22 outubro 2018

O fenômeno Bolsonaro e o risco autoritário!

Quando fechávamos esta edição, Jair Bolsonaro liderava as pesquisas do 2º turno das eleições presidenciais. No 1º turno, ele teve 33% dos votos dos 147 milhões de eleitores, e Haddad 21%. Do total de eleitores, 27,32% não votou em nenhum candidato.

O PSDB foi nocauteado. Passou de 54 deputados eleitos em 2014 para 29 agora. O MDB foi de 66 para 34 deputados. O PSL de Bolsonaro passou de 1 para 52 deputados. Só 240 deputados de um total de 513 se reelegeram.
A maior bancada eleita de deputados foi a do PT, apesar de cair dos 88, em 2010, para 69, em 2014, e, agora, 56. Resultado que, se comparado com as eleições municipais de 2016, significa uma recuperação parcial.
O crescimento de Haddad e do PT no 1º turno, porém, foi uma alavanca para o crescimento exponencial de Bolsonaro. Ele absorveu as tradicionais bases de classe média do PSDB e acabou capitalizando e tendo o voto útil de um amplíssimo setor da classe operária que rompeu com o PT. Sua votação é também expressão distorcida do sentimento de mudança, contra a corrupção e os políticos tradicionais.
Os riscos autoritários de BolsonaroA vitória de Bolsonaro levaria a um governo reacionário. Daria sinal livre para a repressão e a ação de setores, grupos e gangues fascistoides, milicianos e jagunços contra quilombolas, camponeses, indígenas e setores oprimidos. Significaria sinal verde para os aparelhos de repressão matarem ainda mais pobres, negros e exercerem o controle social.
Haveria, provavelmente, uma trégua e expectativa dos que o elegeram no início. Mas os planos de um governo Bolsonaro e os ataques que fará contra a classe não tardarão a levá-lo à impopularidade, a dificuldades e crises em relação aos diversos setores burgueses e à institucionalidade.
Bolsonaro pode ser comparado a outros fenômenos de extrema-direita que existem pelo mundo. Surfa um sentimento antissistema numa situação de enorme polarização social e política e de profunda crise econômica e política e de divisão entre os de cima, descontentamento e mobilização nas classes médias e no proletariado. Se fosse apenas ele e seus filhos, apesar de seu discurso pró-tortura e ditadura, seria mais um populista de direita voltado à disputa eleitoral.
A principal particularidade do fenômeno Bolsonaro aqui no Brasil é que ele trouxe novamente as Forças Armadas para a política, para sua candidatura e a um futuro governo. Não é só seu vice, General Mourão. Os generais são um dos sustentáculos da sua candidatura. Estarão em ministérios chave e também no Judiciário e no Legislativo. Mourão já disse que, se necessário, pode dar um autogolpe. A partir do governo, dirigindo o aparelho de Estado, terão o caminho facilitado para aventuras golpistas.
Um governo reacionário como o de Bolsonaro vai buscar aumentar os traços autoritários do regime, não descartando que venha inclusive a alterá-lo qualitativamente. É por essa razão que o PSTU orienta a votar no 13 contra Bolsonaro, sem qualquer apoio político ao PT e se colocando de antemão na oposição.
LIÇÃO
A corresponsabilidade do PT pelo surgimento de Bolsonaro
A crise e o esgotamento do regime da Nova República são produto da crise capitalista econômica, social e política e do fracasso do projeto social-liberal e de administração do capitalismo pelos sucessivos governos do PT e de seu envolvimento com um tremendo processo de corrupção.
A falsa narrativa do golpe e a campanha “Lula Livre”, voltadas para objetivos eleitorais e colocando obstáculos para a continuidade das lutas e da greve geral contra as reformas e contra Temer, possibilitou que o sentimento antissistema existente na base pudesse ser aproveitado por alternativas de direita como Bolsonaro.
Há uma ruptura da classe operária e dos setores populares com o PT. Na falta de uma alternativa de direção revolucionária de massas contra o PT, a direita pode surfar esse processo. Porém está muito longe de a classe ou os setores populares terem contraído matrimônio indissolúvel com Bolsonaro ou terem se tornado fascistas.
A classe operária e trabalhadora não está derrotada. Os principais embates ainda estão por vir e não serão eleitorais. Nesse sentido, um governo reacionário poderá estar se instalando preventivamente e talvez precipitadamente. Vai tentar derrotar de antemão as lutas, mas será também um governo de crise.
A tendência é que se intensifique a luta de classes, e o palco principal dessa luta serão as fábricas, os locais de moradia e estudo e as ruas. A burguesia necessita realizar duros ataques aos trabalhadores e precisa de mais repressão. No entanto, para instalar uma ditadura militar, terá de derrotar a classe na ação.
É fundamental a frente única e a unidade para lutar no próximo período e, nelas, a luta pela construção de uma alternativa de direção revolucionária e não o caminho de construção de uma frente eleitoral ampla com a burguesia com um programa capitalista visando 2022.
Fonte: www.pstu.org.br

04 outubro 2018

BOLSONARO: DO ANONIMATO POLITICO A “MITO” NAS ELEIÇÕES 2018!



As eleições de 2018 trouxe à sociedade brasileira figuras que do anonimato político se transformou em “mito”, como no caso do Bolsonaro. Mas como surgiu esse “mito” tão admirável pelo povo brasileiro a ponto de torná-lo, provavelmente,  o futuro presidente do Brasil? Para essa resposta, vamos relembrar o passado político brasileiro. Depois de um período de “mordaça” política com o regime militar implantado em 64, a partir de 86 com o processo da democratização, várias figuras se destacaram na política brasileira. As primeiras eleições presidenciais livres e diretas no Brasil ocorreram em 1989 quando Fernando Collor de Mello, do PRN (Partido da Reconstrução Nacional), foi eleito. Abalado por casos de corrupção e financiamento ilegal de sua campanha eleitoral, Collor de Mello renunciou à presidência, em 1991, para evitar o processo de impeachment. De lá pra cá vários escândalos de corrupção reinou na sociedade, tendo as denuncias colocado em xeque o governo. Em maio de 2002 o Data folha divulgou pesquisa revelando que 69% acreditaram na existência de corrupção governo de FHC(PSDB), caso que ocorreu no processo de privatização da CIA Vale do Rio Doce. Neste cenário de escândalos de corrupção nos governos anteriores, surgi desde da eleição de 89 o então candidato do PT Lula da Silva, com o discurso da ética e tom de “partido que combate a corrupção” em 2003 chega ao poder. Em meio à crise política e econômica do governo Lula(mensalão) e que o mesmo consegue se desvencilhar do escandalo, surgi Dilma Roussef  que é eleita em 2010 . No dia 2 de dezembro de 2015, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, abrindo um período de tensão política. Os desdobramentos e descobertas da Operação Lava Jato elevaram a temperatura, com a prisão de parlamentares, ex-ministros e empresários e deixando o governo do PT em cheque com a sociedade. Nesse período de crise, geralmente surgi figuras salvador da pátria, como Bolsonaro, tendo como discurso de combater a corrupção, defender a família e contra todo o sistema pobre do Brasil. Com o legado deixado pelo PT que falhou em não combater  corrupção, Bolsonaro cresce na opinião pública como o “único” candidato capaz de resolver o problema no Brasil. Para o povo que não distingue o que significa fascismo, ele representa o “novo” na política, apesar de estar a 28 anos como deputado, e além de pertencer ao exército, instituição que tem credibilidade na sociedade, como ex-capitão. Assim, excluindo aqueles eleitores antipetistas, machistas, homofóbicos que tem Bolsonaro como seu líder, grande parte de seus eleitores são pessoas que acreditaram no PT e ficaram desiludidos por não resolver os problemas do povo nas questão da saúde, segurança, emprego e renda e sobretudo, na corrupção que é a principal bandeira de quem está lideranças todas as pesquisas pra presidente. Esse legado cabe à direção do PT, que criou essa figura lendária e folclórica chamada de “Mito”... Uma pena!!!!