos tão somente indicá-las: 1) a proliferação do neoliberalismo na América Latina; 2) o desmoronamento do “socialismo real” e a prevalência equivocada da tese que propugnava a vitória do capitalismo; 3) a social-democratização de parcela substancial da esquerda e sua aproximação à agenda social-liberal, eufemismo usado para “esconder” sua real face neoliberal.
E o PT, partido que se originou no seio das lutas sociais e sindicais, aumentava sua sujeição aos calendários eleitorais, atuando cada vez mais como partido eleitoral e parlamentar, até tornar-se um partido policlassista. Lula passou a cobiçar a confiança das principais frações das classes dominantes, incluindo a burguesia financeira, o setor industrial e o agronegócio. Um exemplo é bastante esclarecedor: quando, ao final do governo FHC, em 2002, houve um acordo de “intenções” com o FMI, este organismo exigiu que os candidatos à presidência manifestassem sua concordância com os termos do referido acordo. O PT de Lula publicou, então, um documento, denominado como a Carta aos Brasileiros, onde evidenciava sua política de subordinação ao FMI e aos setores financeiros internacionais e nacionais.
O resultado de seu governo é conhecido: sua política econômica ampliou a hegemonia dos capitais financeiros; preservou a estrutura fundiária concentrada; deu incentivo aos fundos privados de pensão; determinou a cobrança de impostos aos trabalhadores aposentados, o que significou uma ruptura com parcelas importantes do sindicalismo dos trabalhadores, especialmente públicos, que passaram a fazer forte oposição ao governo Lula.
A sua alteração mais significativa, no segundo mandato, foi uma resposta à crise política aberta com o mensalão, em 2005. Era necessário que o novo governo ampliasse sua base de sustentação, desgastada junto a amplos setores da classe trabalhadora organizada. Foi então que ocorreu uma alteração política importante: o governo ampliou o programa Bolsa-Família, uma política social de perfil claramente assistencialista, ainda que de grande amplitude, que atinge mais de 12 milhões de famílias pobres com renda salarial baixa e que por isso recebiam um complemento salarial. E foi esta política social – assumida como exemplo pelo Banco Mundial – que ampliou significativamente a base social de apoio a Lula, em seu segundo mandado. Ela atingia os setores mais pauperizados e desorganizados da população brasileira, que normalmente dependem das políticas do Estado para sobreviver.
E em comparação ao governo de FHC, a política de aumento do salário mínimo, ainda que responsável por um salário vergonhoso e inconcebível para uma economia do porte da brasileira, significou efetivos ganhos reais em relação ao governo tucano. E, desse modo, o governo Lula “equacionou” as duas pontas da tragédia social no Brasil: remunerou exemplarmente o grande capital financeiro, industrial e o agronegócio e, no outro pólo da pirâmide social, implementou a Bolsa-Família assistencialista e concedeu uma pequena valorização do salário mínimo, sem confrontar, é imperioso dizer, nenhum dos pilares estruturantes da tragédia brasileira.
Quando a crise mundial atingiu duramente os países capitalistas do Norte, em 2007/08, o governo tomou medidas claras no sentido de incentivar a retomada do crescimento econômico, reduzindo impostos do setor automobilístico, eletrodoméstico e da construção civil, todos incorporadores de força de trabalho, expandindo fortemente o mercado interno brasileiro e compensando, desse modo, a retração do mercado externo em suas compras de commodities. O mito redivivo do novo “pai dos pobres” ganhava força.
Mas havia, ainda, outro elemento central na engenharia da cooptação do governo Lula/Dilma: o controle de setores importantes da cúpula sindical, que passava a receber diretamente verbas estatais e, desse modo, garantia o apoio das principais centrais sindicais ao governo (1). Pouco antes de terminar seu governo, Lula tomou uma decisão que ampliou ainda mais o controle estatal sobre os sindicatos, ao permitir que as centrais sindicais também passassem a gozar das vantagens do nefasto Imposto Sindical (2), criado na Ditadura Vargas, ao final dos anos 1930. E, além do referido imposto, elas passaram a receber outras verbas públicas, praticamente eliminando (em tese e de fato) a cotização autônoma de seus associados. Outro passo crucial para a cooptação estava selado.
E, se já não bastasse, centenas de ex-sindicalistas passaram a participar, indicados pelo governo, do conselho de empresas estatais e de ex-estatais, com remunerações polpudas. Portanto, para compreender a cooptação de parcela significativa do movimento sindical brasileiro recente, é preciso compreender esse quadro, do qual aqui pudemos oferecer as principais tendências.
O que nos leva a concluir que, para a retomada de um sindicalismo de classe e de esquerda, há um bom caminho a percorrer. Mas talvez seu primeiro desafio seja criar um pólo sindical, social e político de base que não tenha medo de oferecer ao país um programa de mudanças profundas, capazes de iniciar a desmontagem das causas estruturantes da miséria brasileira e de seus mecanismos de preservação da dominação. E um passo imprescindível neste processo é, desde logo, romper a política de servidão voluntária que empurrou os sindicatos em direção ao Estado.
Notas:
1) O campo sindical do governo é amplo: no centro-esquerda, além da CUT, temos a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), formada pela Corrente Sindical Classista que se desfiliou da CUT em 2007 para criar sua própria central. No centro-direita, temos a Força Sindical, já mencionada, que combinava elementos do neoliberalismo com o velho sindicalismo que se “modernizou”, além de várias pequenas centrais como a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Nova Central, todas dotadas de pequeno nível de representação sindical e de algum modo herdeiras do velho sindicalismo dependente do Estado.
No campo da esquerda sindical anticapitalista, em clara oposição aos governos Lula/Dilma, são importantes a CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas) e o movimento INTERSINDICAL. A primeira se propõe a organizar não só os sindicatos, mas também os movimentos sociais extra-sindicais, e a segunda (ainda que hoje se encontre dividida) é também oriunda de setores de esquerda que romperam com a CUT, tendo um perfil mais acentuadamente sindical e voltado para a reorganização do sindicalismo pela base, contra a proposta de criação de uma nova Central.
2) Em 2010 foram R$ 84,3 milhões para as centrais: segundo o Ministério do Trabalho, as duas maiores centrais, CUT e Força Sindical, receberam R$ 27,3 milhões e R$ 23,6 milhões, respectivamente - valores que representam 80% do orçamento da Força e 60%, da CUT. Em seguida, os maiores beneficiados foram a União Geral dos Trabalhadores (UGT), com R$ 14 milhões; Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), que embolsou R$ 9,9 milhões; Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), R$ 5,3 milhões; e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), R$ 3,9 milhões.
RICARDO ANTUNES
Professor titular de Sociologia do Trabalho no IFCH/UNICAMP e autor, entre outros livros, de O Continente do Labor (Boitempo) que acaba de ser publicado. Coordena as Coleções Mundo do Trabalho (Boitempo) e Trabalho e Emancipação (Ed. Expressão Popular). Colabora regularmente em revistas estrangeiras e nacionais.
Fonte: Correio da Cidadania
08 fevereiro 2012
Os aeroportos e a privataria petista!
Governo do PT faz a maior privatização de sua história e entrega principais aeroportos do país ao capital privado. Com recursos do BNDES
Na Bolsa de Valores de São Paulo, acionistas se alvoroçam em um mega leilão de privatização. Há quilômetros dali, no mesmo momento, tropas federais reprimem uma greve considerada ‘politica’. O que poderia muito bem ser um cenário típico dos anos 1990, em plena era FHC e auge do neoliberalismo financeiro, acontecia no dia 6 de fevereiro de 2012, no terceiro mandato consecutivo do PT à frente do Governo Federal.
Em meio à comemoração da grande imprensa ao que é considerada a maior privatização do PT, uma coisa é certa: a privatização dos três maiores aeroportos do país, que aglutinam no total 30% dos passageiros e quase 60% das cargas, representa um marco para o governo petista. A venda ocorre poucas semanas após o lançamento do livro ‘A Privataria Tucana’, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. sobre as negociatas que envolveram as privatizações do governo do PSDB e que provocou até a aprovação de uma CPI na Câmara dos Deputados.
Como afirmou a economista Elena Landau, diretora de Privatizações do BNDES entre 1993 a 1994 ao jornal O Globo, “acabou o ‘FlaXFlu’ ideológico sobre privatização” . Segundo ela, “no governo do PT, a privatização teve a mesma característica de outras tão criticadas. ”. Não é à toa o clima de júbilo entre o tucanato. Além do uso dos fundos de pensão para a compra dos aeroportos, o governo vai financiar a venda através do BNDES, em um prazo a perder de vista. Ou seja, a privatização será financiada por dinheiro público, mas os lucros serão privados.
Modelo tucano
A venda dos aeroportos foi acompanhada diretamente por Dilma Roussef em seu gabinete, mas seguiu à risca o modelo tucano de privatização. Primeiro, precariza-se ao máximo a empresa ou o serviço público, a fim de preparar a opinião pública para a venda. Após isso, deprecia-se o preço para turbinar o ‘ágio’, ou seja, a diferença do preço mínimo do leilão e a quantia oferecida pelo consórcio e alardear a operação como um verdadeiro ‘sucesso’. E foi o que aconteceu.
A privatização do maior aeroporto do país, o aeroporto internacional de Guarulhos, foi efusivamente comemorada na imprensa. O leilão foi arrematado pelo consórcio Invepar, integrado pelos maiores fundos de pensão do país (Previ, Funcef e Petros) e a empreiteira OAS, junto a uma estatal sul-africana. Invepar já controla a Linha Amarela, Raposo Tavares, o Metrô Rio, Bahia Norte, Litoral Norte, além de 25% da CRT (Concessionária Rio-Teresópolis). A venda foi realizada por pouco mais de R$ 16 bilhões. O pagamento será feito em até 20 anos.
O aeroporto de Viracopos, em Campinas, foi arrematado pelo consórcio formado pela Triunfo Participações, Constran e a francesa Egisavia por R$ 3,8 bilhões, no prazo de 30 anos. Já o de Brasília foi para as mãos do consórcio controlado pela Engevis e pela argentina Corporación América, por R$ 4,5 bilhões. O governo autorizou o BNDES a subsidiar 80% do total de investimentos que as empresas se comprometeram a fazer nos aeroportos.
Setor lucrativo
O modus operandi da privatização dos aeroportos seguido pelo governo do PT segue à risca o modelo tucano dos anos 1990. Ao contrário da era FHC, porém, a conjuntura é totalmente distinta. O país passa por anos de crescimento econômico e um aumento da arrecadação proporcionalmente maior. A crise da dívida externa e a falta de divisas, que fez o país atrair capital estrangeiro para a compra das estatais, não mais existem, embora a dívida pública no total seja recorde hoje.
O único argumento que resta para que o governo Dilma privatize é a lógica neoliberal de que os principais setores da economia, inclusive os estratégicos e lucrativos, devem ser controlados pelo capital privado. Lógica que permaneceu no governo do PT. De acordo com a própria Infraero, Guarulhos, por exemplo, deu um lucro de R$ 770 milhões só em 2011, com uma movimentação diária de 160 mil pessoas e perspectivas de aumento no próximo período.
Com a privatização, a maior parte dos investimentos virá do BNDES, mas o lucro irá para os consórcios privados. E agora, o governo já coloca na mira dos investidores privados os aeroportos de Confins, em Minas, e o do Galeão, no Rio. Para os usuários, restará o aumento das tarifas, o que aconteceu em todos os aeroportos privatizados no mundo. “Geralmente aumentam o custo, as tarifas dos aeroportos, para fazer frente ao investimento necessário” , atestou à imprensa Carlos Ebner, diretor no Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo.
Resta saber se Amaury Ribeiro abrirá um capítulo sobre a privataria petista em alguma reedição do livro.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, acionistas se alvoroçam em um mega leilão de privatização. Há quilômetros dali, no mesmo momento, tropas federais reprimem uma greve considerada ‘politica’. O que poderia muito bem ser um cenário típico dos anos 1990, em plena era FHC e auge do neoliberalismo financeiro, acontecia no dia 6 de fevereiro de 2012, no terceiro mandato consecutivo do PT à frente do Governo Federal.
Em meio à comemoração da grande imprensa ao que é considerada a maior privatização do PT, uma coisa é certa: a privatização dos três maiores aeroportos do país, que aglutinam no total 30% dos passageiros e quase 60% das cargas, representa um marco para o governo petista. A venda ocorre poucas semanas após o lançamento do livro ‘A Privataria Tucana’, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. sobre as negociatas que envolveram as privatizações do governo do PSDB e que provocou até a aprovação de uma CPI na Câmara dos Deputados.
Como afirmou a economista Elena Landau, diretora de Privatizações do BNDES entre 1993 a 1994 ao jornal O Globo, “acabou o ‘FlaXFlu’ ideológico sobre privatização” . Segundo ela, “no governo do PT, a privatização teve a mesma característica de outras tão criticadas. ”. Não é à toa o clima de júbilo entre o tucanato. Além do uso dos fundos de pensão para a compra dos aeroportos, o governo vai financiar a venda através do BNDES, em um prazo a perder de vista. Ou seja, a privatização será financiada por dinheiro público, mas os lucros serão privados.
Modelo tucano
A venda dos aeroportos foi acompanhada diretamente por Dilma Roussef em seu gabinete, mas seguiu à risca o modelo tucano de privatização. Primeiro, precariza-se ao máximo a empresa ou o serviço público, a fim de preparar a opinião pública para a venda. Após isso, deprecia-se o preço para turbinar o ‘ágio’, ou seja, a diferença do preço mínimo do leilão e a quantia oferecida pelo consórcio e alardear a operação como um verdadeiro ‘sucesso’. E foi o que aconteceu.
A privatização do maior aeroporto do país, o aeroporto internacional de Guarulhos, foi efusivamente comemorada na imprensa. O leilão foi arrematado pelo consórcio Invepar, integrado pelos maiores fundos de pensão do país (Previ, Funcef e Petros) e a empreiteira OAS, junto a uma estatal sul-africana. Invepar já controla a Linha Amarela, Raposo Tavares, o Metrô Rio, Bahia Norte, Litoral Norte, além de 25% da CRT (Concessionária Rio-Teresópolis). A venda foi realizada por pouco mais de R$ 16 bilhões. O pagamento será feito em até 20 anos.
O aeroporto de Viracopos, em Campinas, foi arrematado pelo consórcio formado pela Triunfo Participações, Constran e a francesa Egisavia por R$ 3,8 bilhões, no prazo de 30 anos. Já o de Brasília foi para as mãos do consórcio controlado pela Engevis e pela argentina Corporación América, por R$ 4,5 bilhões. O governo autorizou o BNDES a subsidiar 80% do total de investimentos que as empresas se comprometeram a fazer nos aeroportos.
Setor lucrativo
O modus operandi da privatização dos aeroportos seguido pelo governo do PT segue à risca o modelo tucano dos anos 1990. Ao contrário da era FHC, porém, a conjuntura é totalmente distinta. O país passa por anos de crescimento econômico e um aumento da arrecadação proporcionalmente maior. A crise da dívida externa e a falta de divisas, que fez o país atrair capital estrangeiro para a compra das estatais, não mais existem, embora a dívida pública no total seja recorde hoje.
O único argumento que resta para que o governo Dilma privatize é a lógica neoliberal de que os principais setores da economia, inclusive os estratégicos e lucrativos, devem ser controlados pelo capital privado. Lógica que permaneceu no governo do PT. De acordo com a própria Infraero, Guarulhos, por exemplo, deu um lucro de R$ 770 milhões só em 2011, com uma movimentação diária de 160 mil pessoas e perspectivas de aumento no próximo período.
Com a privatização, a maior parte dos investimentos virá do BNDES, mas o lucro irá para os consórcios privados. E agora, o governo já coloca na mira dos investidores privados os aeroportos de Confins, em Minas, e o do Galeão, no Rio. Para os usuários, restará o aumento das tarifas, o que aconteceu em todos os aeroportos privatizados no mundo. “Geralmente aumentam o custo, as tarifas dos aeroportos, para fazer frente ao investimento necessário” , atestou à imprensa Carlos Ebner, diretor no Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo.
Resta saber se Amaury Ribeiro abrirá um capítulo sobre a privataria petista em alguma reedição do livro.
Renda do trabalho tem participação pequena na economia, diz Ipea.
As regiões onde mais cresceram os salários e a ocupação não são aquelas mais ricas, são as regiões Nordeste e Centro-Oeste do país, segundo presidente.
08/02/2012 às 18:30
Agência Brasil
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Brasília – A renda do trabalho tem uma participação pequena na economia brasileira, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), intitulado Evolução da Parcela do Rendimento do Trabalho durante a Recente Estabilidade Monetária, divulgado hoje (8).
Segundo o estudo, entre 1995 e 2002, a participação da renda do trabalho na economia caiu 11,8%, passando de 48% em 1995 para 42,4% em 2002. Contudo, no período de 2002 a 2009, houve um aumento de 2,5% na participação da renda do trabalho, passando de 42,4% para 43,4%.
Entre as regiões, a Sudeste foi que a teve a maior participação da renda do trabalho na economia, 50,8%; já a Região Norte foi a que teve a menor participação da renda na economia, 6% em 2009. Apesar dessa diferença, nota-se que, no período, houve uma redução da distância entre os números da região com maior peso e a região com menor peso do quesito renda do trabalho na economia. Em 1995, a diferença entre as regiões Norte e Sudeste era 14,5 vezes e, em 2009, essa diferença passou para 8,5 vezes.
Entre 1995 e 2002, a Região Sudeste diminui sua participação na renda em 3,8% e a Região Norte aumentou em 16,1%. No período de 2002 a 2009, a queda foi maior para o Sudeste, 6,9%. Na Região Norte, houve um aumento de 31,5%.
Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, isso se deve a uma desconcentração da economia entre as regiões brasileiras. “O que notamos na primeira década do século 21 é uma descentralização da produção e das ocupações. As regiões onde mais cresceram os salários e a ocupação não são aquelas mais ricas, são as regiões Nordeste e Centro-Oeste do país”, disse.
O estudo mostra ainda que o movimento observado nas regiões também foi verificado nos estados. O Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, estados tradicionalmente com maior participação na renda, demonstraram queda. Já estados como o Ceará, Rio Grande no Norte e Pará aumentaram sua participação.
Segundo o estudo, entre 1995 e 2002, a participação da renda do trabalho na economia caiu 11,8%, passando de 48% em 1995 para 42,4% em 2002. Contudo, no período de 2002 a 2009, houve um aumento de 2,5% na participação da renda do trabalho, passando de 42,4% para 43,4%.
Entre as regiões, a Sudeste foi que a teve a maior participação da renda do trabalho na economia, 50,8%; já a Região Norte foi a que teve a menor participação da renda na economia, 6% em 2009. Apesar dessa diferença, nota-se que, no período, houve uma redução da distância entre os números da região com maior peso e a região com menor peso do quesito renda do trabalho na economia. Em 1995, a diferença entre as regiões Norte e Sudeste era 14,5 vezes e, em 2009, essa diferença passou para 8,5 vezes.
Entre 1995 e 2002, a Região Sudeste diminui sua participação na renda em 3,8% e a Região Norte aumentou em 16,1%. No período de 2002 a 2009, a queda foi maior para o Sudeste, 6,9%. Na Região Norte, houve um aumento de 31,5%.
Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, isso se deve a uma desconcentração da economia entre as regiões brasileiras. “O que notamos na primeira década do século 21 é uma descentralização da produção e das ocupações. As regiões onde mais cresceram os salários e a ocupação não são aquelas mais ricas, são as regiões Nordeste e Centro-Oeste do país”, disse.
O estudo mostra ainda que o movimento observado nas regiões também foi verificado nos estados. O Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, estados tradicionalmente com maior participação na renda, demonstraram queda. Já estados como o Ceará, Rio Grande no Norte e Pará aumentaram sua participação.
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