20 outubro 2009

A greve dos bancários!

Marlon George C. Palheta*

A campanha salarial da categoria bancária iniciou-se em março, quando o sindicato se dirigiu a vários interiores do estado para disseminar junto à categoria e principalmente à população. Como todo ano temos negociação salarial, o que é justo para os trabalhadores, em que a categoria reivindica não só melhores salariais e de trabalho; como também melhor atendimento, com a contratação de mais bancários e a redução das tarifas e taxas, para à população. Como estamos lidando com um poder muito forte – banqueiros, e não havendo avanços nas negociações salariais, a categoria parte para a greve, como forma legal de pressionar os banqueiros deste país a atender nossas reivindicações. Além de que os banqueiros são os que mais lucram no Brasil.

Em relação à lucratividade, vale destacar um estudo do DIEESE, em que mostra o abuso nas tarifas de bancos privados e públicos. Segundo o estudo, baseado em dados dos balanços dos bancos em 2004 e 2008, quase todos os cinco principais bancos do país conseguem pagar totalmente sua folha de pagamento apenas com o valor das tarifas, cobradas da população que utiliza o sistema financeiro.

O campeão no quesito é o Santander, que consegue 200,3% de sua folha de pagamento com a receita de tarifas. Em 2004, o número era de 84,7%, o que também representa o maior crescimento entre as empresas pesquisadas. O Bradesco possui o segundo maior crescimento do período, partindo de 99,2% em 2004 para chegar a 156,5% de sua despesa com pessoal com arrecadação em prestação de serviços em 2008.

O Itaú consegue cobrir 158% da folha de pagamento com a receita de serviços, mesmo tendo apresentado queda em relação a 2004, quando essa receita era equivalente a 185,7% das despesas com pessoal. Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil também apresenta crescimento, partindo de 87% da folha em 2004 para 111% em 2008.

Urge que a sociedade brasileira faça o debate sobre as tarifas e taxas bancárias, pois todos os bancos, públicos e privados, deveriam praticar tarifas mais baixas para seus clientes, e essa receita é uma das bases de sustentação dos enormes lucros que o setor financeiro tem conseguido ano após ano; bem como apoiar a campanha mais bancário menos filas que o sindicado está realizando. Sendo assim, é de extrema importância o apoio da sociedade à categoria bancária, pois a greve è contra os banqueiros e não contra à população.

*Marlon George C. Palheta é vice-presidente do SEEB PA/AP e bancário do Banco da Amazônia
Obs.: Artigo publicado nos jornais Diário do Pará(28/09/09) e em O Liberal(29/09/09).

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