15 dezembro 2005

Econonia

Marlon George da Costa Palheta*

REFLEXOS DA TAXA DE JUROS
O PT assumiu o governo com compromisso com todo o país, sobretudo com o progresso social e econômico da parcela mais pobre da população. Como forma de promover o avanço social e a redistribuição virtuosa da renda na sociedade brasileira, o governo tem vários instrumentos que são banalizados pela política econômica e que envolve atuação do governo no conjunto da economia. Para que a política seja efetivada, o governo lança mão de uma série de instrumentos para atingir as metas macroeconômicas, entre os quais a taxa de juros, que é um meio pelo qual o governo pode incentivar ou desacelerar o crescimento econômico.
O COPOM – Comitê de Política Monetária, elevou a taxa SELIC em 0,25%- para 17,75% a.a. Esta política aplicada pelo governo só tem um mérito: favorece o combate à inflação e amplia as chances de que possam ser cumpridas as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Por outro lado, os seus efeitos são sentidos em outras áreas da economia. Este aumento deprime a demanda por bens duráveis de consumo, que sempre depende do custo e da disponibilidade de crédito, desestimulando, também, o investimento privado, isto é, a ampliação da capacidade produtiva indispensável para a sustentação do crescimento no médio e longo.
A política do BC provoca, além disso, concentração da renda nacional. O Brasil já tem uma das taxas de juro mais altas do mundo. Ostenta uma das piores distribuições de renda e de riqueza do planeta. Os beneficiários da sua política são os bancos e os detentores de patrimônio financeiro, ou seja, aquela minoria aquinhoada que embolsa os juros extraordinários pagos sobre papéis líquidos.
Os prejudicados são os que vivem do trabalho, isto é, aqueles cujos empregos, salários e esperanças sofrem com a continuação de um quadro de crescimento econômico modesto e de duvidosa sustentabilidade. Os juros extravagantes que o BC pratica e os rentistas recebem são pagos pelo governo. Assim, o BC vem dando poderosa contribuição ao desajuste das finanças públicas.
Para atender as despesas financeiras majoradas, o Ministério da Fazenda passa a buscar superávits primários ainda mais altos, o que contribui para manter a pesada carga tributária, reduzir os investimentos governamentais e imobilizar as políticas públicas de combate à pobreza e de distribuição de renda.
O aumento do juro, porém, não tem efeito sobre as pressões de preços provenientes de reajustes de serviços administrados -como energia elétrica e telefonia-, da alta do petróleo, apesar de a Petrobrás produzir 90% de seu consumo interno e do avanço das commodities, que são os principais fatores de inflação atualmente.
Urge que o governo mude os rumos da política econômica com a redução gradual da taxa de juros para fomentar o investimento privado, isto é, dando margem para a ampliação da capacidade produtiva indispensável para a sustentação do crescimento no médio e longo, ajustando as finanças públicas e reduzindo a carga tributária e assim fazer investimentos e com isso diminuir à pobreza e distribuir renda.
*Economista
obs.: artigo publicado no jornal O Liberal, jan./05

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