30 agosto 2013

Mobilização da classe trabalhadora em Belém!

Trabalhadores, estudantes e movimento popular estiveram presentes
hoje na paralização comandadas pelas entidades sindicais. O ato saiu
de frente do bar do parque, na Presidente Vargas, e caminhou em direção
ao CIG- Centro Integrado do Governo do Estado. Várias paralizações
foram feitas e mais contudente foi em frente à TV Liberal, afiliada da Rede
Globo em Belém. Manifestantes queimaram um caixão com as palavras
de ordem "Fora  rede globo, o povo não é bobo". Depois seguiu para o CIG
e várias lideranças falaram no carro-som que os acompanhava. Muito bom
o ato e desde já parabenizo os militantes das centrais sindicais, sobretudo os
da CSPConlutas e da ANEL, que desde cedo estavam na concentração
panfletando e aguardando o início da passeata. Vejam as fotos do ato:

 









Reivindicações dos trabalhadores:
Fim do fator previdenciário;
Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas semanais;
Combate ao PL 4330 da Terceirização/Precarização do Trabalho;
Luta pelos 10% do PIB para a Educação;
10% do Orçamento da União para a Saúde;
Transporte Público de Qualidade;
Mobilidade urbana;
Valorização dos aposentados (as);
Reforma Agrária e Suspensão dos leilões do petróleo.

26 agosto 2013

Ação judicial sobre a 7ª e 8ª horas da AEBA.

INTERPOSIÇÃO DE AÇÃO JUDICIAL PLEITEANDO PERCEPÇÃO DE PAGAMENTO DE 7ª E 8ª HORAS.


AEBA informa aos associados que  assessoria jurídica da AEBA estará interpondo ação judicial visando o pagamento das 7ª e 8ª horas caso devida, pelo que os associados, deverão dirigir-se a sede da AEBA, munidos dos seguintes documentos:
-Copia de Carteira de Identidade;
-Cópia do CPF;
-Cópia do Comprovante de Residência, Fipes dos últimos 5(cinco) anos, ou do período em que o empregado irá pleitear a 7ª e 8ª horas;
-Cópia integral da CTPS;
- Indicação de três testemunhas de possam comprovar a real atividade do empregado, com nome completo, carteira de identidade, e profissão.

Marlon George.
88067124

20 agosto 2013

II acampamento da juventude do PSTU!

Um processo de conscientização da cidadania é o papel principal de uma organização. Seja na Universidade, seja em outros organismos de classe. Neste sentido, parabenizo aos dirigentes do PSTU de promover o acampamento de juventude, onde foram debatidos temas relevantes no contexto social que o Brasil vive atualmente. Um espaço de formação política em uma geração de jovens que tem um ideal: construir uma sociedade igualitária, com justiça social no contexto do socialismo. Participei apenas 1 dia, contribuindo com minha experiência. Mas não pude estar presente nos outros dias, pois iria, guiçá, aprender com esses maravilhosos jovens que formam a juventude do PSTU, além dos convidados - MBL, que estavam no evento. Valeu muito, pois " Um partido revolucionário baseia-se, verdadeiramente, em sua juventude ", Trotsky. Vejam as fotos do evento:

19 agosto 2013

O petróleo não garantirá os 10% do PIB para a Educação!

Hoje, 14/8/2013, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 323/2007, que destina para a área de educação e saúde os royalties do petróleo. Porém, tal destinação somente ocorrerá no caso de novos contratos de exploração, ou seja, referentes a poços de petróleo leiloados a partir de 3/12/2012. Apenas em alguns poucos casos a educação receberá recursos de poços já leiloados.   Dessa forma, não passa de mera ilusão a ampla propaganda que vem sendo feita a respeito da destinação de 100% dos royalties para educação, tendo em vista que apenas os royalties de futuras explorações de petróleo poderão ter essa destinação.   A tabela a seguir mostra o que de fato está projetado para ser investido em educação, conforme dados da Consultoria Legislativa, evidenciando que na melhor das hipóteses o que foi aprovado hoje representará apenas 0,6% do PIB para educação em 2022, e cifras ainda menores nos anos anteriores: 
Considerando que atualmente apenas 5% do PIB atual são investidos em educação, os recursos advindos do PL-323 aprovado hoje ainda ficarão muito distantes das demandas sociais refletidas na campanha que requer “10% do PIB para Educação Pública Já!”.   Além disso, o referido PL obriga a realização dos odiosos leilões do petróleo, como condição para que a educação receba essa ínfima parcela de recursos. No último leilão, em maio/2013, uma riqueza de cerca de 3 trilhões de dólares (segundo o SINDIPETRO) foi arrematada por um valor 2.143 vezes inferior à avaliação, ou seja, por R$ 2,8 bilhões. É evidente o dano ao patrimônio brasileiro, que está sendo entregue a diversas petroleiras (inclusive multinacionais).   Importante observar também que os royalties do Pré-Sal corresponderão a apenas 15% do valor da produção, contrariando os argumentos governistas de que este petróleo seria como um “bilhete premiado”, e que por isso o país deveria ter acesso a uma parcela significativa desta riqueza. Dessa forma, a maior parte da riqueza do Pré-Sal sequer faz parte do PL-323, e pode ficar com as empresas transnacionais do petróleo.   Em votação anterior da Câmara, havia sido aprovado que a União receberia um mínimo de 60% do chamado “excedente em óleo” (ou seja, o lucro da exploração do Pré-Sal, que abastece o “Fundo Social”), porém, na negociação de hoje, este dispositivo foi excluído. O governo definiu um mínimo de 41,65% para o próximo Leilão, rebaixando ainda mais a participação nacional.   De acordo com o projeto aprovado hoje, as áreas de educação e saúde ficarão com 50% dos recursos do principal do Fundo Social do Pré-Sal, e não apenas do rendimento deste Fundo, como vinha denunciando a Auditoria Cidadã da Dívida desde a aprovação da Lei 12.351/2010. Justamente essa parte que seria positiva para o País será objeto de questionamento por parte do governo, que já anunciou que irá apresentar projeto de lei para reverter esta decisão da Câmara. Desta forma, corre-se o risco de que os recursos do Fundo sejam direcionados para papéis podres, que inundam o mercado financeiro internacional em tempos de crise global.   É preciso ressaltar também que o próprio governo Federal já mostrou que não costuma respeitar as leis que definem a destinação dos recursos dos royalties. Em 2008, a União destinou cerca de R$ 20 bilhões em royalties – que deveriam ter financiado áreas como o Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia – para o pagamento da dívida pública, amparado no questionável art. 13 da Medida Provisória 450 (já convertida na Lei 11.943/2009). Portanto, nada impede que o governo se utilize novamente deste artifício para retirar estes recursos da educação para beneficiar ainda mais os rentistas da dívida pública.   As discussões fundamentais sobre a questão do petróleo não fazem parte do PL-323, por exemplo:   -       Por que as petroleiras transnacionais ficam com a maior parte da riqueza do petróleo brasileiro?   -       Por que faltam recursos para educação, saúde e demais áreas sociais, em flagrante desrespeito ao art. 6o da Constituição Federal?   -       Considerando que o pagamento de juros e amortizações da dívida tem absorvido, por ano, cerca de 17% do PIB, por que não se realiza uma completa auditoria dessa dívida, como manda o art. 26 do ADCT da Constituição, até hoje não cumprido?   É evidente que o debate sobre a destinação de recursos para educação no PL-323 cria uma cortina de fumaça para encobrir a enorme entrega de recursos públicos em flagrante desrespeito à Constituição. 

Fonte: CSPconlutas.org.br

15 agosto 2013

O que queremos com a crítica aos Black Bloc?.

Uma vez mais, sobre a polêmica com o Black Bloc

Suprimir o debate de ideias é suprimir a própria essência da democracia do movimento

 
Na última edição do Opinião Socialista, abrimos uma polêmica com o chamado Black Bloc, ou seja, com a tática adotada por um setor de manifestantes de promover a destruição de símbolos do capitalismo, como vitrines de bancos e grandes empresas. Muitos ativistas se surpreenderam com o artigo porque, até agora, nenhuma organização tinha ousado criticar publicamente a tática, como se o fato de os blackblockers estarem muitas vezes à frente dos confrontos ou serem perseguidos pela polícia os eximisse da crítica política.
 
Nós, ao contrário, consideramos que o debate aberto das diferenças, acompanhado da lealdade na luta e solidariedade mútua frente à repressão, sempre foi parte das tradições do movimento operário e socialista, tradição essa que nós reivindicamos (e, também, da tradição anarquista, reivindicada por muitos blackblockers). Não vemos nenhum motivo para que esse critério não seja aplicado também neste caso. Suprimir o debate de ideias é suprimir a própria essência da democracia do movimento. Mas voltaremos a esse tema mais adiante.
 
De uma forma ou de outra, a polêmica foi aberta. Desde então, novos argumentos surgiram. Analisemos alguns deles.
 
Não à criminalização do Black Bloc
Antes de tudo, comecemos por reafirmar o básico: somos contra a criminalização de qualquer movimento social, ativista ou organização. Desde o início dos protestos, temos defendido, incondicionalmente, todo e qualquer manifestante da repressão policial. A CSP-Conlutas, por exemplo, onde atuam os sindicalistas do PSTU, garantiu a presença de advogados nas grandes delegacias de São Paulo e do Rio de Janeiro durante os principais protestos. Esses advogados conseguiram não poucos habeas corpus para os presos políticos de Cabral e de Alckmin.
 
O PSTU tem como princípio a defesa incondicional dos movimentos sociais frente à repressão da polícia e do Estado, independentemente de possuir acordo político com as organizações e ativistas perseguidos. Coerente com isso, estamos absolutamente contra a repressão e a prisão, sob qualquer justificativa, de membros do Black Bloc, assim como de qualquer outro ativista dos movimentos sociais, sejam anarquistas, sejam petistas, adeptos de ações de vanguarda ou ativistas de uma greve.
 
Essa ideia básica precisa ser reafirmada porque, infelizmente, muitas organizações e ativistas perderam esse reflexo elementar. Um triste exemplo disso foi a declaração de Marcelo Freixo, do PSOL, que, no dia 18 de julho, em entrevista ao jornal O Dia, disse:“Não dá para concordar com quebra-quebra, é claro que a polícia tem que prender quem estiver depredando o patrimônio público ou privado. A polícia tem que agir dentro do que a lei determina.”
 
A exigência de que a polícia prenda manifestantes, seja pelo motivo que for, vinda de uma importante figura do PSOL, é um desserviço completo ao movimento e favorece a criminalização das lutas. O Estado vigente busca a proteção e a manutenção da democracia burguesa e da propriedade privada, utilizando, para isso, serviços de segurança que deveriam estar a serviço da população.
 
Sobre esse aspecto em específico, estamos de acordo com o que muitos ativistas têm afirmado: que os crimes cometidos pelos bancos e grandes empresas são muito mais graves do que a destruição de algumas vitrines. Que se prenda, portanto, os banqueiros, não os blackblockers.
 
Outro exemplo, ainda mais grave, de ruptura com um princípio tão caro aos movimentos sociais, partiu de um militante da CTB, central ligada ao PCdoB, no Rio de Janeiro. No dia 11 de julho, na manifestação unitária do dia de paralisações e greves das centrais sindicais, um ativista Black Bloc foi agarrado e entregue à polícia, numa ação de fazer inveja a qualquer P2 (policial infiltrado).
 
Ações como essas devem ser condenadas veementemente pelo conjunto dos movimentos sociais, para consolidar, na vanguarda e nos fóruns do movimento, o princípio de que, independentemente das diferenças entre organizações e ativistas, poderemos contar uns com os outros contra a repressão policial.
 
O que realmente está em discussão?
Mas a defesa dos lutadores frente à repressão de nenhuma maneira pode se confundir com o apoio político às ações e à ideologia dos Black Bloc. Quando o PSTU se pronuncia contrário às bases ideológicas do movimento ou contra determinadas ações do grupo, não significa que concordamos com a campanha difamatória da grande mídia ou com a repressão policial.
 
Queremos discutir com os Black Bloc, pois, em nossa opinião, sua estratégia está equivocada. É um debate que não pode ser feito de outra forma que não seja pública, fraterna e aberta.
 
O debate é que, tendo surgido como uma tática defensiva contra as desocupações urbanas na Alemanha, nos anos 1980, os Black Bloc se transformaram numa estratégia em si mesma, descolada do movimento de massas, desligada de sua consciência, de seus mecanismos e de sua vontade. Tornaram-se uma ação autocentrada, que tem sempre um único e mesmo objetivo, independentemente da situação concreta e da correlação de forças: destruir símbolos do capitalismo, causando-lhes prejuízos financeiros.
 
Em recente entrevista à revista Carta Capital, um ativista blackblocker declarou: “Nossa sociedade vive permeada por símbolos (...). Participar de um Black Bloc é fazer uso desses símbolos para quebrar pré-conceitos e condicionamentos”. E mais adiante: “a estratégia Black Bloc é uma estratégia performática antes de tudo.” Ou seja, o objetivo dos Black Bloc é realizar sua performance independentemente da vontade e disposição das massas. Seu critério não é se sua ação atrai ou afasta os trabalhadores do movimento; se facilita ou dificulta o trabalho da grande imprensa em jogar o povo contra o movimento, ou se cria a justificativa, perante a população, para a repressão policial.
 
Evidentemente não estamos dizendo que a polícia reprime as mobilizações por causa da ação dos Black Bloc. A polícia é parte do aparato repressivo do Estado burguês e é da sua natureza reprimir as manifestações. O que estamos dizendo é que a polícia, os governos e a imprensa burguesa utilizam as ações dos blackblockers como mais uma justificativa para essa repressão.
 
Em nossa opinião, a principal tarefa da vanguarda hoje é massificar as manifestações de rua, dar a elas uma orientação política clara contra os governos e contra o capitalismo, levar a mobilização para dentro dos locais de trabalho e impulsionar os organismos democráticos do movimento (como a Assembleia Popular Horizontal de BH, o Bloco de Lutas de Porto Alegre e o Fórum de Lutas do Rio).
 
Como lutar contra o capital?
Os blackblockers afirmam que suas ações são direcionadas contra o sistema capitalista. Num manifesto publicado na internet lemos: “Acreditamos que a forma mais eficaz de atingir grandes corporações dá-se no âmbito financeiro. Daí o caráter hostil de nossas ações contra multinacionais e semelhantes” (Manifesto Black Bloc). Ou então: “Um dos objetivos do Black Bloc sempre foi promover grandes prejuízos financeiros às empresas identificadas com o sistema capitalista” (Revista Mortal).
 
Estas frases parecem muito radicais, mas na verdade são muito moderadas. A luta contra a burguesia não é uma luta para causar-lhe prejuízos financeiros, mas para eliminá-la enquanto classe, para arrancar de suas mãos toda a riqueza que possui, abolir o lucro e colocar o potencial produtivo das empresas nacionalizadas a serviço do bem comum. Ou seja, a luta pelo socialismo. Essa luta, por sua enorme dimensão e pelos inimigos que enfrenta, só pode ser uma luta de massas, uma verdadeira revolução. A mera destruição da propriedade pode ser uma forma de expressar o ódio ao sistema, mas sua eficácia na luta contra o Capital é nula.
 
Ações de vanguarda a serviço da mobilização das massas
Como condenamos as ações isoladas de vanguarda, muitos companheiros concluem, erroneamente, que o PSTU teria uma posição passiva em relação às massas. Vamos ficar sentados esperando?, perguntam. Não, respondemos. Somos a favor de que a vanguarda realize ações e atue corajosa e praticamente. Com uma única condição: que cada ação da vanguarda sirva para aproximar as massas do movimento e atraí-las. Nunca afastá-las.
 
A vanguarda combativa e consciente pode e deve atuar: realizar atos, passeatas (mesmo que pequenas!), ir para a porta das fábricas e das escolas convocar e agitar, promover campanhas, divulgar denúncias etc. Mas, tudo isso deve ser feito para se aproximar cada vez mais das massas, captar seus anseios, esclarecer suas confusões, imputar-lhes coragem e confiança em suas próprias forças.
 
O que condenamos, portanto, não são as ações de vanguarda em geral, mas uma ação muito específica: a tentativa, por parte de setores de vanguarda, de substituir as massas naquelas tarefas que só podem ser cumpridas pelas próprias massas.
 
A polêmica pública ajuda a repressão?
A afirmação de que, ao invés de criticar a tática dos Black Bloc, o PSTU deveria criticar a ação da polícia e do governo não faz o menor sentido. Em primeiro lugar, porque nunca deixamos de combater a polícia e o governo. Em segundo, porque a luta contra essas instituições não elimina a necessidade de crítica a um setor do próprio movimento, que é feita por razões completamente distintas.
 
A visão de que o debate de ideias ajuda a repressão, essa, sim, é uma ideia prejudicial ao movimento. Cria figuras ou organizações supostamente intocáveis, que nunca podem ser criticadas politicamente porque são perseguidas.
 
Ora, a repressão pode obrigar todos nós a lutarmos juntos, ombro a ombro (e com frequência obriga), mas jamais deve ser usada como argumento para forçar o alinhamento político.
 
Além disso, será mesmo verdade que a imprensa e o governo precisam das polêmicas internas do movimento para atacá-lo? Pensamos que não. Ao contrário: a demonstração pública de que, em nosso movimento, resolvemos nossas diferenças de forma democrática e através do debate é um ótimo cala-boca à imprensa, que tenta nos passar a pecha de terroristas, baderneiros e antidemocráticos.
 
O que queremos com a crítica aos Black Bloc?
Alguns companheiros nos acusam de tentar desmoralizar os blackblockers. Isso não é verdade. O que queremos, ao contrário, é justamente evitar a desmoralização de jovens muitas vezes sinceros e aguerridos, dispostos aos mais duros combates, mas que não têm estratégia nem programa.
 
Queremos evitar, a todo o custo, que eles olhem mais tarde com desprezo para a classe trabalhadora, se ressintam de que ela não entendeu suas ações valentes, não se levantou em sua defesa e, então, abandonem a luta. Ao longo da história, não foram poucos os lutadores que se perderam por este rumo. Eram sempre os mais valiosos, os mais corajosos, mas também os mais impacientes.
 
Outros companheiros se surpreenderam com a polêmica que abrimos. E nós nos surpreendemos com a sua surpresa porque lembramos de nossa própria história. Surgimos, como organização, em meados dos anos 1970, no auge da luta armada. Nosso primeiro documento público foi um pequeno artigo intitulado “A propósito de um sequestro”, uma dura crítica política às organizações guerrilheiras, heroicas em suas ações, mas afastadas da vida real e das pequenas lutas da classe trabalhadora, a única força potencialmente capaz de derrubar a ditadura naquele momento. Não foi uma polêmica fácil.
 
Alguns anos mais tarde, quando todas as organizações guerrilheiras já se encontravam destruídas e seus líderes mortos ou exilados, as greves operárias do ABC colocaram os militares em xeque, e a história nos deu razão. Seria prudente não esquecer esse tipo de lição que o passado nos oferece gratuitamente e em abundância.
 
Sim, nosso projeto tem pressa, ele sempre teve pressa. Mas a história não constrói atalhos. E o movimento de massas e sua vanguarda não podem vencer nutridos do autoengano.
 
Eis, em resumo, o sentido de toda a discussão.

12 agosto 2013

Sobre partidos, sonhos e traições!

Muitos questionam: o PSTU poderia virar um novo PT? A pergunta faz sentido pois isso aconteceu com muitos partidos. A diferença é que fomos expulsos do PT justamente por nos opormos ao rumo oportunista e traidor desse partido

Convergência Socialista nas ruas pelo "Fora Collor", contrariando a orientação da direção do PT na época
Temos dito nas páginas do Opinião que os gigantescos protestos de junho e o Dia Nacional de Luta e Paralisação, de 11 de julho, são, apesar das enormes diferenças na forma, parte de um mesmo despertar da juventude, dos trabalhadores e da população brasileira em geral, de uma mesma luta contra os governos municipais, estaduais e federal. As jornadas de junho, convocadas de maneira horizontal e espontânea pelas redes sociais, deram o ânimo necessário e abriram o caminho para que a classe trabalhadora organizada, que move a economia do país, também entrasse em cena, o que não é de forma alguma secundário: cidades inteiras praticamente pararam, 25 rodovias federais foram bloqueadas, cerca de 2 milhões de trabalhadores cruzaram os braços, e algumas dezenas de milhares saíram às ruas em protestos.
Por outro lado, continua existindo uma forte desconfiança por parte de alguns ativistas para com os partidos tradicionais. Jovens que estiveram na linha de frente das mobilizações de junho se perguntam: partidos políticos são realmente necessários? Não serão todos os partidos iguais? O PT, tendo nascido como um partido diferente, também traiu as esperanças do povo. Não será este o destino inevitável de todos os partidos? Além disso, muitos lutadores questionam-se também sobre as organizações sindicais: sua estrutura muitas vezes burocrática, seu financiamento a partir do imposto sindical, seus líderes vendidos etc. “Não será melhor manter essas organizações longe de nosso movimento?”, pensam. São dúvidas e sentimentos legítimos. Vejamos um a um.
Negar o velho...
Em primeiro lugar, é preciso dizer que a desconfiança sentida pelos ativistas com relação aos partidos tradicionais e aos sindicatos burocráticos é algo progressivo. De fato, os partidos tradicionais, como PT, PSDB, PMDB, PV etc., os sindicatos burocratizados, as centrais governistas, como a CUT e a Força Sindical, e as entidades estudantis cooptadas, como a UNE e a UBES, são parte fundamental da sustentação do atual regime político e social no Brasil. Em maior ou menor grau, nesta ou naquela região, todos eles são ou foram governo. E quem não foi diretamente governo... pelo menos apoiou algum governante. Carregam, portanto, uma boa parte da culpa por tudo o que está aí.
O PMDB, por exemplo, foi o partido encarregado pelos militares de realizar a transição “lenta, gradual e controlada” da ditadura à atual democracia dos ricos; foi o partido do caos político e social dos anos 1980; o partido de Sarney quando este era presidente; o partido que levou o país à hiperinflação, à crise da dívida externa e a tantas outras desgraças pelas quais o Brasil passou naquela que ficou conhecida como “a década perdida”.
O PSDB, por sua parte, foi o partido do Plano Real, um plano muito cultuado pela burguesia, mas que na verdade trouxe ao país o desemprego avassalador dos anos 1990, as privatizações, os escândalos de corrupção, a crimininalização dos movimentos sociais e a destruição dos serviços públicos.
Já o PT, que prometia mudar o país, aprofundou a política econômica do PSDB: se sujou em escândalos de corrupção ainda mais vergonhosos; entregou ainda mais riquezes para as multinacionais; criminalizou ainda mais os movimentos sociais; beneficiou ainda mais o agronegócio e o latifúndio; sucateou ainda mais os serviços públicos. Ou seja, não inventou nada de novo, mas fez de maneira ainda mais selvagem tudo aquilo que o PSDB já tinha feito.
Os sindicatos burocratizados e as centrais governistas não deixam por menos na lista de barbaridades. É uma triste verdade que muitos sindicatos e centrais são sustentados pelo dinheiro do famigerado imposto sindical ou com verbas diretas do governo. Ainda em 2003, a CUT foi incorporada ao Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico de Lula, e seu ex-presidente Luiz Marinho se tornou Ministro do Trabalho. Depois veio a vez da Força Sindical, controlada pelo PDT, ficar à frente do Ministério do Trabalho. A UNE, por sua vez, recebeu de Lula cerca de R$ 50 milhões para a reconstrução de sua sede, no Rio de Janeiro. O resultado desse processo de cooptação foi que essas organizações deixaram de lutar pelos interesses daqueles que diziam representar, e passaram a defender unicamente seus próprios interesses de burocratas e seus cargos de confiança. A CUT passou a defender a retirada de direitos trabalhistas da CLT e a UNE conseguiu restringir um direito histórico dos estudantes brasileiros, a meia-entrada, além de agirem como cães de guarda de Sarney e Renan Calheiros (ambos do PMDB) sempre que estes se envolvem em algum escândalo.
Ou seja, sindicatos burocráticos e partidos tradicionais são parte da ordem estabelecida e foi contra essa ordem que as manifestações de junho ocorreram. Portanto, não faltam motivos para desconfiar dessas organizações e rejeitá-las. É exatamente por isso que dizemos que esse sentimento de desconfiança é progressivo: porque desconfiar dessas organizações é dizer: “Não queremos mais ser traídos ou enganados! Chega!” É um sentimento justo, que compratilhamos com milhares de ativistas e lutadores sociais.
… para construir o novo!
Mas a rejeição aos partidos tradicionais e aos sindicatos burocratizados não pode significar uma rejeição a toda e qualquer forma de organização. As mobilizações de junho criaram novos e importantes organismos de unidade de todos os lutadores, como a Assembleia Popular em Belo Horizonte, o Bloco de Lutas em Porto Alegre, o Fórum de Lutas no Rio de Janeiro e alguns outros. Agora, para que a luta avance, é preciso que esses espaços se liguem às organizações combativas e democráticas dos trabalhadores. E essas organizações existem! Ainda que sejam poucas, ainda que sejam minoritárias!
A classe trabalhadora não pode ficar desorganizada. Ela precisa de sindicatos combativos e democráticos, onde as ações de luta e mobilização sejam discutidas e votadas democraticamente e acatadas por todos, em primeiro lugar pelos próprios dirigentes sindicais.
Da mesma forma, os próprios organismos surgidos das manifestações de junho precisam avançar em sua organização, adotando os métodos da democracia de base: onde há muita discussão, total liberdade de expressão, mas onde as decisões tomadas são respeitadas por todos; onde a ação individual é substituída pela ação coletiva organizada; onde as minorias são ouvidas e valorizadas, mas a maioria decide e todos cumprem.
A unidade desses novos organismos com o movimento sindical, popular e estudantil democrático e combativo daria às mobilizações uma força nova e irresistível!
A CSP-Conlutas e a ANEL são (a primeira desde 2006; e a segunda desde 2009) a tentativa por parte dos setores democráticos do movimento sindical, popular e estudantil de romper com as formas burocráticas de organização e luta. São a expressão organizativa da ruptura com as velhas burocracias governistas da CUT e da UNE; são o impulso pela construção de algo totalmente novo, democrático e participativo, mas ao mesmo tempo combativo e organizado.
É preciso mesmo um partido?
Além do questionamento às organizações sindicais e estudantis, existe também por parte de muitos ativistas (e com mais força ainda!) um questionamento aos partidos políticos. Mais uma vez, a desconfiança em si é saudável, mas precisa ser esclarecida.
Um partido político é necessário porque nenhuma onda revolucionária, nenhum movimento de massas, por mais poderoso que seja, pode seguir existindo indefinidamente se não sabe para onde vai, quais são seus objetivos, quem são seus aliados e quem são seus inimigos. A atual onda de mobilizações no Brasil é a coisa mais fantástica que aconteceu no país pelo menos nos últimos 30 anos, mas se ela não se voltar contra o sistema como um todo, contra o regime político e social existente e contra todos os governos que o sustentam – ela não poderá ser vitoriosa, e a burguesia, após o susto momentâneo, continuará seu reinado de horror e exploração.
Houve na história muitas revoluções. Em muitas delas os povos rebelados deram provas de grande sacrifício e lutaram bravamente. Mas nunca houve na história uma revolução que triunfasse sem ter à sua frente um forte partido político revolucionário rigidamente organizado. Se a existência de um partido abre a possibilidade da burocratização, a inexistência deste significa a certeza absoluta da derrota. Todo o passado histórico assim o demonstra.
Aqueles que dizem que “não é necessário um partido” estão dizendo, em outras palavras, que a sociedade não precisa mudar de verdade, que o movimento é tudo e o objetivo final é nada. Nós, ao contrário, dizemos que um partido sim é necessário. Mas não “qualquer” partido, e sim um partido que tenha provado através de sua própria história que é diferente dos outros partidos da ordem, um partido democrático em seu funcionamento, onde os militantes participem de suas decisões de maneira cotidiana e consciente, um partido ligado à classe trabalhadora e seus setores mais explorados e oprimidos, um partido da juventude com trabalho e estudos precários e também da juventude sem trabalho e sem estudos, um partido que respeite as decisões e a vontade do movimento, que não tente impor sua política por métodos burocráticos ou enganosos, que divulgue abertamente suas propostas, mas que acate a decisão da maioria. Enfim, um partido socialista e revolucionário.
Por que o PSTU não é igual ao PT?
Comecemos com uma resposta geral: porque somos um partido socialista e revolucionário. Essa frase parece pouco para explicar a diferença entre nós e o PT, mas não é. Significa que, diferente do PT (que sempre foi um partido para a luta parlamentar por reformas), o sentido de nossa existência é a luta da classe trabalhadora por sua necessidade histórica: uma revolução que acabe com o capitalismo e comece a construir uma nova sociedade, livre da opressão e da exploração: o socialismo.
Mas no meio do caminho, não poderíamos nos degenerar e virar um novo PT? Essa pergunta faz todo o sentido porque isso aconteceu com muitos. A diferença entre o PSTU e os “muitos” é que nós já fizemos parte do PT e fomos expulsos dessa organização em 1991, justamente por nos opormos ao rumo oportunista e traidor que a direção petista impunha ao conjunto do partido.
Nem a possibilidade de eleger muitos parlamentares pela sigla petista (ou até prefeitos e governadores!), nem a possibilidade de cargos no governo federal a partir da vitória de Lula em 2002 – nada disso nos fez jamais duvidar do curso que tomamos; nada disso nos puxou de volta ao PT ou fez com que baixássemos o tom de críticas e exigências a Lula e agora a Dilma.
Além disso, funcionamos de uma maneira diferente: nossos parlamentares recebem o mesmo salário de um trabalhador comum; nossos dirigentes sindicais e figuras públicas aplicam estritamente as decisões tomadas coletivamente pelo partido, somos sustentados pelo esforço financeiro dos próprios militantes, filiados e simpatizantes, sem receber um único centavo de empresas e governos.
Acreditamos, portanto, que tenhamos provado na prática, não em teoria, a solidez de nossa vontade.
A traição e o sonho
O neoliberalismo individualista se demonstrou um fracasso completo e uma grande mentira; os velhos aparatos, partidos tradicionais e governos falharam em sua missão de alienar, reprimir e explorar uma população já tão sofrida, e os melhores filhos da nação se ergueram em luta. Eles experimentam suas forças, estabelecem alianças, descobrem seus inimigos, chutam bombas de volta para a polícia, levantam os colegas caídos. E assim aprendem e avançam. Será difícil detê-los. Há algo no espírito humano que nos empurra à colaboração, à coletividade e à luta por liberdade. Esta é a raíz mais profunda do momento que vivemos hoje, é o sentido do sonho socialista, tantas vezes pisoteado e traído por tantas organizações. Mas a traição de um sonho deve servir para enterrar os traidores. Nunca o próprio sonho.

07 agosto 2013

Uma estratégia para fortalecer a luta dos trabalhadores ou para defender o governo Dilma?

Sobre Encontro nacional de movimentos sociais convocado pelo MST

Zé Maria e Élio Neves *  


Circula nas redes sociais uma carta convite para uma plenária nacional de movimentos sociais a se realizar no dia 5 de agosto. A carta é assinada pelo dirigente do MST, João Pedro Stédile e pela companheira Paola Estrada, da ALBA. O objetivo seria debater a situação atual do país e as tarefas dos movimentos sociais frente a ela. No entanto, a carta convite adianta uma avaliação e, principalmente, uma estratégia política frente ao cenário que se abriu no país com as manifestações de junho.

No texto, os companheiros avaliam que “o governo Dilma assustado com as mobilizações dos jovens tentou tomar iniciativa política com a proposta de Constituinte, do plebiscito e dos 5 temas de mudança. Mas, em nossa opinião, vem sendo sistematicamente derrotada por sua própria base parlamentar...”. Afirma que a “agenda principal agora é lutar por reformas políticas...” para “a partir da reforma política, abrir a possibilidade das reformas estruturais, como reforma agrária, prioridade dos recursos públicos para educação, saúde, transporte público...”.

A partir deste raciocínio, propõe aos movimentos “abraçar a bandeira da realização de um plebiscito popular, a ser organizado, coordenado e realizado por todas as forças populares...”. E que este plebiscito “deveria ter apenas uma única questão: Você aprova a convocação de uma Constituinte exclusiva, a ser eleita pelo povo, de forma independente, para fazer as reformas políticas no país?”. Propõe este como o grande objetivo das lutas dos trabalhadores neste período.

Chega a chamar a paralisação nacional convocada pelas centrais sindicais para 30 de agosto de “paralisação pelas reformas”, como se não soubessem que reforma política e plebiscito sequer constam na pauta de reivindicações aprovadas pelas centrais. Da mesma forma, propõem que seja este o signo das mobilizações do Grito dos Excluídos até a luta contra os leilões das reservas de petróleo em outubro.

Para tentar dar algum sentido lógico a tudo isso, a carta apresenta uma avaliação de que “é muito difícil arrancar nesse momento conquistas, mesmo das pautas mais econômicas”. E o faz justamente num momento em que diversos governos, acuados pelas mobilizações populares, foram obrigados a recuar no aumento dos preços das passagens. Os companheiros sugerem, na carta convite ao encontro de 5 de agosto, que é preciso mudar o sistema político para que os trabalhadores possam obter vitórias econômicas.

Nós também consideramos importante promover mudanças no sistema político brasileiro, que é totalmente controlado pelos grandes grupos econômicos. É do interesse dos trabalhadores medidas como a redução dos salários dos políticos, a prisão e o confisco dos bens dos corruptos e corruptores; proibição de financiamento das campanhas por empresas; a revogabilidade dos mandatos, dentre outras. Mas é esse o debate que estará colocado numa eventual Constituinte Exclusiva? Os companheiros da direção do MST acreditam mesmo nisso?

Por outro lado, que o Congresso Nacional que aí está só vota projetos contra o povo nós sabemos sim. Ele é controlado pelos bancos e grandes empresas. Por isso estamos fazendo mobilização em todo o país (como o protesto de 11 de julho) para exigir dos deputados e senadores a derrubada do veto ao fim do Fator Previdenciário, o arquivamento do PL 4330 (das terceirizações) e o PL 092 (que privatiza os serviços públicos de saúde e educação), entre outras demandas. Mas é por conta disso que Dilma não atende às reivindicações dos trabalhadores brasileiros? Desculpa esfarrapada.

De qualquer forma, a questão mais importante que se coloca aqui é outra: É correto, num momento de ofensiva da luta dos trabalhadores no Brasil – como o que estamos vivendo – colocar em segundo plano as nossas reivindicações para lutar por uma Constituinte?

É preciso, mesmo, uma Constituinte para que Dilma suspenda o pagamento da dívida externa e interna e invista estes recursos em políticas para melhorar a vida do povo? Para que Dilma suspenda os leilões das reservas de petróleo e pare as privatizações? É preciso uma Constituinte para que o governo Dilma decida investir 10% na educação pública? Ou para que Dilma pare de dar dinheiro para o Agronegócio e invista na reforma agrária?

Todos nós e isso inclui, seguramente, os que assinam a carta convite, sabemos que não. Sabemos que estas são decisões de governo, e que não são tomadas porque o governo não quer. O argumento de Dilma (em junho) e de João Pedro Stédile (agora), de que é preciso uma Constituinte, busca apenas livrar a cara do governo frente à cobrança das manifestações de rua e da luta dos trabalhadores, que ganha novo patamar com o protesto de 11 de julho e a paralisação nacional marcada para 30 de agosto.

Houve uma mudança na realidade política do país, com a entrada em cena de milhares, na verdade, milhões de pessoas, com a juventude popular, estudantil e trabalhadora. Os governos estão na defensiva, inclusive o governo de Dilma, do PT, e partidos aliados. E as massas estão na ofensiva. Mais fortes agora, depois da entrada organizada dos trabalhadores na luta, em 11 de julho. Esta conjuntura coloca a possibilidade de uma greve geral que derrote o modelo econômico atual e aponte um programa de ruptura com os interesses capitalistas. Isto não é pauta econômica. É a pauta mais política que se pode levantar neste momento: contrapor os interesses dos trabalhadores aos interesses do grande empresariado.

É deste problema que a presidenta Dilma quer fugir. Seu governo tem atendido religiosa e prontamente todos os interesses dos grandes capitalistas e ignorado solenemente os interesses da classe trabalhadora (que o digam aqueles que lutam pela reforma agrária no Brasil). Se a luta dos trabalhadores avançar na busca por suas reivindicações, vai ameaçar necessariamente os privilégios da burguesia, mantidos pelo modelo econômico vigente. E vai chocar-se, portanto, com o seu governo, que sustenta este modelo econômico.

A estratégia proposta pela carta convite ao encontro de 5 de agosto acaba tendo a mesma função, então, da Constituinte e do plebiscito proposto por Dilma no auge das mobilizações de junho: a de uma cortina de fumaça, para tentar desviar os trabalhadores da luta que pode – e deve – colocar em cheque o modelo econômico vigente, porque ele atende tão somente aos interesses dos bancos e grandes empresas. E desviar as lutas para que não se choquem com os governos atuais que aplicam este modelo.

E nós precisamos sim, questionar o modelo econômico que aí está, e também os governos que o aplicam. É isso que pode levar às mudanças que precisamos no país, afirmando um programa econômico e de governo alternativo, que atenda aos interesses dos trabalhadores. A plataforma unificada da Jornada Nacional promovida pela CSP Conlutas, CUT Pode Mais, FERAESP, CNTA e Setor Majoritário da Condsef é uma referência para a construção deste programa:
 Melhoria da qualidade e diminuição do preço dos transportes coletivos: chega de desrespeito à população, mais ônibus e metrôs de qualidade;
 Congelamento dos preços dos alimentos e tarifas públicas – Aumento geral dos salários;
 10% do PIB para a educação pública: pagamento do piso nacional aos trabalhadores em educação, escola pública de qualidade para todos;
 10% do orçamento para a saúde pública: saúde não é mercadoria, chega de filas e mortes nos hospitais públicos;
 Fim dos leilões das reservas do petróleo: chega de privatização e entrega do patrimônio brasileiro;
 Fim do fator previdenciário e aumento do valor das aposentadorias: respeito e dignidade para quem construiu esse país;
 Redução da jornada de trabalho: trabalhar menos para ter qualidade de vida e tempo para a família;
 Contra o PL 4330: chega de terceirizações e precarização do trabalho;
 Reforma Agrária: terra para quem nela vive e trabalha;
 Salário igual para trabalho igual: basta de discriminação à mulher no trabalho;
  Não pagamento da dívida externa e interna aos banqueiros e especuladores;
  Contra as privatizações do patrimônio e dos serviços públicos;
  Chega de recursos públicos para as grandes empresas (desonerações, isenções fiscais, créditos subsidiados e etc...);
  Cobrança imediata das dívidas das grandes empresas (nacionais e estrangeiras) com o INSS, FGTS, BNDES  e Bancos Estatais;
  Redução da taxa de juros e fim do superávit primário;
  Contra toda forma de discriminação e opressão;
  Contra a criminalização das lutas e das organizações dos trabalhadores e da juventude.

*Zé Maria é metalúrgico e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
 *Élio Neves é assalariado rural e presidente da FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo




“Não há violência no Black Bloc. Há performance”.



Manifestante anarquista, que participou das ações diretas em São Paulo, fala com CartaCapital sobre os protestos e a depredação de bancos e concessionárias

Quebrar bancos não é violência, é performance. Esta é opinião de uma manifestante dos black blocs, tática que vem ganhando adeptos no Brasil. Participante dos protestos em São Paulo na última semana, que resultaram na quebra de bancos e concessionárias, Roberto (nome fictício), de 26 anos, falou com a CartaCapital por e-mail sobre as ações. Ele explicou sua insatisfação com partidos, e os motivos que o leva às ruas para depredar símbolos capitalistas. Leia a entrevista abaixo:

CartaCapital: O que o motiva a fazer parte de um black bloc? São insatisfações com o sistema político, com partidos, com o capitalismo e o tipo de democracia que vivemos? Ou são outras razões mais específicas?

Roberto: O Black Bloc foi uma estratégia nascida em seio anarquista. Portanto, o que nos motiva é uma insatisfação com o sistema político e econômico em que vivemos. Para mim, as duas coisas são indissociáveis e têm problemas com raízes muito mais profundas do que partido X ou partido Y.

CC: De quantos protestos já participou, fazendo black bloc? Qual o primeiro?

Roberto: Fazendo Black Bloc, já foram três protestos. O primeiro foi o ato pela democratização da mídia, do dia 11 de julho. Mas antes já tinha participado de outras ações diretas, sem necessariamente a identificação com o Black Bloc. Por exemplo, os dois últimos atos pela redução da tarifa do transporte público, com a ação de queimar bandeiras do Brasil.

CC: Por que decidiu ir aos protestos e fazer parte do Black Bloc?

Roberto: Decidi ir porque considero a ação direta uma estratégia tão importante quanto a não-direta. Nossa sociedade vive permeada por símbolos, e saber usa-los é essencial em qualquer demanda, seja ela política ou cultural. Participar de um Black Bloc é fazer uso desses símbolos para quebrar pré-conceitos e condicionamentos. Não só do alvo atacado, mas até da própria ideia de vandalismo.

A sociedade tende a considerar a depredação como algo “errado” por natureza. Mas se nós sabemos e admitimos que os alvos atacados, em sua maioria agências bancárias até o momento, não foram realmente prejudicados – ou seja, os danos financeiros são irrisórios – qual é o real dano de uma estratégia Black Bloc? Por que deveria ser considerada errada a priori?

Não há violência no Black Bloc. Há performance.

CC: Não tem medo de ser preso ou de ser violentado pela polícia? Como lida com isso?

Roberto: Claro que tenho medo. Que ótimo que eu tenho medo. Existe o medo que paralisa e existe o medo que impulsiona. Lidamos com nosso medo nos organizando melhor, planejando nossas ações e debatendo cada estratégia.

Lidamos com nosso medo não sendo pegos.

CC: Você não se sente representado pelos movimentos sociais ou partidos? Por quê?

Roberto: Sinto-me “representado” por diversos coletivos ligados a movimentos sociais, como o MPL (Movimento Passe Livre), o DAR (Desentorpecendo A Razão), o CMI (Centro de Mídia Independente), a Marcha das Vadias etc. Existem outros que apoio fortemente, apesar de não poder dizer que me sinto representado porque isso seria hipocrisia: não é o meu perfil que eles querem (e devem) representar. Como exemplo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

Não me sinto representado por nenhum partido político. Veja que a conotação de “representação” aqui é outra. Não me sinto representado por partidos porque não sou a favor de uma democracia representativa, mas sim de uma democracia direta. A forma como os partidos políticos estão configurados atualmente serve apenas dentro da lógica da democracia representativa.

CC: Você lê/estuda sobre anarquismo? Acha importante esse debate no contexto dos black blocs?

Roberto: Sim, estudo tanto autores clássicos quanto os mais recentes. Acho esse debate importantíssimo. Veja, a estratégia Black Bloc é uma estratégia performática antes de tudo. E com alto valor simbólico. Não se trata de depredar pelo simples prazer ou alegria de quebrar ou pichar coisas. Trata-se de atacar o símbolo que existe representado naquele local ou objeto físico. A formação política ajuda a manter esse foco bem-definido. Ajuda a pensarmos quais são os alvos que valem a pena e quais são os que se tornariam puro ataque gratuito.

Além disso, debater teoria política também nos permite reconhecer quem é mais afinado com suas ideias e maneira de pensar, dando oportunidade para outras estratégias, Black Bloc ou não. Todo debate vale a pena, ele cria desdobramentos.

CC: A imprensa vem tentando fazer uma diferenciação entre manifestantes pacíficos e violentos. O que acha dessa tentativa de dividir em duas categorias os que estão nos protestos?

Roberto: Acho ridículo. Primeiro porque essa diferenciação não é fixa. Existem manifestantes, muitos aliás, que transitam entre os ditos “pacíficos” e os “violentos” dependendo das estratégias, do ato, do grupo de afinidade e da situação. Usar de ações direta não é uma invalidação de outras estratégias. Todas são válidas, e é essa multiplicidade que nos confere força.

E segundo porque a noção de “Violência” é completamente deturpada. As ações de vandalismo e depredação não podem ser consideradas violentes simplesmente porque não são ataques contra pessoas, mas sim contra coisas. A palavra “violência” carrega uma ideologia de discurso preconceituosa e irracional e é usada para desqualificar as ações diretas a priori.

CC: Os movimentos sociais e partidos de esquerda costumam tentar o diálogo por vias institucionais. A ação direta nas ruas pode trazer mais mudanças que esses processos? Por quê?

Roberto: As ações diretas não invalidam o diálogo por vias institucionais. Quando atacamos uma agência bancária, por exemplo, não somos loucos ou ingênuos de acreditar que estamos ajudando a falir um banco. Mas nós estamos sim ajudando a tornar evidente o clima de instabilidade política e a insanidade da nossa sociedade capitalista.

As táticas Black Bloc são uma demonstração do poder que já existe nas mãos da população, e esse poder é normalmente desconsiderado pela simples existência das chamadas “vias institucionais”. Quando atuamos com ação direta, queremos também chamar atenção a isso, a essa multiplicidade de caminhos para atender as reivindicações sociais e à ineficiência de se utilizar apenas um, especialmente um que é viciado pelo próprio sistema onde está inserido. Queremos demonstrar que política também se faz com as próprias mãos.

Não queremos afirmar que as ações diretas nas ruas podem trazer mais mudanças que esses processos, mas sim que as ações diretas nas ruas podem trazer mudanças A esses processos. É mais pressão, mais autonomia.

CC: Quais você acha que devem ser os alvos de ações diretas e por quê?

Roberto: Bancos e outras instituições financeiras por simbolizarem o capital; algumas sedes administrativas do poder público, por simbolizarem o Estado; alguns monumentos públicos (a idolatria aos bandeirantes é fascismo histórico e valorização do genocídio, por exemplo); relógios públicos (são suporte para a publicidade e simbolizam a escravidão pelo tempo); concessionárias, por incentivarem nosso modelo falido de transporte e vida em sociedade.

06 agosto 2013

Nota do Movimento Belém Livre sobre a ocupação por estudantes na Câmara Municipal de Belém.

Nota do Movimento Belém Livre

"No dia 05 de agosto (segunda-feira), o movimento Belém livre re-ocupa a Câmara Municipal. Em junho passado, na última sessão ordinária da Câmara Municipal, ocupamos com objetivo de pressionarmos a redução da tarifa de ônibus, o Passe-livre e a aprovação de pautas populares no Plano Plurianual (PPA) da Prefeitura, como, por exemplo, mais investimento nos setores básicos do serviço público. 

Na contramão deste movimento, a maioria dos vereadores decidiu não adicionar o Passe-livre na pauta da sessão, afirmando já ter projetos deste cunho em tramitação e que estes seriam votados assim que a Câmara saísse de seu recesso. A pressão em cima dos vereadores resultou em uma desocupação violenta da Guarda Municipal a mando de Paulo Queiroz (presidente da câmara). Usaram de todos os recursos militares para dispersar nosso movimento: spray de pimenta, bombas de efeito moral, balas de borracha e até espancamento, inclusive às MULHERES. 

O movimento não parou neste período. Estivemos em mobilização permanente e, como afirmamos, voltamos à CMB e exigimos que os vereadores simplesmente cumpram com o que foi prometido antes de saírem de férias: pautar o Passe-Livre e o posicionamento sobre a redução da tarifa de ônibus. Por isso, que hoje está sendo um marco para os belenenses. Mais uma vez, conseguimos enfraquecer nossos inimigos. Paulo Queiroz e sua cúpula tiveram que receber todos os manifestantes em uma espécie de assembleia e se comprometeu a colocar na pauta da sessão do dia 07 de agosto (quarta-feira) a votação do projeto de passe livre e a posição favorável da Câmara sobre a redução da tarifa de ônibus. Todos os vereadores que estavam presentes nessa assembleia saíram daqui com a firme posição dos manifestantes, que a ocupação irá permanecer até a votação do Passe-Livre. Sabemos que isso só será possível com a pressão da sociedade e, por isso, chamamos todos os lutadores que, durante esse período estão indo as ruas, a se somarem na ocupação da CMB até quarta-feira. 

No momento, estamos dentro da galeria da CMB com cerca de 40 pessoas, sem a possibilidade de saída com retorno. Nos privaram do direito de manifestação e de ir e vir. Nossos companheiros que estão do lado de fora estão impedidos de entrar e ampliar nosso movimento. O objetivo do Presidente da Câmara e de seus aliados é dar fim a ocupação e impedir o fortalecimento deste movimento, garantindo assim mais uma vez a vitória dos donos do poder. Paulo Queiroz é o representante da prefeitura de Zenaldo na Câmara, a mesma prefeitura que não reduz a passagem, que mantém o caos na saúde como no PSM da 14 e que assassinou a gari Cleonice Vieira em nossa segunda manifestação, junto com a PM fascista do governo Jatene. 

Todo esse momento de lutas que estamos vivenciando, com pessoas nas ruas, ocupando Câmaras Municipais, questiona diretamente o regime que vivemos e vem arrancando inúmeras vitórias de norte a sul do país. Em diversas cidades, a redução da passagem e o Passe-Livre foram conquistados. Dilma Rousseff foi obrigada, através da pressão das ruas, a reduzir os impostos (PIS, COFIS, ISS e folha de pagamento) dos empresários de ônibus para garantir a aprovação da lei do Passe-Livre nacional e a redução da tarifa de ônibus no País. Ou seja: não tem justificativa para a Prefeitura de Zenaldo Coutinho manter essa postura intransigente em Belém. 

Chega de enrolação! 

Redução da tarifa de ônibus com taxação no lucro dos empresários. 

Passe Livre Já e Irrestrito para estudantes e desempregados! 

Aprovação das pautas sociais! Vota o PPA! 

Belém, 5 de agosto de 2013"

03 agosto 2013

Partidos de esquerda fazem debate em Brasília para discutir unidade.


Nesta quinta-feira (01) mais de 100 pessoas reunidas em Brasília provaram que é errada a anedota que diz que “a esquerda só se une na cadeia”.  Militantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Partido Socialismo e Liberdade  (PSOL) e Partido Comunista Brasileiro (PCB) fizeram um debate para discutir a unidade no atual momento político do Brasil.  O evento foi feito na sede do sindicato dos trabalhadores das escolas técnicas federais (Sinasefe).
 
Participaram da mesa do debate os três candidatos a governador pelo Distrito Federal da esquerda nas eleições de 2010: Rodrigo Dantas (PSTU), Toninho (PSOL) e Frank Svensson (PCB). Eles discutiram a nova realidade do Brasil depois das grandes mobilizações de junho e como a esquerda pode debater sua pauta com as milhões de pessoas que foram às ruas.
 
“O PT perdeu a direção e o monopólio das ruas” disse Rodrigo Dantas, falando sobre as últimas mobilizações. Segundo ele, o momento político está em aberto, abrindo espaço para que a esquerda possa aumentar o diálogo com a sociedade. Para ele, houve uma mudança de consciência do brasileiro, que tinha a sensação que o Brasil estava se desenvolvendo, mas “acordou e viu que vivia com dinheiro emprestado”.
 
Rodrigo disse que a esquerda deve lutar pela ruptura com a atual política econômica, que faz com que metade do orçamento do governo seja desviado para pagamento de dívida. Para isto, ele defendeu a união dos movimentos que estiverem nas ruas recentemente com as organizações históricas da classe trabalhadora. Um primeiro teste será o dia de paralizações que está marcado para o dia 30 de agosto.
 
Toninho do PSOL falou do momento histórico em que vivemos e como isto favorece a unidade dos vários grupos de esquerda. “É importante caminharmos juntos, este espaço deve ter continuidade”, disse o ex-candidato a governador. Ele também falou sobre o debate que começa em torno de uma alternativa para as eleições de 2014 no Distrito Federal.
 
Frank Svensson, do PCB, falou sobre o momento de crise em que o capitalista passa e do fato de ser impossível hoje fazer uma aliança com a classe dominante. “O capital nacional hoje é sócio do capital internacional”, explicou. Ele também ressaltou a importância de um polo unitário dos partidos de esquerda, que defenda o socialismo.
 
Vários militantes dos partidos também puderam falar. Foi debatida unidade em torno de lutas como a defesa da forma agrária, o combate às opressões, a construção de alternativas para o movimento sindical, entre outros. Ao final, a juventude dos partidos se uniu na mesma palavra de ordem: “frente de esquerda é para valer, para derrubar a direita e o PT”.
Fonte: www.pstu.org.br