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Governador Sérgio Cabral tem seu mandato marcado pela truculência |
• As cenas da truculenta repressão do Bope contra os bombeiros amotinados no Rio chocaram o país e mostraram a face de um governo que prima pela criminalização dos movimentos sociais e a violência contra a população pobre. Além de mandar prender 439 bombeiros, Cabral convocou a imprensa para chamar os grevistas de “vândalos”, gerando uma onda de indignação nos mais diferentes setores.
Os moradores do Rio, porém, já conhecem bem a verdadeira face do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), aliado do governo Federal que desde 2007 ocupa o Palácio da Guanabara. Foi sob seu comando que o estado recrudesceu uma política de repressão contra os trabalhadores e o povo pobre, sob o pretexto de combater a violência dos morros. Orientação essa que já custou inúmeras vidas. Dos pobres, é claro.
Guerra à população pobre
Logo depois que Cabral assumiu, o governo empreendeu uma ação militar nos morros que formam o Complexo do Alemão. O objetivo era “pacificar” a área semanas antes dos Jogos Pan-americanos. Mais de 1300 homens da Polícia Militar, Polícia Civil e a da Força de Segurança Nacional invadiram e ocuparam por alguns dias a área.
As forças de segurança sob o comando do secretário José Mariano Beltrame deixaram um rastro de 19 mortos. Muitos deles, descobriu-se depois, não tinha passagem pela polícia ou qualquer envolvimento com o tráfico. Houve ainda uma série de denúncias de roubos e agressões dos policiais contra os moradores.
Já em 2008, outro fato que mostrou a violência seletiva da polícia de Cabral. Três jovens foram presos por onze militares do Exército que faziam parte do efetivo que protegia as obras do PAC no Morro da Providência. Os jovens foram entregues a traficantes do rival Morro da Mineira e barbaramente torturados e executados. Os assassinatos geraram comoção e protestos dos moradores e dos próprios operários do PAC contra a presença das Forças Armadas no local.
Apresentados pelo governo estadual como modelo de segurança pública, as UPP’s (Unidade de Polícia Pacificadora) fazem parte de uma política de ocupação militar e repressão das comunidades pobres, a exemplo do que as tropas da ONU fazem no Haiti.
”Vagabundos
Se para a população pobre o governo Cabral usa a política da bala, para os movimentos sociais não é diferente. Truculência, arrogância e prepotência foram as marcas de seu governo nesses quatro anos. Em setembro de 2008, por exemplo, diante de uma greve dos profissionais da saúde contra o caos da rede pública e por reajuste, o governador chamou os grevistas de “safados” e “vagabundos” e determinou a demissão de cinco médicos. Na época, Cabral declarou uma "guerra permanente contra os médicos sem compromisso com a população".
PM aponta pistola para manifestante
Já em 2009 foi a vez dos professores do estado sentiram na pele a truculência de Sérgio Cabral. Durante uma manifestação que reuniu milhares de trabalhadores da educação em greve, em setembro daquele ano, o governador jogou a Tropa de Choque em cima dos professores. Bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha foram lançados de forma indiscriminada contra os educadores, deixando um saldo de mais de 10 feridos. A foto de um PM apontando uma pistola pra uma manifestante estampou os jornais do dia seguinte.
Em 2011, outro ataque contra os movimentos sociais. Um dia antes da visita de Barack Obama ao Brasil, em março, 13 manifestantes que protestavam contra o presidente norte-americano são presos, incluindo uma senhora de 69 anos e um adolescente menor de idade. Nove eram do PSTU. Numa clara retaliação política, eles ficam 72 horas detidos e os homens têm a cabeça raspada.
Manifestantes são libertados após mais de 70 horas detidos
Uma outra imagem que serve para ilustrar o caráter fascistóide desse governo é a fotografia de um policial militar lançando um spray de pimenta no rosto de uma criança. O gesto de sadismo e crueldade ocorreu durante a repressão a um protesto de moradores desabrigados do Morro do Bumba neste ano.
Fascista
O governador do Rio não tem a menor preocupação em esconder sua tendência fascista e preconceituosa contra a população pobre. Em entrevista ao Portal G1 em 2007, Cabral chegou a defender o aborto às mulheres pobres como forma de reduzir a criminalidade. Segundo ele, a alta taxa de fertilidade da população pobre “tem tudo a ver com violência”. “Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal”, disse.
Em 2010, uma outra declaração infeliz. Dessa vez ao lado de Lula, durante a vistoria de uma quadra esportiva. Um garoto pobre da comunidade se aproxima de Cabral e Lula, reclama que a quadra não abre para os moradores. A fala repercutiu pois Lula disse ao menino que o esporte que ele praticava, tênis, seria "esporte da burguesia". Cabral não fica atrás. Quando o menino reclama que acorda todo dia com o caveirão na porta de casa, o governador diz "mas e o tráfico?". Logo em seguida dispara contra o garoto: "você está fazendo discurso de otário". Logo depois ainda diz “Você é sacana, você não em engana não, seu sacana".
A agressão aos bombeiros em greve é, assim, o estopim de uma escalada de falas e práticas do governo estadual que tem os pobres e os movimentos como alvo. A união das diversas categorias mobilizadas, porém, como os professores que acabaram de entrar em greve, pode pôr um fim nesse governo fascista. E calar a boca de Cabral.
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