Manifestações, bloqueios de estradas e paralisações contra o governo marcam o 11 de julho, convocado pelas centrais
Esse dia 11 de julho marcou a entrada da classe trabalhadora na onda de protestos que explodiu em todo o país em junho. O dia nacional de lutas convocado pelas centrais sindicais registrou paralisações, bloqueios de estradas e manifestações em pelo menos 23 estados. É muito difícil que alguém no Brasil não tenha participado ou se deparado com os efeitos das manifestações e greves desse dia. Demonstrando grande disposição de luta, categorias de peso como metalúrgicos, operários da construção civil, portuários, servidores públicos, e diversas outras, cruzaram os braços e foram às ruas nessa quinta-feira.
Apesar de a presidente Dilma, com a ajuda da CUT, ter tentado canalizar a insatisfação popular para a manobra do plebiscito de reforma política, o que ficou marcado foi um grande dia de protesto contra o governo e a sua política econômica. Às reivindicações de mais recursos para a saúde, educação e transportes, que deram o tom das jornadas de junho, foram adicionadas pautas históricas dos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho, reajuste dos salários, o fim do fator previdenciário e da inflação. A pauta unificada das centrais sindicais também inclui a bandeira da reforma Agrária e a suspensão dos leilões do petróleo.
Protestos e greves pelo país
Se a jornada de mobilizações que varreu o Brasil em junho ficou caracterizada pela espontaneidade, desta vez os trabalhadores saíram às ruas a partir de seus locais de trabalho e organizados por suas entidades de classe. Isso fez com que importantes setores da economia fossem afetados, como os grandes centros industriais que pararam na capital paulista e na região do ABC.
Se a jornada de mobilizações que varreu o Brasil em junho ficou caracterizada pela espontaneidade, desta vez os trabalhadores saíram às ruas a partir de seus locais de trabalho e organizados por suas entidades de classe. Isso fez com que importantes setores da economia fossem afetados, como os grandes centros industriais que pararam na capital paulista e na região do ABC.
Em São Paulo, metalúrgicos paralisaram 35 fábricas da região da Zona Sul e realizaram uma grande passeata que chegou a reunir cerca de oito mil trabalhadores. Houve ainda paralisações com manifestação de operários da construção civil e comerciários, além de atos na Zona Oeste e Leste. Importantes rodovias e avenidas da cidade foram fechadas ao longo do dia. À tarde, uma manifestação unificada reuniu algo como 10 mil pessoas na Avenida Paulista. Em outra importante região industrial do estado e do país, em São José dos Campos, houve paralisações em pelo menos 20 fábricas, atingindo algo em torno de 15 mil operários. Uma passeata na cidade reuniu 2 mil pessoas.
Já no Rio de Janeiro, servidores dos Correios bloquearam a saída de caminhões da principal unidade da empresa. Houve ainda manifestações com paralisações de metalúrgicos e servidores, além das escolas das redes estaduais e municipais. Houve ainda manifestações com paralisação de petroleiros, bancários e terceirizados da Secretaria da Saúde. Pela tarde, um protesto unificado reuniu quase quinze mil pessoas e, ao final, foi duramente reprimido pela Tropa de Choque. Relatos de companheiros presentes no ato dão conta que a polícia atacou por trás, de forma covarde, manifestantes pacíficos, perseguindo-os durante um longo trajeto. Mais um capítulo vergonhoso da truculência policial no Rio.
A capital mineira, por sua vez, viveu praticamente um dia de greve geral. A cidade já amanheceu com paralisação dos ônibus e do metrô. A greve atingiu também a rede estadual de ensino e grande parte das escolas municipais. No interior, a paralisação se alastrou para várias metalúrgicas, além de siderúrgicas e mineradoras. Já em Porto Alegre, cuja Câmara Municipal está ocupada por manifestantes, houve paralisação dos rodoviários. Professores do CPERS também bloquearam a rodovia que dá acesso à cidade.
No Norte e Nordeste, a jornada de greves e protestos também foi forte. Em Belém houve paralisação dos operários da construção civil e uma manifestação que reuniu os operários, estudantes e diversas outras categorias. Em Aracaju, capital do Sergipe, operários da Petrobrás e bancários dos bancos públicos cruzaram os braços, assim como os professores da rede pública.
Já na capital do Ceará, Fortaleza, os operários da construção civil pararam suas atividades nesse dia e realizaram uma manifestação que reuniu ainda ativistas do Movimento dos Conselhos Populares, do MST, de oposição sindical dos bancários e estudantes da ANEL.
Natal, por sua vez, viu uma das maiores manifestações do dia 11 em todo o país. O protesto unificado das centrais sindicais reuniu algo como 20 mil pessoas por saúde, educação, transporte, reforma agrária e contra a política econômica do governo Dilma.
CSP-Conlutas e greve geral
Se em determinado momento das mobilizações de junho o progressivo sentimento antipartido se voltou contra as organizações dos trabalhadores, como partidos e sindicatos, desta vez, as bandeiras tingiram de vermelho as ruas de todo o país. Os partidos de esquerda retomaram seu lugar nas ruas, assim como as entidades sindicais.
Se em determinado momento das mobilizações de junho o progressivo sentimento antipartido se voltou contra as organizações dos trabalhadores, como partidos e sindicatos, desta vez, as bandeiras tingiram de vermelho as ruas de todo o país. Os partidos de esquerda retomaram seu lugar nas ruas, assim como as entidades sindicais.
Apesar de ainda minoritária no movimento popular e sindical, a CSP-Conlutas não teve um papel coadjuvante nesse dia histórico. Além de vitoriosa em sua política de unidade na realização de um dia de greves e protestos, a central contou com participação de peso em várias partes do país. Entidades filiadas à central paralisaram importantes setores como metalúrgicos em São José dos Campos, operários da construção civil em Fortaleza e Belém, ou petroleiros em regiões como Sergipe.
“Esse dia marcou a entrada da classe trabalhadora nas paralisações, com os seus próprios métodos de luta, e para dizer em alto e bom som ao governo Dilma que os trabalhadores não agüentam mais ser empurrados com a barriga”, afirmou José Maria de Almeida, o Zé Maria, da direção da CSP-Conlutas. Para Zé Maria, as manifestações são contra o governo Dilma e os demais governos, tanto estaduais como municipais.
"Queremos as mudanças que nosso país precisa fazer e que o povo precisa para ter uma vida digna, nada menos do que isso nós vamos aceitar". Zé Maria atacou a atual política econômica do governo, que privilegia o pagamento da dívida pública em detrimento de investimentos à saúde e educação. “Se o governo mantiver esse modelo econômico, a gente tem que fazer uma greve geral nesse país, porque esse dia de hoje é apenas um primeiro passo, se o governo não mudar, vamos fazer um, dois, três dias de greve geral”,defendeu.
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