Organizador do primeiro grande 'rolezinho' explica que a ideia do evento era conhecer novas pessoas
18 de janeiro de 2014 | 17h 33
Lourival Sant’Anna - O Estado de S. Paulo
Jefferson Luís, ou MC Jota L, seu nome artístico, é o primeiro organizador conhecido de um "rolezinho" no shopping, nos moldes dos que foram feitos a partir de dezembro. Numa amostra da criminalização do tema, o rapaz de 20 anos, que trabalha como entregador e mora em uma favela na Avenida Guarulhos, agora tem advogada e prefere não dar seu sobrenome nem comentar eventuais problemas com a polícia. Em entrevista ao Estado, ele explica que a intenção inicial era criar opção de lazer.
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Lourival Sant’Anna /Estadão
Criador do primeiro grande 'rolezinho, Jefferson Luís, mora em uma favela na Avenida Guarulhos.
Como surgiu a ideia de convidar para o rolezinho?
A ideia inicial foi reunir os jovens para se encontrar no shopping e fazer as coisasnormais que os outros fazem: tomar sorvete, conhecer pessoas novas. A intenção foi mesmo fazer um meio de lazer, que a gente não tem em Guarulhos nem em São Paulo. No fim de semana, jogo bola, empino pipa com a criançada e internet. A única coisa que a gente tem é isso. O único lugar de lazer é o Bosque Maia, que não tem atrativo para jovem.
E como foi lá?
Eu convidei meus colegas, que foram convidando outros colegas, foi juntando gente. Daí, a gente marcou um local exato, não o horário do encontro para não tumultuar de muita gente. A gente falou: cada um vai no horário que quiser, como se estivesse indo no shopping normalmente. Quando for a hora de ir embora, 8 horas, a gente se encontra na saída, conversa, tira foto e vai embora.
Teve tumulto?
Houve um corre-corre, um mal-entendido, não teve roubo nem arrastão. Acho que eles estão colocando muita coisa onde não tem. Teve um tumulto, sim, mas não foi tudo isso que as pessoas estão pensando que foi. No momento do corre-corre, eu não estava dentro do shopping. Meus colegas me disseram que estava um grupo de pessoas na praça de alimentação, não estava ocorrendo nada, mas uma mulher se sentiu ameaçada, ligou para a polícia e a polícia entrou no shopping. E quando você vê um monte de policial com cassetete na mão, você pensa o quê? Todo mundo correu, com medo. Foi aí que começou o tumulto.
Você pretende convocar outro?
Eu não sou mais a favor, por causa das pessoas que vão para badernar, que podem prejudicar outras pessoas. Mas também sei que é nosso direito ir ao shopping. Acho que serviu para alertar as autoridades de que a gente está sem lazer e o jovem não está mais parado. A gente está correndo atrás dos nossos direitos, que são meios de lazer.
O que você acha da proposta de alguns adultos de vocês se juntarem no sambódromo ou em parques?
Se eu chegar lá na prefeitura falando: ‘A gente pode usar seu sambódromo?’, eles vão falar: ‘Quem é você? O que você quer aqui?’ Então, a gente faz o que a gente consegue. A gente não tem poder de chegar na prefeitura e pedir o sambódromo. Nas praças, a gente não tem segurança. Eles não vão mandar a polícia para fazer segurança. No shopping, a gente tem a segurança, e é uma coisa que a gente gosta de fazer. Pode comer lanche, ir ao cinema, tomar sorvete, coisas que todos os jovens gostam de fazer. É esse o objetivo maior.
Lourival Sant’Anna - O Estado de S. Paulo
Jefferson Luís, ou MC Jota L, seu nome artístico, é o primeiro organizador conhecido de um "rolezinho" no shopping, nos moldes dos que foram feitos a partir de dezembro. Numa amostra da criminalização do tema, o rapaz de 20 anos, que trabalha como entregador e mora em uma favela na Avenida Guarulhos, agora tem advogada e prefere não dar seu sobrenome nem comentar eventuais problemas com a polícia. Em entrevista ao Estado, ele explica que a intenção inicial era criar opção de lazer.
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ALIÁS: O rolê da ralé
Lourival Sant’Anna /Estadão
Criador do primeiro grande 'rolezinho, Jefferson Luís, mora em uma favela na Avenida Guarulhos.
Como surgiu a ideia de convidar para o rolezinho?
A ideia inicial foi reunir os jovens para se encontrar no shopping e fazer as coisasnormais que os outros fazem: tomar sorvete, conhecer pessoas novas. A intenção foi mesmo fazer um meio de lazer, que a gente não tem em Guarulhos nem em São Paulo. No fim de semana, jogo bola, empino pipa com a criançada e internet. A única coisa que a gente tem é isso. O único lugar de lazer é o Bosque Maia, que não tem atrativo para jovem.
E como foi lá?
Eu convidei meus colegas, que foram convidando outros colegas, foi juntando gente. Daí, a gente marcou um local exato, não o horário do encontro para não tumultuar de muita gente. A gente falou: cada um vai no horário que quiser, como se estivesse indo no shopping normalmente. Quando for a hora de ir embora, 8 horas, a gente se encontra na saída, conversa, tira foto e vai embora.
Teve tumulto?
Houve um corre-corre, um mal-entendido, não teve roubo nem arrastão. Acho que eles estão colocando muita coisa onde não tem. Teve um tumulto, sim, mas não foi tudo isso que as pessoas estão pensando que foi. No momento do corre-corre, eu não estava dentro do shopping. Meus colegas me disseram que estava um grupo de pessoas na praça de alimentação, não estava ocorrendo nada, mas uma mulher se sentiu ameaçada, ligou para a polícia e a polícia entrou no shopping. E quando você vê um monte de policial com cassetete na mão, você pensa o quê? Todo mundo correu, com medo. Foi aí que começou o tumulto.
Você pretende convocar outro?
Eu não sou mais a favor, por causa das pessoas que vão para badernar, que podem prejudicar outras pessoas. Mas também sei que é nosso direito ir ao shopping. Acho que serviu para alertar as autoridades de que a gente está sem lazer e o jovem não está mais parado. A gente está correndo atrás dos nossos direitos, que são meios de lazer.
O que você acha da proposta de alguns adultos de vocês se juntarem no sambódromo ou em parques?
Se eu chegar lá na prefeitura falando: ‘A gente pode usar seu sambódromo?’, eles vão falar: ‘Quem é você? O que você quer aqui?’ Então, a gente faz o que a gente consegue. A gente não tem poder de chegar na prefeitura e pedir o sambódromo. Nas praças, a gente não tem segurança. Eles não vão mandar a polícia para fazer segurança. No shopping, a gente tem a segurança, e é uma coisa que a gente gosta de fazer. Pode comer lanche, ir ao cinema, tomar sorvete, coisas que todos os jovens gostam de fazer. É esse o objetivo maior.
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