Um crime contra a humanidade. Silencioso, em violência aparente. Uma espantosa empresa de exploração dos recursos dos povos levada a cabo com a infindável cumplicidade do sistema bancário mundial. As fortunas dos ditadores dormem nos bancos ocidentais o doce sono dos lucros enquanto dezenas de milhares de pessoas morrem de fome ou não tem recursos para pagar um tratamento contra a Aids. Jean Claude Duvalier, no Haiti, Ben Alí, na Tunísia, Hosni Mubarak, no Egito, Joseph Mobutu, no Zaire (hoje República Democrática do Congo), Sanu Abacha, na Nigéria, Omar Bongo, no Gabão, Manuel Noriega, no Panamá, Mu-ssa Traoré, no Mali, Augusto Pinochet, no Chile, Muammar Kadafi, na Líbia, Ferdinando Marcos, nas Filipinas e Sassu N’Guesso, no Congo Brazaville – as fortunas destes tiranos diplomados depositadas nos bancos internacionais ou transformadas em fabulosos investimentos imobiliários em Londres, Paris, Nova York ou Dubai ultrapassam a imaginação. Há alguns dias, a União Europeia decidiu congelar os bens do fundo soberano líbio, o Libyan Investment Authority (LIA), e do banco central líbio. Os dois depósitos representam 150 bilhões de dólares. Colossal. A revista de gestão de ativos My Private Banking calcula que 33% das fortunas da África e do Oriente Médio depositadas no estrangeiro estão nos bancos suíços, o que representa 74 bilhões de dólares. Cada ano, entre 20 e 40 bilhões de dólares saem ilegalmente dos países em via de desenvolvimento. Nos últimos 15 anos só 5 bilhões foram restituídos. A Suíça administra 30% dos bens offshore do mundo e Londres uma quarta parte. Os déspotas ou políticos corruptos que levam o dinheiro para o exterior têm um nome específico na linguagem bancária: Politically exposed individuals (indivíduos politicamente expostos). Isso não os impede, no entanto, de colocar seu dinheiro onde bem entender. E há alternativas de todas as cores. Os muito eficazes e discretos “shadow banking” (bancos da sombra) se encarregam de limpar o dinheiro manchado de sangue. A imprensa inglesa calculou que a fortuna do clã Mubarak chega a cerca de 70 bilhões de dólares. O ditador tunisiano foi muito mais modesto na exploração de seu povo, com uma fortuna de 5 bilhões de dólares, praticamente a metade do que foi roubado pelo déspota Ferdinando Marcos, nas Filipinas, durante o quarto de século no qual martirizou seu país. Diante deles, o ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, Baby Doc, parece um pobretão com seus 200 milhões de dólares transferidos para a suíça. O pobre Augusto Pinochet e seus 20 milhões de dólares roubados assemelha-se a um triste mendigo de um bairro rico (dinheiro depositado no Riggs Bank, dos Estados Unidos, e daí, em paraísos fiscais). O ex-presidente do Gabão, Omar Bongo, tem 39 propriedades na França, 70 contas bancárias e nove automóveis de luxo. Sassu N’Guesso conta com 18 propriedades e 112 contas bancárias abertas na França. Ao cabo de intermináveis processos judiciais, a Justiça francesa aceitou que abrisse uma investigação sobre esses “bens mal adquiridos”. O sociólogo e político Jean Ziegler, hoje vice-presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, calcula que “dos 905 bilhões de ativos estrangeiros na Suíça, 280 bilhões vêm dos países da Ásia, América Latina e África. Em cerca de 90% dos casos, trata-se de dinheiro roubado dos povos mais pobres do planeta”. Os inescrupulosos Joseph Mobutu, do Zaire, Sanu Abacha, da Nigéria, Omar Bongo, do Gabão, e Mussa Traoré, de Mali, são um exemplo ilustrado da análise de Jean Ziegler. Ao cabo de cinco anos de um poder despótico, o nigeriano Abacha desviou 2,2 bilhões dos caixas do Estado. Traoré tinha 2,4 bilhões de dólares na Suíça e em Mônaco. A Confederação Helvética identificou 3,4 bilhões de dólares pertencentes ao ex-presidente do Zaire, Joseph Mobutu – 34 anos no poder – e essa soma é apenas uma fração dos 10 bilhões que ele levou. Um informe do Banco Mundial calculou moderadamente que os fundos roubados cada ano por ditadores de seus povos oscilam ente 20 e 40 bilhões de dólares. A sede desses assassinos de suas próprias sociedades com a cumplicidade do sistema bancário internacional não tem limites. A impunidade e a conivência do Ocidente são perfeitamente assimiláveis a crimes contra a humanidade quando se sabe que apenas 100 bilhões de dólares permitem tratar durante um ano a 600 mil pessoas doentes de Aids. No entanto, no seio do famoso e moralizador G-20, países como Alemanha e Japão ainda não ratificaram a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (CNUCC), a Convenção de Mérida, como fez a Argentina, em 2006. As rotas dessa exploração são conhecidas por todos: Londres, Luxemburgo, Suíça, Bélgica, Mônaco, as ilhas anglonormandas, as ilhas Caiman. O dispositivo Stolen Assets Recovery que a ONU e o Banco Mundial empregam para combater a corrupção choca-se frequentemente com as argúcias legais. O Stolen Assets Recovery colaborou com o Estado haitiano no procedimento legal para a restituição de 7 bilhões de dólares da família do ditador Jean-Claude Duvalier congelados na Suíça. O Estado suíço se dispôs a colaborar, mas, depois, a Corte Suprema helvética anulou a querela. No entanto, para os atores da anticorrupção, as revoltas no mundo árabe e a posterior onda de bloqueio de contas e congelamento de fundos mudarão essa situação. Daniel Lebègue, presidente da Transparência Internacional França, destacou que se “percorreu em três semanas mais caminho que ao longo de 15 anos”. As atribulações político-financeiro-militares de Kadafi demonstram até o limite do absurdo como o sistema financeiro internacional, cujo coração está nas grandes democracias do ocidente, desempenha um papel chave na proteção dos fundos dos ditadores. Até 2003, a Líbia não participava do mercado mundial das finanças. A partir daquele ano, Kadafi se reconciliou com o Ocidente e a Líbia ficou livre de sanções internacionais. O Ocidente abriu as portas de suas capitais, de seus bancos, de suas empresas e da ONU. Em 2006, o regime de Trípoli copiou o modelo dos famosos fundos soberanos dos países do Golfo e criou o LIA, Libyan Investment Authority. Esse fundo, cujos escritórios estão em Trípoli e Londres, move entre 65 e 75 bilhões de dólares. O Tesouro norteamericano bloqueou até hoje 32 bilhões. O LIA investiu seus capitais em grandes empresas italianas (bancos, a FIAT, Finmeccanica) e em empresas-fantasma na França, Inglaterra e outros países. De soberano este fundo não tem nada. Em vez de beneficiar o povo líbio, o LIA é controlado inteiramente por um dos filhos de Kadafi, Seif al Islam. O bloqueio das contas pessoais de Kadafi e de dez de seus parentes permitiu que Londres imobilizasse 1,5 bilhões de dólares do ditador e de cinco membros de sua família. Mas essa soma é uma “propina” ao lado da real fortuna escondida no exterior e calculada em 14 bilhões de dólares. O obstáculo maior reside na identificação destes fundos. Tony Wincks, especialista em lavagem de dinheiro e diretor de Nice Actimize, uma empresa especializada em lutar contra a fraude, destaca que a transcrição dos nomes árabes é um dos grandes truques para evitar ser descoberto. “Na França, Estados Unidos ou Grã Bretanha o nome de Kadafi pode ser escrito como Gaddafi ou Qadafi. Calculamos que com o nome e o apelido completo de Muammar Kadafi podem se fazer 115 mil combinações possíveis”. A ONG britânica Global Witness formulou duas perguntas pertinentes que envolvem a conduta ocidental frente aos ditadores: “Esses dinossauros assassinos teriam permanecido no poder sem a cumplicidade bancária das grandes democracias? Teria sido necessária uma intervenção militar na Líbia se os bancos ocidentais tivessem se recusado a trabalhar com o dinheiro de Kadafi?”. Sem dúvida, não teria sido igual. “Ao aceitar esse dinheiro, os bancos propiciaram esses regimes brutais e permitiram que eles pagassem seus amigos políticos, fraudassem eleições e aterrorizassem suas populações”, diz a Global Witness. No que diz respeito à fabulosas fortunas guardadas no estrangeiro pelo egípcio Hosni Mubarak, pelo tunisiano Ben Alí ou pelo próprio Kadafi, Anthea Lawson, responsável pela campanha Cleptocracia em Global Witness, assinala que “os bancos nunca deveriam ter aceito esse dinheiro nem os governos deveriam ter permitido isso”. Mas o dinheiro não tem cheiro. Saia de um prostíbulo, de uma bucha de cocaína, dos circuitos engravatados e sujos do sistema financeiro internacional ou do sangue dos povos oprimidos pelos déspotas do mundo, o dinheiro sempre chega limpo ao mesmo lugar: os bancos. |
Fonte: Carta Maior |
29 março 2011
O circuito de bancos que lava o dinheiro de ditadores!
27 março 2011
As faces e a alma do marxismo!
Acaba de vir à luz, pelas mãos da editora Anita Graibaldi e da Fundação Maurício Grabois, um livro intitulado "Marx como pensador" — texto do intelectual alemão Rolf Hecker, que esteve no Brasil para divulgar a monumental obra de publicação das obras completas de Karl Marx e Friedrich Engels, conhecida como Mega-2. São oito capítulos que discorrem sobre o Marx crítico da economia, o Marx filósofo, o Marx historiador, o Marx jornalista, o Marx político, o Marx das ciências naturais, sobre o “problema Marx-Engels”, sobre a história das edições das obras dos pensadores alemães, sobre os monumentos de Marx na Europa e sobre o que se sabe de Marx.
Na apresentação, o historiador Augusto Buonicore dá uma pitada do que vem em seguida, lembrando as mortes e ressurreições do marxismo. “A cada vez que uma crise assola o sistema — e os povos sentem na carne suas conseqüências nefastas e se rebelam —, a figura de Karl Marx se revigora”, escreveu. E acrescenta: “Afinal, não foi ele quem descobriu os mecanismos ocultos das crises do capitalismo e deu pistas para a sua superação? Contudo, parece que a necessidade de conhecer mais e melhor as obras marxistas não se reduziu, desta vez, às principais vítimas do capital: os trabalhadores.”
Buonicore esclarece que o texto do professor Rolf Hecker que a Fundação Maurício Grabois disponibiliza é resultado de uma conferência realizada em meio às atividades alusivas aos 125 anos da morte de Marx, em 2008. Seu objetivo era “analisar como mudaram nossas representações sobre Marx e sua obra nos últimos 15 anos”. Segundo o historiador, que também é secretário-geral da Fundação Maurício Grabois e presidente do Centro de Documentação e Memória (CDM) dessa instituição, Rolf Hecker é um profundo conhecedor das obras de Marx e Engels, especialmente das virtudes e vicissitudes de suas edições.
Nos textos, Hecker passeia pela história das obras dessas personalidades antológicas, especialmente de Marx. Ele relata um acontecimento que simboliza como poucos a grandeza desse pensador original. Segundo o professor, todos os anos milhares de pessoas visitam o túmulo de Marx no cemitério Highgate, em Londres. Em 11 de novembro de 2007, o jornal Frankfurt Allgemeine Sonntagszitung publicou que “Marx é um grande pensador, uma personalidade da história mundial, e merece respeito”. A “Casa de Karl Marx” em Trier, Alemanha — o único museu especial dedicado a Marx no mundo, e que recebeu em 2010 a visita de 40.233 turistas, entre os quais mais de dez mil provenientes da China —, escreve Hecker, foi reaberta em 9 de junho de 2005.
A alma do marxismo
Mais do que o museu, as obras de Marx são visitadas em todas as partes para se compreender o que se passa atualmente, confirmando as palavras de Engels em seu funeral, segundo as quais o nome e a obra do mais famoso pensador alemão atravessaria os séculos. Seu pensamento enfrentou e venceu diferentes fixações fanáticas. Quando não vencem pelos ataques, contudo, apelam para a indiferença em relação à sua alma — a dialética, na definição de Wladimir Lênin. A dificuldade está em procurar compreender o marxismo com espírito científico, isento de paixões e sem a carga irracional de ódio, herdada em boa parte de preconceitos incutidos por anos de anticomunismo.
Mesmo quando ele não é excluído da categoria de fenômeno social — o marxismo é ensinado até nas universidades norte-americanas —, procuram a todo custo destituí-lo de sua alma. É assim que os espíritos se fecham ao seu conhecimento, possivelmente com medo de a ele se converter. Para compreendê-lo, é preciso compreender a sua essência revolucionária. Trocando em miúdos: para compreender a realidade, é preciso pensar a realidade. Pensar é apreender os fatos pelo pensamento e compreendê-los como processo em contradição — a mola do movimento real das coisas. Logo, se a realidade é dialética e se pensar é apreender a realidade, pensar é apreender dialeticamente os fatos.
Exercício revigorante
O marxismo, independente do que dizem dele os já decrépitos “novos filósofos”, não pode evidentemente ser resumido a um modelo. Os bolcheviques de “têmpera especial” partiram a história em duas, abalaram o mundo, romperam pela primeira vez a estrutura e a lógica do capitalismo e do imperialismo — tomaram o céu de assalto, como dizia o próprio Marx sobre os revolucionários da Comuna de Paris, de 1871 —, mas foram marxistas do seu tempo. O desenvolvimento histórico obriga os marxistas a uma nova perspectiva revolucionária, adequada ao tempo e às condições concretas de cada lugar, de cada realidade.
Nessa constatação está a alma do marxismo, capaz de uma atitude crítica diante de fórmulas tradicionais petrificadas. A conclusão que pode ser extraída é que a sua força não depende dos males elementares do capitalismo. Nem da idéia de um único movimento comunista mundial que, num certo período, atrofiou o pensamento marxista. O marxismo é um método científico. E, nas ciências, a discussão — entre pessoas que sustentam pontos de vista divergentes sobre bases científicas — é o único caminho permanente de progresso. Marx como pensador ensina isso. A leitura dos textos do professor Hecker é o exercício revigorante do qual fala Augusto Buonicore na apresentação do livreto.
Na apresentação, o historiador Augusto Buonicore dá uma pitada do que vem em seguida, lembrando as mortes e ressurreições do marxismo. “A cada vez que uma crise assola o sistema — e os povos sentem na carne suas conseqüências nefastas e se rebelam —, a figura de Karl Marx se revigora”, escreveu. E acrescenta: “Afinal, não foi ele quem descobriu os mecanismos ocultos das crises do capitalismo e deu pistas para a sua superação? Contudo, parece que a necessidade de conhecer mais e melhor as obras marxistas não se reduziu, desta vez, às principais vítimas do capital: os trabalhadores.”
Buonicore esclarece que o texto do professor Rolf Hecker que a Fundação Maurício Grabois disponibiliza é resultado de uma conferência realizada em meio às atividades alusivas aos 125 anos da morte de Marx, em 2008. Seu objetivo era “analisar como mudaram nossas representações sobre Marx e sua obra nos últimos 15 anos”. Segundo o historiador, que também é secretário-geral da Fundação Maurício Grabois e presidente do Centro de Documentação e Memória (CDM) dessa instituição, Rolf Hecker é um profundo conhecedor das obras de Marx e Engels, especialmente das virtudes e vicissitudes de suas edições.
Nos textos, Hecker passeia pela história das obras dessas personalidades antológicas, especialmente de Marx. Ele relata um acontecimento que simboliza como poucos a grandeza desse pensador original. Segundo o professor, todos os anos milhares de pessoas visitam o túmulo de Marx no cemitério Highgate, em Londres. Em 11 de novembro de 2007, o jornal Frankfurt Allgemeine Sonntagszitung publicou que “Marx é um grande pensador, uma personalidade da história mundial, e merece respeito”. A “Casa de Karl Marx” em Trier, Alemanha — o único museu especial dedicado a Marx no mundo, e que recebeu em 2010 a visita de 40.233 turistas, entre os quais mais de dez mil provenientes da China —, escreve Hecker, foi reaberta em 9 de junho de 2005.
A alma do marxismo
Mais do que o museu, as obras de Marx são visitadas em todas as partes para se compreender o que se passa atualmente, confirmando as palavras de Engels em seu funeral, segundo as quais o nome e a obra do mais famoso pensador alemão atravessaria os séculos. Seu pensamento enfrentou e venceu diferentes fixações fanáticas. Quando não vencem pelos ataques, contudo, apelam para a indiferença em relação à sua alma — a dialética, na definição de Wladimir Lênin. A dificuldade está em procurar compreender o marxismo com espírito científico, isento de paixões e sem a carga irracional de ódio, herdada em boa parte de preconceitos incutidos por anos de anticomunismo.
Mesmo quando ele não é excluído da categoria de fenômeno social — o marxismo é ensinado até nas universidades norte-americanas —, procuram a todo custo destituí-lo de sua alma. É assim que os espíritos se fecham ao seu conhecimento, possivelmente com medo de a ele se converter. Para compreendê-lo, é preciso compreender a sua essência revolucionária. Trocando em miúdos: para compreender a realidade, é preciso pensar a realidade. Pensar é apreender os fatos pelo pensamento e compreendê-los como processo em contradição — a mola do movimento real das coisas. Logo, se a realidade é dialética e se pensar é apreender a realidade, pensar é apreender dialeticamente os fatos.
Exercício revigorante
O marxismo, independente do que dizem dele os já decrépitos “novos filósofos”, não pode evidentemente ser resumido a um modelo. Os bolcheviques de “têmpera especial” partiram a história em duas, abalaram o mundo, romperam pela primeira vez a estrutura e a lógica do capitalismo e do imperialismo — tomaram o céu de assalto, como dizia o próprio Marx sobre os revolucionários da Comuna de Paris, de 1871 —, mas foram marxistas do seu tempo. O desenvolvimento histórico obriga os marxistas a uma nova perspectiva revolucionária, adequada ao tempo e às condições concretas de cada lugar, de cada realidade.
Nessa constatação está a alma do marxismo, capaz de uma atitude crítica diante de fórmulas tradicionais petrificadas. A conclusão que pode ser extraída é que a sua força não depende dos males elementares do capitalismo. Nem da idéia de um único movimento comunista mundial que, num certo período, atrofiou o pensamento marxista. O marxismo é um método científico. E, nas ciências, a discussão — entre pessoas que sustentam pontos de vista divergentes sobre bases científicas — é o único caminho permanente de progresso. Marx como pensador ensina isso. A leitura dos textos do professor Hecker é o exercício revigorante do qual fala Augusto Buonicore na apresentação do livreto.
26 março 2011
EFEITO DOMINÓ!
DEU NO BLOG DO RIBAMAR FONSECA - São Luís (MA), 25 de março de 2011
É de desespero o clima entre aposentados e pensionistas do Banco da Amazonia, que até agora não receberam a primeira parcela do 13º salário, normalmente paga em fevereiro, e nem os proventos de março, sempre pagos no dia 23. Naquele dia, com a suspensão do pagamento, muitos aposentados e pensionistas passaram mal nos corredores da Associação dos Aposentados (Aaba), em Belém, e tiveram de ser atendidos num posto de emergência montado no local pela Caixa de Assistência (Casf), o plano de saúde do pessoal do Basa. Tanto a Aaba como a Aeba (Associação dos Empregados do Basa) ingressaram na Justiça com mandados de segurança, visando obrigar o Banco a pagar os aposentados, mas até sexta-feira não houve nenhuma decisão.
O não pagamento dos benefícios dos aposentados e pensionistas pelo Basa/Capaf (Caixa de Previdência Privada do Banco) vai criar sérias dificuldades também para a Casf (Caixa de Assistência dos Funcionários) e para o Coramazon, responsável pela administração do seguro de vida do pessoal do Basa, porque as duas instituições também deixarão de receber as mensalidades, que são descontadas dos proventos em folha. Mesmo sabendo do problema a Casf e o Coramazon, no entanto, já ameaçam cancelar o plano de saúde e o seguro dos associados caso não paguem as mensalidades. E já circulam rumores de que a Casf não resistirá muito tempo, também entrando em falênci a, sem os recursos oriundos dos associados. É o chamado efeito dominó. E tem mais: notícias procedentes de Belém dão conta de que o Banco da Amazonia renovou o contrato com a Consultora Internacional Deloitte Tomatsu, por mais 90 dias, ao custo de R$ 5 milhões, para realizar a segunda etapa da campanha destinada a convencer os aposentados e pensionistas a migrarem para o novo plano, considerado prejudicial aos interesses da categoria.
Já teriam sido gastos cerca de R$ 10 milhões na primeira etapa da campanha, recursos que dariam para pagar pelo menos cinco meses dos aposentados e pensionistas. E até agora, segundo as mesmas informações, apenas 40% aderiram. A suspensão do pagamento dos aposentados e pensionistas do Basa tem justamente o objetivo de obrigá-los a migrarem para o novo plano, quando então o Banco liberará mais de R$ 800 milhões para regularizar a situação. Sem dúvida é uma ação terrorista nunca vista em nenhum outro órgão do governo federal, o que depõe contra o PT, que administra o Banco. O ex-presidente Lula e a Presidente Dilma Roussef certamente ainda não estão sabendo disso, porque sem dúvida jamais compactuariam com semelhante procedimento, que está pondo em risco a vida de muitos aposentados e pensionistas.
É de desespero o clima entre aposentados e pensionistas do Banco da Amazonia, que até agora não receberam a primeira parcela do 13º salário, normalmente paga em fevereiro, e nem os proventos de março, sempre pagos no dia 23. Naquele dia, com a suspensão do pagamento, muitos aposentados e pensionistas passaram mal nos corredores da Associação dos Aposentados (Aaba), em Belém, e tiveram de ser atendidos num posto de emergência montado no local pela Caixa de Assistência (Casf), o plano de saúde do pessoal do Basa. Tanto a Aaba como a Aeba (Associação dos Empregados do Basa) ingressaram na Justiça com mandados de segurança, visando obrigar o Banco a pagar os aposentados, mas até sexta-feira não houve nenhuma decisão.
23 março 2011
Lei da Ficha Limpa!
Quarta-feira, 23 de março de 2011
Direto do Plenário: ministro Luiz Fux vota contra aplicação da Lei da Ficha Limpa nas Eleições 2010
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), acaba de se manifestar pela inaplicabilidade da chamada Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. O voto se deu na análise do Recurso Extraordinário (RE) 633703, em que a Suprema Corte discute a constitucionalidade da norma (Lei Complementar 135/2010) e sua aplicação nas eleições de 2010. Luiz Fux era o único ministro que ainda não havia se manifestado sobre a matéria.
Para o ministro Fux, mesmo a melhor das leis não pode ser aplicada contra a Constituição. O intuito da moralidade é de todo louvável, mas a norma fere o artigo 16 da Constituição Federal, frisou o ministro em seu voto, referindo-se ao dispositivo que trata da anterioridade da lei eleitoral.
Até o momento, dois ministros se manifestaram contrários à aplicação da Lei em 2010 na sessão de hoje: o relator do recurso, ministro Gilmar Mendes, e o ministro Fux.
Direto do Plenário: ministro Luiz Fux vota contra aplicação da Lei da Ficha Limpa nas Eleições 2010
Para o ministro Fux, mesmo a melhor das leis não pode ser aplicada contra a Constituição. O intuito da moralidade é de todo louvável, mas a norma fere o artigo 16 da Constituição Federal, frisou o ministro em seu voto, referindo-se ao dispositivo que trata da anterioridade da lei eleitoral.
Até o momento, dois ministros se manifestaram contrários à aplicação da Lei em 2010 na sessão de hoje: o relator do recurso, ministro Gilmar Mendes, e o ministro Fux.
20 março 2011
Líbia invadida: CSP-Conlutas repudia intervenção militar e apoia luta de trabalhadores contra Kadafi!
Forças de cinco países iniciam ataques militares à Líbia
Forças Armadas de de cinco países - Estados Unidos, França, Canadá, Itália e Reino Unido - deram início na manhã deste sábado (19) à invasão à Libia e aos ataques as forças ao ditador líbio Muhammar Kadafi.
Mísseis, navios de guerra, submarinos. Esse arsenal que entra na Líbia desrespeita a soberania do país e provavelmente matará inúmeros líbios sob a desculpa de garantir a democracia no país.
Leia abaixo nota da CSP-Conlutas contra os ataques estrangeiros à Libia:
Com uma força avassaladora, multidões tomaram as ruas em diversos países árabes para protestar contra seus governos. Na líbia os protestos vêm sofrendo uma sangrenta resposta do ditador Muhamar Kadafi. Esta situação está levando o país a uma guerra civil. Ataca os que estão armados e a população desarmada ao melhor estilo de Hitler. Apesar da brutal repressão, a insurreição continua até o momento.
Os países imperialistas (EUA e Europa), através da ONU, após ignorar por décadas a ditadura que lhe era conveniente e a opressão do povo líbio, iniciaram uma intervenção através do fechamento do espaço aéreo na Líbia. Esta ação tem um duplo objetivo: garantir que o resultado das mobilizações populares nos países árabes não escape do seu controle e a exploração direta dos recursos energéticos daquele país.
Os governos que têm utilizado de invasões e massacres em países como no Iraque, Afeganistão e Haiti não têm nenhuma autoridade ou credibilidade para falar em democracia e direitos humanos, com seus tanques e marines.
A CSP-Conlutas rechaça qualquer intervenção militar imperialista na Líbia. Apoiamos a luta revolucionária que do povo líbio contra o regime reacionário de Kadafi. Eles contam com o apoio do povo árabe que também está nas ruas lutando por transformações em seus países e pelo fim das ditaduras e da opressão imperialista que causam somente miséria e destruição.
Todo apoio à luta dos trabalhadores e da juventude líbia. Fora Kadafi. Não à intervenção imperialista!
Dilma e mídia bajulam Obama enquanto manifestantes são mantidos presos!
Assine você também essa petição pública:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PSTU
Parlamentares exigem libertação dos presos políticos do Rio de Janeiro
PELA IMEDIATA LIBERTAÇÃO DOS PRESOS DA PASSEATA DE PROTESTO DO RIO!
Nós, parlamentares e dirigentes políticos fluminenses, estamos empenhados na imediata libertação do(a)s cidadã(o)s - trabalhadores e estudantes - presos por estarem participando de manifestação democrática e pacífica, em 18/3, contra a política intervencionista dos governos dos EUA no mundo.
Em inquérito sumário e célere, 12 pessoas foram acusados de atirarem "artefato incendiário" e "causar lesões corporais" em funcionário do Consulado norte-americano no Rio e se encontram encarcerados. Os homens, inclusive, já tiveram suas cabeças raspadas!
Desafiamos as autoridades policiais do Rio de Janeiro e também o próprio Consulado estadunidense a provar o envolvimento de qualquer dos detidos no ato de vandalismo.
A continuada detenção desses militantes é arbitrária e injusta, e o Judiciário precisa acolher os pedidos de Habeas Corpus.
Liberdade para os presos já!
Assinam: senadores Lindberg Farias (PT) e Randolfe Rodrigues(PSOL), deputados federais Chico Alencar (PSOL), Jean Wyllys (PSOL) e Stephan Nercessian (PPS), deputados estaduais Janira Rocha (PSOL), Marcelo Freixo (PSOL), Robson Leite (PT), ex-deputado federal e presidente regional do PSTU, Cyro Garcia.
Nota da CSP-Conlutas sobre prisão de manifestantes no Rio de Janeiro
No fim da tarde desta última sexta-feira (18/03) uma manifestação pacífica realizada no centro do Rio de Janeiro que protestava contra a visita de Barack Obama ao Brasil foi violentamente reprimida pela polícia e 13 pessoas foram detidas.
A manifestação começou com uma passeata que saiu da Candelária e percorreu a Av. Rio Branco como é tradição no Rio de Janeiro. Durante o percurso não houve nenhum incidente e tudo transcorria normalmente. O fim da manifestação aconteceu em frente ao consulado dos Estados Unidos, também no centro do Rio.
Já estava na fase de encerramento do ato quando uma violenta repressão foi desencadeada pela polícia sob a alegação de que um coquetel molotov teria sido jogado por um manifestante na direção do prédio do consulado.
Bombas de gás lacrimogêneo foram jogadas contra os manifestantes e prisões arbitrárias foram realizadas.
Os detidos passaram a madrugada na delegacia, foram indiciados e enquadrados em diversos artigos. Pela manhã, os homens foram encaminhados ao presídio Bangu 8 e as mulheres para o presídio de Água Santa. Essas são prisões completamente arbitrárias e ainda inafiançável.
Estes são presos políticos do governo Dilma e Sergio Cabral. Obama nem havia chegado ao Brasil e uma manifestação pacífica sofre este tipo de repressão. Para mostrar serviço aos EUA e ao seu presidente, o governo brasileiro comete tamanha arbitrariedade contra o livre direito de manifestação.
Obama vem ao nosso país de olho no pré-sal e outras riquezas naturais, bem como a posição estratégica do Brasil na America Latina. Todos que defendem a nossa soberania e os interesses da maioria da população brasileira, os trabalhadores, não podem se calar diante da presença do presidente estadunidense no Brasil.
Não vamos parar com as manifestações contra a presença de Obama e a participação de todos é fundamental. Além disso, fazemos um chamado a que todos se incorporem na campanha que estamos iniciando pela libertação imediata dos manifestantes presos e que ajudem a divulgar o abaixo assinado eletrônico disponível em nosso site.
CSP-Conlutas (Central sindical e Popular)
Manifestantes que participam de ato contra Obama no Rio são presos: assine a petição pela libertação
Depois de passar a madrugada na 5º DP (Gomes Freire), os 13 detidos nesta sexta-feira, 18, foram levados para presídios por volta das 8h de hoje. Após exame de corpo-delito no IML, os homens foram encaminhados ao presídio de Bangu 8 e as mulheres ao presídio de Água Santa.
Os manifestantes foram enquadrados em vários artigos, e não terão direito a fiança. A principal acusação é de ter tentado "causar incêndio" no consulado dos Estados Unidos. "É uma vergonha o que está acontecendo. É uma prisão política. São presos políticos do governo Sergio Cabral e de Dilma, no momento em que Obama desembarca no Brasil", protestou o integrante da da coordenação nacional da CSP-Conlutas, Cyro Garcia, que também é presidente do PSTU no Rio de Janeiro.
Os 13 manifestantes foram presos após um coqueter molotov ter sido lançado no ato em frente ao consulado. Na noite de ontem.
Inúmeras iniciativas estão sendo tomadas pela liberatação dos presos no protesto contra Obama no Rio de Janeiro.
Assine você também essa petição pública:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PSTU
Lista dos presos:
Gilberto Silva - eletricista
Rafael Rossi - professor de estado, dirigente sindical do SEPE
Pâmela Rossi - professora do estado e casada
Thiago Loureiro - estudante de Direito da UFRJ, funcionário do Sindjustiça
Yuri Proença da Costa - carteiro dos Correios
Gualberto Tinoco - servidor do estado e dirigente sindical do SEPE
Gabriela Proença da Costa - estudante de Artes da UERJ
Gabriel de Melo Souza Paulo - estudante de Letras da UFRJ, DCE UFRJ
José Eduardo Braunschweiger - advogado
Andriev Martins Santos - estudante UFF
João Paulo - estudante Colégio Pedro II
Vagner Vasconcelos - Movimento MV Brasil
Maria de Lurdes Pereira da Silva - doméstica
Os atos já aconteceram no Rio de Janeiro, em São Paulo, debaixo de chuva e em Brasília, hoje de manhã.
Todos ao protesto que acontecerá neste domingo de manhã, às 10h, no Largo do Machado, no Rio de Janeiro.
Fora Obama! Liberdade para os presos políticos do governo Dilma!
Foto: Samuel Tosta
Assine você também essa petição pública:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PSTU
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PSTU
Parlamentares exigem libertação dos presos políticos do Rio de Janeiro
PELA IMEDIATA LIBERTAÇÃO DOS PRESOS DA PASSEATA DE PROTESTO DO RIO!
Nós, parlamentares e dirigentes políticos fluminenses, estamos empenhados na imediata libertação do(a)s cidadã(o)s - trabalhadores e estudantes - presos por estarem participando de manifestação democrática e pacífica, em 18/3, contra a política intervencionista dos governos dos EUA no mundo.
Em inquérito sumário e célere, 12 pessoas foram acusados de atirarem "artefato incendiário" e "causar lesões corporais" em funcionário do Consulado norte-americano no Rio e se encontram encarcerados. Os homens, inclusive, já tiveram suas cabeças raspadas!
Desafiamos as autoridades policiais do Rio de Janeiro e também o próprio Consulado estadunidense a provar o envolvimento de qualquer dos detidos no ato de vandalismo.
A continuada detenção desses militantes é arbitrária e injusta, e o Judiciário precisa acolher os pedidos de Habeas Corpus.
Liberdade para os presos já!
Assinam: senadores Lindberg Farias (PT) e Randolfe Rodrigues(PSOL), deputados federais Chico Alencar (PSOL), Jean Wyllys (PSOL) e Stephan Nercessian (PPS), deputados estaduais Janira Rocha (PSOL), Marcelo Freixo (PSOL), Robson Leite (PT), ex-deputado federal e presidente regional do PSTU, Cyro Garcia.
Nota da CSP-Conlutas sobre prisão de manifestantes no Rio de Janeiro
No fim da tarde desta última sexta-feira (18/03) uma manifestação pacífica realizada no centro do Rio de Janeiro que protestava contra a visita de Barack Obama ao Brasil foi violentamente reprimida pela polícia e 13 pessoas foram detidas.
A manifestação começou com uma passeata que saiu da Candelária e percorreu a Av. Rio Branco como é tradição no Rio de Janeiro. Durante o percurso não houve nenhum incidente e tudo transcorria normalmente. O fim da manifestação aconteceu em frente ao consulado dos Estados Unidos, também no centro do Rio.
Já estava na fase de encerramento do ato quando uma violenta repressão foi desencadeada pela polícia sob a alegação de que um coquetel molotov teria sido jogado por um manifestante na direção do prédio do consulado.
Bombas de gás lacrimogêneo foram jogadas contra os manifestantes e prisões arbitrárias foram realizadas.
Os detidos passaram a madrugada na delegacia, foram indiciados e enquadrados em diversos artigos. Pela manhã, os homens foram encaminhados ao presídio Bangu 8 e as mulheres para o presídio de Água Santa. Essas são prisões completamente arbitrárias e ainda inafiançável.
Estes são presos políticos do governo Dilma e Sergio Cabral. Obama nem havia chegado ao Brasil e uma manifestação pacífica sofre este tipo de repressão. Para mostrar serviço aos EUA e ao seu presidente, o governo brasileiro comete tamanha arbitrariedade contra o livre direito de manifestação.
Obama vem ao nosso país de olho no pré-sal e outras riquezas naturais, bem como a posição estratégica do Brasil na America Latina. Todos que defendem a nossa soberania e os interesses da maioria da população brasileira, os trabalhadores, não podem se calar diante da presença do presidente estadunidense no Brasil.
Não vamos parar com as manifestações contra a presença de Obama e a participação de todos é fundamental. Além disso, fazemos um chamado a que todos se incorporem na campanha que estamos iniciando pela libertação imediata dos manifestantes presos e que ajudem a divulgar o abaixo assinado eletrônico disponível em nosso site.
CSP-Conlutas (Central sindical e Popular)
Manifestantes que participam de ato contra Obama no Rio são presos: assine a petição pela libertação
Depois de passar a madrugada na 5º DP (Gomes Freire), os 13 detidos nesta sexta-feira, 18, foram levados para presídios por volta das 8h de hoje. Após exame de corpo-delito no IML, os homens foram encaminhados ao presídio de Bangu 8 e as mulheres ao presídio de Água Santa.
Os manifestantes foram enquadrados em vários artigos, e não terão direito a fiança. A principal acusação é de ter tentado "causar incêndio" no consulado dos Estados Unidos. "É uma vergonha o que está acontecendo. É uma prisão política. São presos políticos do governo Sergio Cabral e de Dilma, no momento em que Obama desembarca no Brasil", protestou o integrante da da coordenação nacional da CSP-Conlutas, Cyro Garcia, que também é presidente do PSTU no Rio de Janeiro.
Os 13 manifestantes foram presos após um coqueter molotov ter sido lançado no ato em frente ao consulado. Na noite de ontem.
Inúmeras iniciativas estão sendo tomadas pela liberatação dos presos no protesto contra Obama no Rio de Janeiro.
Assine você também essa petição pública:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PSTU
Lista dos presos:
Gilberto Silva - eletricista
Rafael Rossi - professor de estado, dirigente sindical do SEPE
Pâmela Rossi - professora do estado e casada
Thiago Loureiro - estudante de Direito da UFRJ, funcionário do Sindjustiça
Yuri Proença da Costa - carteiro dos Correios
Gualberto Tinoco - servidor do estado e dirigente sindical do SEPE
Gabriela Proença da Costa - estudante de Artes da UERJ
Gabriel de Melo Souza Paulo - estudante de Letras da UFRJ, DCE UFRJ
José Eduardo Braunschweiger - advogado
Andriev Martins Santos - estudante UFF
João Paulo - estudante Colégio Pedro II
Vagner Vasconcelos - Movimento MV Brasil
Maria de Lurdes Pereira da Silva - doméstica
Os atos já aconteceram no Rio de Janeiro, em São Paulo, debaixo de chuva e em Brasília, hoje de manhã.
Todos ao protesto que acontecerá neste domingo de manhã, às 10h, no Largo do Machado, no Rio de Janeiro.
Fora Obama! Liberdade para os presos políticos do governo Dilma!
Foto: Samuel Tosta
Assine você também essa petição pública:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PSTU
14 março 2011
CSP-Conlutas repudia acordo entre Dilma e centrais sobre a correção da Tabela do Imposto de Renda!
As centrais sindicais governistas CUT, Força Sindical, CTB, NSCT, UGT, CGTB, dobraram-se ao governo Dilma ao fecharem acordo para a correção da Tabela de Imposto de Renda em 4,5%.
Segundo o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal, a tabela não é reajustada corretamente já há muitos anos, ou seja, de acordo com a inflação do período. Se contabilizarmos a defesagem desde 1995, o índice de reajuste chega a 64%.
São os trabalhadores mais uma vez que saem perdendo. Não houve nem sequer a reposição da inflação de 6,54%, referente à inflação do ano de 2010.
O pior é que as centrais aceitaram esse mesmo critério de correção, sempre abaixo da inflação, para os próximos quatro anos. Isso significa que o pequeno reajuste conquistado pelos trabalhadores nas campanhas salariais no ano passado será corroído pelo Imposto de Renda. Tudo isso num momento de grande aumento dos preços dos alimentos, dos aluguéis, dos combustíveis e dos transportes públicos em todo país.
É mais um arrocho no salário do trabalhador. Assim como fizeram com o salário mínimo, essas centrais sindicais governistas fazem mais uma vez um acordo prejudicial aos trabalhadores. Além disso, as demais reivindicações, como fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho não foram apreciadas durante a reunião entre a presidente Dilma e as centrais governistas.
Assim, a primeira reunião da presidenta Dilma com essas centrais sindicais teve um final frustrante. O governo continua com uma política econômica que privilegia os banqueiros e as grandes empresas. Para isso, impõe aos trabalhadores um constante aumento dos juros, corte nos gastos sociais, corte orçamento, retira direitos do funcionalismo público, aumenta o salário mínimo em apenas R$ 35, enquanto as centrais sindicais governistas seguem satisfeitas.
“Consideramos a reunião bastante positiva, a presidente teve boa disposição de explicar a política do governo em todas as áreas e a política econômica que nós tínhamos muitas dúvidas”, disse um dos representantes das centrais.
A CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) chama a todas as entidades sindicais e populares a repudiar este acordo e continuar a lutar, nas ruas, nas fábricas, nos bancos, nas escolas, pela correção da tabela de imposto de renda e pelas reivindicações dos trabalhadores.
Luiz Carlos Prates, Mancha, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas
Fonte: CSP Colutas
Aumento do Bolsa Família equivale a apenas 4% dos cortes anunciados pelo governo !
Governo vai gastar com o PanAmericano, o ex-banco de Sílvio Santos, cinco vezes mais que o aumento do Bolsa Família.
Após anunciar o maior corte orçamentário da história e impor um salário mínimo que fica abaixo da inflação dos últimos 12 meses, o governo Dilma tenta agora amenizar o desgaste causado por essas medidas. No mesmo dia em que a presidenta marcou presença no programa da Ana Maria Braga, também anunciou o aumento do valor pago ao Bolsa Família.
O anúncio do reajuste foi realizado na cidade baiana de Irecê. No interior da Bahia, Dilma aproveitou as comemorações do mês da mulher para anunciar o aumento de, na média, 19% no valor pago hoje a 12,9 milhões de famílias. Considerando a inflação desde o último reajuste, em 2009, o aumento real será de 8,7%.
Com o reajuste, a média dos benefícios passa de R$ 96 para R$ 115. Tem direito ao programa as famílias com renda mensal per capta inferior a R$ 140.
Ajuste fiscal intacto
Mesmo com o governo mostrando que o ajuste fiscal estaria intacto com o aumento, parte da imprensa atacou o que seria uma contradição, já que elevaria os gastos públicos num momento de contenção fiscal. Pura maldade, pois o impacto desse reajuste somaria apenas R$ 2 bilhões a mais por ano ao governo. Isso representa, por sua vez, apenas 4% dos cortes no orçamento. Significa ainda menos da metade dos R$ 5 bilhões tirados do programa Minha Casa, Minha Vida, e menos que os R$ 3,1 bilhões cortados da Educação.
Para se ter uma ideia do que significa para o governo esses R$ 20 a mais para cada beneficiado do Bolsa Família, ou R$ 2 bilhões no total, basta comparar com a ajuda concedida ao PanAmericano, o banco falido de Silvio Santos, vendido ao BTG Pactual. Recentemente, a Caixa Econômica Federal, que havia comprado parte das ações do banco em 2009, anunciou que despejará mais R$ 10 bilhões na instituição no próximo período, para que o banco continue funcionando. Cinco vezes mais que o aumento ao Bolsa Família.
Como se isso não bastasse, parte dos recursos necessários ao reajuste do benefício será remanejada de outros setores sociais, inclusive do próprio Ministério de Desenvolvimento Social. Ou seja, não representarão mais gastos ao governo. Outra parte virá da reserva de contingência, utilizada para despesas não previstas.
Política compensatória não erradica a pobreza
O Bolsa Família, apontado como o maior programa social compensatório do mundo, foi o carro chefe do governo Lula. Com o reajuste anunciado por Dilma, deve passar a custar agora R$ 15 bilhões. Cifra aparentemente elevada, mas quase nada perto dos R$ 190 bilhões pagos pelo governo só de juros da dívida pública.
Ao mesmo tempo, absolutamente insuficiente, mesmo para tirar da miséria os 50 milhões de beneficiários que ganham valores que vão de R$ 22 a, no máximo, R$ 200, e outros que estão fora do programa. De acordo com o IBGE, em 2009 o país ainda tinha 55 milhões de pessoas que sobreviviam abaixo da linha da miséria (definido pelo IPEA no valor de meio salário mínimo)
A previdência social, por outro lado, apontado por um estudo da Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) como o maior programa de distribuição de renda no país, tem seus benefícios cada vez mais arrochados e sofre constante ameaça de novas reformas. Neste ano o novo valor do salário mínimo definido por Dilma, por exemplo, vai defasar os benefícios de 18 milhões de aposentados.
Dois pesos...
Enquanto o salário mínimo recebe reajuste de 6%, ou R$ 35, índice abaixo da inflação do período, e o Bolsa Família 19%, ou R$ 20, os parlamentares se auto-concederam um aumento absurdo de 62%, ou R$ 10 mil. A CSP-Conlutas e o PSTU denunciaram essa injustiça e, em diversos protestos, exigiram o mesmo aumento de 62% ao salário mínimo, como uma verdadeira política de valorização, rumo ao salário calculado pelo Dieese, atualmente de R$ 2.227.
Fonte: www.pstu.org.br
Após anunciar o maior corte orçamentário da história e impor um salário mínimo que fica abaixo da inflação dos últimos 12 meses, o governo Dilma tenta agora amenizar o desgaste causado por essas medidas. No mesmo dia em que a presidenta marcou presença no programa da Ana Maria Braga, também anunciou o aumento do valor pago ao Bolsa Família.
O anúncio do reajuste foi realizado na cidade baiana de Irecê. No interior da Bahia, Dilma aproveitou as comemorações do mês da mulher para anunciar o aumento de, na média, 19% no valor pago hoje a 12,9 milhões de famílias. Considerando a inflação desde o último reajuste, em 2009, o aumento real será de 8,7%.
Com o reajuste, a média dos benefícios passa de R$ 96 para R$ 115. Tem direito ao programa as famílias com renda mensal per capta inferior a R$ 140.
Ajuste fiscal intacto
Mesmo com o governo mostrando que o ajuste fiscal estaria intacto com o aumento, parte da imprensa atacou o que seria uma contradição, já que elevaria os gastos públicos num momento de contenção fiscal. Pura maldade, pois o impacto desse reajuste somaria apenas R$ 2 bilhões a mais por ano ao governo. Isso representa, por sua vez, apenas 4% dos cortes no orçamento. Significa ainda menos da metade dos R$ 5 bilhões tirados do programa Minha Casa, Minha Vida, e menos que os R$ 3,1 bilhões cortados da Educação.
Para se ter uma ideia do que significa para o governo esses R$ 20 a mais para cada beneficiado do Bolsa Família, ou R$ 2 bilhões no total, basta comparar com a ajuda concedida ao PanAmericano, o banco falido de Silvio Santos, vendido ao BTG Pactual. Recentemente, a Caixa Econômica Federal, que havia comprado parte das ações do banco em 2009, anunciou que despejará mais R$ 10 bilhões na instituição no próximo período, para que o banco continue funcionando. Cinco vezes mais que o aumento ao Bolsa Família.
Como se isso não bastasse, parte dos recursos necessários ao reajuste do benefício será remanejada de outros setores sociais, inclusive do próprio Ministério de Desenvolvimento Social. Ou seja, não representarão mais gastos ao governo. Outra parte virá da reserva de contingência, utilizada para despesas não previstas.
Política compensatória não erradica a pobreza
O Bolsa Família, apontado como o maior programa social compensatório do mundo, foi o carro chefe do governo Lula. Com o reajuste anunciado por Dilma, deve passar a custar agora R$ 15 bilhões. Cifra aparentemente elevada, mas quase nada perto dos R$ 190 bilhões pagos pelo governo só de juros da dívida pública.
Ao mesmo tempo, absolutamente insuficiente, mesmo para tirar da miséria os 50 milhões de beneficiários que ganham valores que vão de R$ 22 a, no máximo, R$ 200, e outros que estão fora do programa. De acordo com o IBGE, em 2009 o país ainda tinha 55 milhões de pessoas que sobreviviam abaixo da linha da miséria (definido pelo IPEA no valor de meio salário mínimo)
A previdência social, por outro lado, apontado por um estudo da Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) como o maior programa de distribuição de renda no país, tem seus benefícios cada vez mais arrochados e sofre constante ameaça de novas reformas. Neste ano o novo valor do salário mínimo definido por Dilma, por exemplo, vai defasar os benefícios de 18 milhões de aposentados.
Dois pesos...
Enquanto o salário mínimo recebe reajuste de 6%, ou R$ 35, índice abaixo da inflação do período, e o Bolsa Família 19%, ou R$ 20, os parlamentares se auto-concederam um aumento absurdo de 62%, ou R$ 10 mil. A CSP-Conlutas e o PSTU denunciaram essa injustiça e, em diversos protestos, exigiram o mesmo aumento de 62% ao salário mínimo, como uma verdadeira política de valorização, rumo ao salário calculado pelo Dieese, atualmente de R$ 2.227.
Fonte: www.pstu.org.br
13 março 2011
Carnaval em Curuçá.
Mais um ano estivemos curtindo o carnaval em Curuçá,
com toda a familia. Foi maravilhoso o carnaval e a cada
ano mais pessoas frequentam a cidade de Curuçá, para
sair no bloco pretinhos do mangue, um bloco que chama
a atenção para a consciência ecológica na preservação
do mangue. Muito importante a mensagem dada pelos
brincantes, inclusive a da alegria do carnaval.
Vejam as fotos:
A diversão começou cedo, na praça da matriz em Curuçá.
Companheira Sandra Batista curtindo o carnaval em Curuçá.
Nada de cerveja, só no Ice gelado!!!!!
De máscara para ninguem me reconhecer!!!!!
com toda a familia. Foi maravilhoso o carnaval e a cada
ano mais pessoas frequentam a cidade de Curuçá, para
sair no bloco pretinhos do mangue, um bloco que chama
a atenção para a consciência ecológica na preservação
do mangue. Muito importante a mensagem dada pelos
brincantes, inclusive a da alegria do carnaval.
Vejam as fotos:
A diversão começou cedo, na praça da matriz em Curuçá.
Companheira Sandra Batista curtindo o carnaval em Curuçá.
Nada de cerveja, só no Ice gelado!!!!!
De máscara para ninguem me reconhecer!!!!!
Fazendo pose par as fotos!!!
Bloco pretinhos do mangue! Maila, minha filha, todo ano sai no bloco pretinhos do mangue!!
Caranguejo, símbolo do bloco pretinhos do mangue do Curuçá!
Maíla e Ana Paula, na avenida do samba com o bloco pretinhos do mangue!
A "operação Líbia" e a batalha pelo petróleo: Redesenhar o mapa da África
por Michel Chossudovsky
As implicações geopolíticas e económicas de uma intervenção militar EUA-NATO contra a Líbia são de grande alcance.
A Líbia está entre as maiores economia petrolíferas do mundo, com aproximadamente 3,5% das reservas globais de petróleo, mais do dobro daquelas dos EUA.
A "Operação Líbia" faz parte de uma agenda militar mais vasta no Médio Oriente e na Ásia Central, a qual consiste e ganhar controle e propriedade corporativa sobre mais de 60 por cento da reservas mundiais de petróleo e gás natural, incluindo as rotas de oleodutos e gasodutos.
"Países muçulmanos incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iémen, Líbia, Egipto, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte a metodologia da estimativa". (Ver Michel Chossudovsky, The "Demonization" of Muslims and the Battle for Oil, Global Research, January 4, 2007) .
Com 46,5 mil milhões de barris de reservas provadas (10 vezes as do Egipto), a Líbia é a maior economia petrolífera do continente africano seguida pela Nigéria, Argélia (Oil and Gas Journal). Em contraste, as reservas provadas dos EUA são da ordem dos 20,6 mil milhões de barris (Dezembro 2008) segundo a Energy Information Administration. U.S. Crude Oil, Natural Gas, and Natural Gas Liquids Reserves)
Nota
As estimativas mais recentes situam as reservas de petróleo da Líbia nos 60 mil milhões de barris. As suas reservas de gás em 1.500 mil milhões de m3. A sua produção tem estado entre 1,3 e 1,7 milhão de barris/dia e a produção de gás de 2.600 milhões de pés cúbicos por dia, segundo números da National Oil Corporation (NOC).
A BP Statistical Energy Survey de 2008 (em alternativa) colocava as reservas provadas da Líbia nos 41.464 mil milhões de barris no fim de 2007, os quais representam 3,34% das reservas provadas do mundo. (Mbendi Oil and Gas in Libya - Overview ).
O petróleo é o "troféu" das guerras conduzidas pelos EUA-NATO
Uma invasão da Líbia sob um pretexto humanitário serviria os mesmos interesses corporativos da invasão de 2003 e subsequente ocupação do Iraque. O objectivo subjacente é tomar posse das reservas de petróleo da Líbia, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e propriedade da riqueza petrolífera Líbia para mãos estrangeiras.
A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 25 maiores 100 companhias de petróleo do mundo. ( The Energy Intelligence ranks NOC 25 among the world's Top 100 companies. - Libyaonline.com )
A planeada invasão da Líbia, a qual já está em curso, é parte da "Batalha pelo petróleo" mais vasta. Aproximadamente 80 por cento das reservas de petróleo da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. (Ver mapa abaixo)
A Líbia é uma economia valiosa. "A guerra é bom para os negócios". O petróleo é o troféu das guerras efectuadas pelos EUA-NATO.
A Wall Street, os gigantes anglo-americanos do petróleo, os produtores de armas dos EUA e UE seria os beneficiários tácitos de uma campanha militar dos EUA-NATO contra a Líbi.
O petróleo líbio é uma mina de ouro para os gigantes petrolíferos anglo-americanos. Embora o valor de mercado do petróleo bruto esteja actualmente pouco acima dos 100 dólares por barril, o custo do petróleo líbio é extremamente baixo, tão baixo como US$1,00 por barril (segundo uma estimativa). Como comentou um perito do mercado algo cripticamente:
A Líbia está entre as maiores economia petrolíferas do mundo, com aproximadamente 3,5% das reservas globais de petróleo, mais do dobro daquelas dos EUA.
A "Operação Líbia" faz parte de uma agenda militar mais vasta no Médio Oriente e na Ásia Central, a qual consiste e ganhar controle e propriedade corporativa sobre mais de 60 por cento da reservas mundiais de petróleo e gás natural, incluindo as rotas de oleodutos e gasodutos.
"Países muçulmanos incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iémen, Líbia, Egipto, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte a metodologia da estimativa". (Ver Michel Chossudovsky, The "Demonization" of Muslims and the Battle for Oil, Global Research, January 4, 2007) .
Com 46,5 mil milhões de barris de reservas provadas (10 vezes as do Egipto), a Líbia é a maior economia petrolífera do continente africano seguida pela Nigéria, Argélia (Oil and Gas Journal). Em contraste, as reservas provadas dos EUA são da ordem dos 20,6 mil milhões de barris (Dezembro 2008) segundo a Energy Information Administration. U.S. Crude Oil, Natural Gas, and Natural Gas Liquids Reserves)
Nota
As estimativas mais recentes situam as reservas de petróleo da Líbia nos 60 mil milhões de barris. As suas reservas de gás em 1.500 mil milhões de m3. A sua produção tem estado entre 1,3 e 1,7 milhão de barris/dia e a produção de gás de 2.600 milhões de pés cúbicos por dia, segundo números da National Oil Corporation (NOC).
A BP Statistical Energy Survey de 2008 (em alternativa) colocava as reservas provadas da Líbia nos 41.464 mil milhões de barris no fim de 2007, os quais representam 3,34% das reservas provadas do mundo. (Mbendi Oil and Gas in Libya - Overview ).
O petróleo é o "troféu" das guerras conduzidas pelos EUA-NATO
Uma invasão da Líbia sob um pretexto humanitário serviria os mesmos interesses corporativos da invasão de 2003 e subsequente ocupação do Iraque. O objectivo subjacente é tomar posse das reservas de petróleo da Líbia, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e propriedade da riqueza petrolífera Líbia para mãos estrangeiras.
A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 25 maiores 100 companhias de petróleo do mundo. ( The Energy Intelligence ranks NOC 25 among the world's Top 100 companies. - Libyaonline.com )
A planeada invasão da Líbia, a qual já está em curso, é parte da "Batalha pelo petróleo" mais vasta. Aproximadamente 80 por cento das reservas de petróleo da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. (Ver mapa abaixo)
A Líbia é uma economia valiosa. "A guerra é bom para os negócios". O petróleo é o troféu das guerras efectuadas pelos EUA-NATO.
A Wall Street, os gigantes anglo-americanos do petróleo, os produtores de armas dos EUA e UE seria os beneficiários tácitos de uma campanha militar dos EUA-NATO contra a Líbi.
O petróleo líbio é uma mina de ouro para os gigantes petrolíferos anglo-americanos. Embora o valor de mercado do petróleo bruto esteja actualmente pouco acima dos 100 dólares por barril, o custo do petróleo líbio é extremamente baixo, tão baixo como US$1,00 por barril (segundo uma estimativa). Como comentou um perito do mercado algo cripticamente:
"A US$110 no mercado mundial, a simples matemática à Líbia uma margem de lucro de US$109". ( Libya Oil , Libya Oil One Country's $109 Profit on $110 Oil, EnergyandCapital.com March 12, 2008)
Interesses petrolíferos estrangeiros na Líbia
Dentre as companhias petrolíferas estrangeiras que operavam antes da insurreição na Líbia incluem-se a Total da França, a ENI da Itália, a China National Petroleum Corp (CNPC), British Petroleum, o consórcio espanhol REPSOL, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Hess, Conoco Phillips.
Muito significativamente, a China desempenha um papel central na indústria petrolífera líbia. A China National Petroleum Corp (CNPC) tinha, até o seu repatriamento, uma força de trabalho de 30 mil chineses na Líbia. A British Petroleum (BP), em contraste, tinha uma força de trabalho de 40 a qual foi repatriada.
Onze por cento (11%) das exportações de petróleo líbias são canalizadas para a China. Se bem que não haja números sobre a dimensão e importância da produção e actividades de exploração da CNPC, há indicações que são apreciáveis.
Mais geralmente, a presença da China na África do Norte é considerada por Washington como uma intrusão por. De um ponto de vista geopolítico, a China é uma intrusa. A campanha militar dirigida contra a Líbia pretende excluir a China da África do Norte.
O papel da Itália também tem importância. A ENI, o consórcio italiano, extrai 244 mil barris de gás e petróleo [por dia], os quais representam quase 25 por cento do total das exportações da Líbia. ( Sky News: Foreign oil firms halt Libyan operations , February 23, 2011).
Dentre as companhias estado-unidenses na Líbia, a Chevron e a Occidental Petroleum (Oxy) decidiram há cerca de seis meses (Outubro 2010) não renovar as suas licenças de exploração de petróleo e gás na Líbia. ( Why are Chevron and Oxy leaving Libya?: Voice of Russia , October 6, 2010). Em contraste, em Novembro de 2010 a companhia alemã R.W. DIA E assinou um acordo de grande alcance com a National Oil Corporation (NOC) da Líbia que envolve a exploração e partilha de produção. AfricaNews - Libya: German oil firm signs prospecting deal - The AfricaNews,
As apostas financeiras bem como "os despojos de guerra" são extremamente elevados. A operação militar pretende desmantelar instituições financeiras da Líbia bem como confiscar milhares de milhões de dólares de activos financeiros líbios depositados em bancos ocidentais.
Deveria ser enfatizado que as capacidades militares da Líbia, incluindo o seu sistema de defesa aérea, são fracas.
Redesenhar o mapa da África
A Líbia tem as maiores reservas de petróleo da África. O objectivo da interferência dos EUA-NATO é estratégico: consiste no roubo sem rodeios, em roubar a riqueza petrolífera do país sob o disfarce de uma intervenção humanitária.
Esta operação militar pretende estabelecer a hegemonia dos EUA na África do Norte, uma região historicamente dominada pela França e em menor extensão pela Itália e Espanha.
Em relação à Tunísia, Marrocos e Argélia, o desígnio de Washington é enfraquecer os laços políticos destes países com a França e pressionar pela instalação de novos regimes políticos que tenham um estreito relacionamento com os EUA. Este enfraquecimento da França, como aspecto do desígnio imperial dos EUA, faz parte de um processo histórico que remonta às guerras na Indochina.
A intervenção dos EUA-NATO que conduza à futura formação de um regime fantoche dos EUA pretende também excluir a China da região e por para fora a National Petroleum Corp (CNPC) da China. Os gigantes anglo-americanos, incluindo a British Petroleum que em 2007 assinou um contrato de exploração com o governo Kadafi, estão entre os potenciais "beneficiários" da proposta operação militar EUA-NATO.
Mais na generalidade, o que está em causa é o redesenho do mapa da África, um processo de redivisão neo-colonial, o descarte das demarcações da Conferência de Berlim de 1884, a conquista da África pelos Estados Unidos em aliança com a Grã-Bretanha, numa operação conduzida pelos EUA-NATO.
Líbia: Portão saariano estratégico para a África Central
A Líbia tem fronteiras com vários países que estão na esfera de influência da França, incluindo a Argélia, Tunísia, Níger e Chad.
O Chad é potencialmente uma economia rica em petróleo. A ExxonMobil e a Chevron têm interesses no Chad do Sul incluindo um projecto de oleoduto. O Chad do Sul é um portão de entrada para a região do Darfur, do Sudão, a qual também é estratégico em vista da sua riqueza petrolífera.
A China tem interesses petrolíferos tanto no Chad como no Sudão. A China National Petroleum Corp (CNPC) assinou em 2007 um acordo de grande alcance com o governo do Chad.
O Níger é estratégico para os Estados Unidos devido às suas vastas reservas de urânio. No presente, a França domina a indústria de urânio no Níger através do conglomerado nuclear francês Areva, anteriormente conhecido como Cogema. A China também tem interesse na indústria de urânio do Níger.
Mais geralmente, a fronteira Sul da Líbia é estratégica para os Estados Unidos na sua busca pela extensão da sua esfera de influência na África francófona, um vasto território que se estende desde a África do Norte até à África Central e Ocidental. Historicamente esta região fazia parte dos impérios coloniais da França e da Bélgica, cujas fronteiras foram estabelecidas na Conferência de Berlim de 1884.
Os EUA desempenharam um papel passivo na Conferência de Berlim de 1884. Esta nova redivisão no século XXI do continente africano, baseada no controle sobre o petróleo, gás natural e minerais estratégicos (cobalto, urânio, crómio, manganês e platina) apoia amplamente os interesses corporativos anglo-americanos.
A interferência dos EUA na África do Norte redefine a geopolítica de toda uma região. Mina a China e ensombra a influência da União Europeia.
Esta nova redivisão da África não enfraquece apenas o papel das antigas potências coloniais (incluindo a França e a Itália) na África do Norte. Ela também faz parte de um processo mais vasto de deslocamento e enfraquecimento da França (e da Bélgica) sobre uma grande parte do continente africano.
Regimes fantoches dos EUA foram instalados em vários países africanos que historicamente estavam na esfera de influência da França (e Bélgica), incluindo a República do Congo e o Rwanda. Vários países na África Ocidental dentro da esfera da França (incluindo a Costa do Marfim) estão destinados a tornarem-se estados proxy dos EUA.
A União Europeia está fortemente dependente do fluxo de petróleo líbio. Oitenta e cinco por cento do seu petróleo é vendido para países europeus. No caso de uma guerra com a Líbia, a oferta de petróleo à Europa Ocidental poderia ser interrompida, afectando grandemente a Itália, França e Alemanha, as quais estão fortemente dependentes do petróleo líbio. As implicações destas interrupções são de extremo alcance. Elas também têm relação directa sobre o relacionamento entre os EUA e a União Europeia.
Observações conclusivas
Os media de referência, através da desinformação maciça, são cúmplices na justificação de uma agenda militar a qual, se executada, teria consequências devastadoras não apenas para o povo líbio: os impactos sociais e económicos seriam sentidos à escala mundial.
Há actualmente três diferentes teatros de guerra na região do Médio Oriente e Ásia Central: Palestina, Afeganistão, Iraque. No caso de um ataque à Líbia, um quarto teatro de guerra seria aberto na África do Norte, com o risco de escalada militar.
A opinião pública deve tomar conhecimento da agenda oculto por trás deste empreendimento alegadamente humanitário, apregoado por chefes de estado e chefes de governo de países da NATO como uma "Guerra Justa". A teoria da Guerra Justa, tanto nas suas versões clássica como contemporânea, defende a guerra como uma "operação humanitária". Ela apela à intervenção militar sobre bases éticas e morais contra "estados vilões" e "terroristas islâmicos". A teoria da Guerra Justa demoniza o regime Kadafi na sua fase de preparação.
Os chefes de estado e de governo dos países da NATO são arquitectos da guerra e destruição no Iraque e no Afeganistão. Numa lógica absolutamente enviesada, eles são apregoados como as vozes da razão, como os representantes da "comunidade internacional".
As realidades são invertidas. Uma intervenção humanitária é lançada por criminosos de guerra em altos cargos, os quais são os guardiões da teoria da Guerra Justa.
Abu Ghraib, Guantanamo, ... Baixas civis no Paquistão resultantes de ataques dos EUA com aviões sem piloto a cidades e aldeias, ordenados pelo presidente Obama, não estão nas primeiras páginas dos noticiários, nem tão pouco os 2 milhões de mortes civis no Iraque. Não existe isso de "Guerra Justa".
A história do imperialismo dos EUA deveria ser entendida. O Relatório 200 do Project of the New American Century (PNAC) intitulado "Rebuilding Americas' Defenses" apela à implementação de uma longa guerra, uma guerra de conquista. Um dos principais componentes desta agenda militar é: "Combater e vencer decisivamente em múltiplos teatros de guerra simultâneos".
A operação Líbia faz parte desse processo. É um outro teatro na lógica do Pentágono de "teatros de guerra simultâneos".
O documento PNAC reflecte fielmente a evolução da doutrina militar dos EUA desde 2001. Os planos dos EUA para se envolver simultaneamente em vários teatros de guerra em diferentes regiões do mundo.
Embora a protecção da América, nomeadamente a "Segurança Nacional" dos EUA, seja mantido como objectivo, o relatório do PNAC explica claramente porque estes teatros de guerra múltiplos são requeridos. A justificação humanitária não é mencionada.
Qual é o objectivo do roteiro militar da América?
A Líbia é alvejada porque é um dentre os vários países que permanecem fora da esfera de influência da América, por não se acomodar às exigências dos EUA. A Líbia é um país que foi seleccionado como parte de um "roteiro" militar que consiste de "múltiplos teatros de guerra simultâneos". Nas palavras do antigo comandante-chefe da NATO, general Wesley Clark:
Dentre as companhias petrolíferas estrangeiras que operavam antes da insurreição na Líbia incluem-se a Total da França, a ENI da Itália, a China National Petroleum Corp (CNPC), British Petroleum, o consórcio espanhol REPSOL, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Hess, Conoco Phillips.
Muito significativamente, a China desempenha um papel central na indústria petrolífera líbia. A China National Petroleum Corp (CNPC) tinha, até o seu repatriamento, uma força de trabalho de 30 mil chineses na Líbia. A British Petroleum (BP), em contraste, tinha uma força de trabalho de 40 a qual foi repatriada.
Onze por cento (11%) das exportações de petróleo líbias são canalizadas para a China. Se bem que não haja números sobre a dimensão e importância da produção e actividades de exploração da CNPC, há indicações que são apreciáveis.
Mais geralmente, a presença da China na África do Norte é considerada por Washington como uma intrusão por. De um ponto de vista geopolítico, a China é uma intrusa. A campanha militar dirigida contra a Líbia pretende excluir a China da África do Norte.
O papel da Itália também tem importância. A ENI, o consórcio italiano, extrai 244 mil barris de gás e petróleo [por dia], os quais representam quase 25 por cento do total das exportações da Líbia. ( Sky News: Foreign oil firms halt Libyan operations , February 23, 2011).
Dentre as companhias estado-unidenses na Líbia, a Chevron e a Occidental Petroleum (Oxy) decidiram há cerca de seis meses (Outubro 2010) não renovar as suas licenças de exploração de petróleo e gás na Líbia. ( Why are Chevron and Oxy leaving Libya?: Voice of Russia , October 6, 2010). Em contraste, em Novembro de 2010 a companhia alemã R.W. DIA E assinou um acordo de grande alcance com a National Oil Corporation (NOC) da Líbia que envolve a exploração e partilha de produção. AfricaNews - Libya: German oil firm signs prospecting deal - The AfricaNews,
As apostas financeiras bem como "os despojos de guerra" são extremamente elevados. A operação militar pretende desmantelar instituições financeiras da Líbia bem como confiscar milhares de milhões de dólares de activos financeiros líbios depositados em bancos ocidentais.
Deveria ser enfatizado que as capacidades militares da Líbia, incluindo o seu sistema de defesa aérea, são fracas.
Redesenhar o mapa da África
A Líbia tem as maiores reservas de petróleo da África. O objectivo da interferência dos EUA-NATO é estratégico: consiste no roubo sem rodeios, em roubar a riqueza petrolífera do país sob o disfarce de uma intervenção humanitária.
Esta operação militar pretende estabelecer a hegemonia dos EUA na África do Norte, uma região historicamente dominada pela França e em menor extensão pela Itália e Espanha.
Em relação à Tunísia, Marrocos e Argélia, o desígnio de Washington é enfraquecer os laços políticos destes países com a França e pressionar pela instalação de novos regimes políticos que tenham um estreito relacionamento com os EUA. Este enfraquecimento da França, como aspecto do desígnio imperial dos EUA, faz parte de um processo histórico que remonta às guerras na Indochina.
A intervenção dos EUA-NATO que conduza à futura formação de um regime fantoche dos EUA pretende também excluir a China da região e por para fora a National Petroleum Corp (CNPC) da China. Os gigantes anglo-americanos, incluindo a British Petroleum que em 2007 assinou um contrato de exploração com o governo Kadafi, estão entre os potenciais "beneficiários" da proposta operação militar EUA-NATO.
Mais na generalidade, o que está em causa é o redesenho do mapa da África, um processo de redivisão neo-colonial, o descarte das demarcações da Conferência de Berlim de 1884, a conquista da África pelos Estados Unidos em aliança com a Grã-Bretanha, numa operação conduzida pelos EUA-NATO.
Líbia: Portão saariano estratégico para a África Central
A Líbia tem fronteiras com vários países que estão na esfera de influência da França, incluindo a Argélia, Tunísia, Níger e Chad.
O Chad é potencialmente uma economia rica em petróleo. A ExxonMobil e a Chevron têm interesses no Chad do Sul incluindo um projecto de oleoduto. O Chad do Sul é um portão de entrada para a região do Darfur, do Sudão, a qual também é estratégico em vista da sua riqueza petrolífera.
A China tem interesses petrolíferos tanto no Chad como no Sudão. A China National Petroleum Corp (CNPC) assinou em 2007 um acordo de grande alcance com o governo do Chad.
O Níger é estratégico para os Estados Unidos devido às suas vastas reservas de urânio. No presente, a França domina a indústria de urânio no Níger através do conglomerado nuclear francês Areva, anteriormente conhecido como Cogema. A China também tem interesse na indústria de urânio do Níger.
Mais geralmente, a fronteira Sul da Líbia é estratégica para os Estados Unidos na sua busca pela extensão da sua esfera de influência na África francófona, um vasto território que se estende desde a África do Norte até à África Central e Ocidental. Historicamente esta região fazia parte dos impérios coloniais da França e da Bélgica, cujas fronteiras foram estabelecidas na Conferência de Berlim de 1884.
Os EUA desempenharam um papel passivo na Conferência de Berlim de 1884. Esta nova redivisão no século XXI do continente africano, baseada no controle sobre o petróleo, gás natural e minerais estratégicos (cobalto, urânio, crómio, manganês e platina) apoia amplamente os interesses corporativos anglo-americanos.
A interferência dos EUA na África do Norte redefine a geopolítica de toda uma região. Mina a China e ensombra a influência da União Europeia.
Esta nova redivisão da África não enfraquece apenas o papel das antigas potências coloniais (incluindo a França e a Itália) na África do Norte. Ela também faz parte de um processo mais vasto de deslocamento e enfraquecimento da França (e da Bélgica) sobre uma grande parte do continente africano.
Regimes fantoches dos EUA foram instalados em vários países africanos que historicamente estavam na esfera de influência da França (e Bélgica), incluindo a República do Congo e o Rwanda. Vários países na África Ocidental dentro da esfera da França (incluindo a Costa do Marfim) estão destinados a tornarem-se estados proxy dos EUA.
A União Europeia está fortemente dependente do fluxo de petróleo líbio. Oitenta e cinco por cento do seu petróleo é vendido para países europeus. No caso de uma guerra com a Líbia, a oferta de petróleo à Europa Ocidental poderia ser interrompida, afectando grandemente a Itália, França e Alemanha, as quais estão fortemente dependentes do petróleo líbio. As implicações destas interrupções são de extremo alcance. Elas também têm relação directa sobre o relacionamento entre os EUA e a União Europeia.
Observações conclusivas
Os media de referência, através da desinformação maciça, são cúmplices na justificação de uma agenda militar a qual, se executada, teria consequências devastadoras não apenas para o povo líbio: os impactos sociais e económicos seriam sentidos à escala mundial.
Há actualmente três diferentes teatros de guerra na região do Médio Oriente e Ásia Central: Palestina, Afeganistão, Iraque. No caso de um ataque à Líbia, um quarto teatro de guerra seria aberto na África do Norte, com o risco de escalada militar.
A opinião pública deve tomar conhecimento da agenda oculto por trás deste empreendimento alegadamente humanitário, apregoado por chefes de estado e chefes de governo de países da NATO como uma "Guerra Justa". A teoria da Guerra Justa, tanto nas suas versões clássica como contemporânea, defende a guerra como uma "operação humanitária". Ela apela à intervenção militar sobre bases éticas e morais contra "estados vilões" e "terroristas islâmicos". A teoria da Guerra Justa demoniza o regime Kadafi na sua fase de preparação.
Os chefes de estado e de governo dos países da NATO são arquitectos da guerra e destruição no Iraque e no Afeganistão. Numa lógica absolutamente enviesada, eles são apregoados como as vozes da razão, como os representantes da "comunidade internacional".
As realidades são invertidas. Uma intervenção humanitária é lançada por criminosos de guerra em altos cargos, os quais são os guardiões da teoria da Guerra Justa.
Abu Ghraib, Guantanamo, ... Baixas civis no Paquistão resultantes de ataques dos EUA com aviões sem piloto a cidades e aldeias, ordenados pelo presidente Obama, não estão nas primeiras páginas dos noticiários, nem tão pouco os 2 milhões de mortes civis no Iraque. Não existe isso de "Guerra Justa".
A história do imperialismo dos EUA deveria ser entendida. O Relatório 200 do Project of the New American Century (PNAC) intitulado "Rebuilding Americas' Defenses" apela à implementação de uma longa guerra, uma guerra de conquista. Um dos principais componentes desta agenda militar é: "Combater e vencer decisivamente em múltiplos teatros de guerra simultâneos".
A operação Líbia faz parte desse processo. É um outro teatro na lógica do Pentágono de "teatros de guerra simultâneos".
O documento PNAC reflecte fielmente a evolução da doutrina militar dos EUA desde 2001. Os planos dos EUA para se envolver simultaneamente em vários teatros de guerra em diferentes regiões do mundo.
Embora a protecção da América, nomeadamente a "Segurança Nacional" dos EUA, seja mantido como objectivo, o relatório do PNAC explica claramente porque estes teatros de guerra múltiplos são requeridos. A justificação humanitária não é mencionada.
Qual é o objectivo do roteiro militar da América?
A Líbia é alvejada porque é um dentre os vários países que permanecem fora da esfera de influência da América, por não se acomodar às exigências dos EUA. A Líbia é um país que foi seleccionado como parte de um "roteiro" militar que consiste de "múltiplos teatros de guerra simultâneos". Nas palavras do antigo comandante-chefe da NATO, general Wesley Clark:
"No Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais superiores do staff teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos a caminho de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isso estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, começando com o Iraque e a seguir a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão... (Wesley Clark, Winning Modern Wars, p. 130).
09/Março/2011
Parte I: Insurreição e intervenção militar: Os EUA-NATO tentaram golpe de Estado na Líbia? Parte III: "War is Good for Business": The Libya Insurrection has Triggered a Surge in Oil Prices. Speculators Applaud... (a publicar)
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
11 março 2011
Entrevista com professor Oswaldo Coggiola sobre processo revolucionário no mundo árabe.
Processos revolucionários no mundo árabe questionam regimes políticos e abalam conjunto das relações internacionais”, diz Coggiola
Leia abaixo entrevista concedida por Oswaldo Coggiola, professor do departamento de História da Universidade de São Paulo (USP) e 3º vice-presidente do ANDES-SN.
Primeiro foi a Tunísia. Depois, o Egito. Nós podemos dizer que há uma revolução em curso no mundo árabe?
Sim, e são processos revolucionários no sentido amplo da palavra, porque questionam os regimes políticos internos e porque abalam o conjunto das relações internacionais. Tunísia e Egito eram duas verdadeiras cleptocracias. No caso de Ben Ali, a fortuna de sua família, obviamente toda ela depositada no exterior, está calculada em U$S 18 bilhões, que é quase exatamente o valor da dívida externa do país. No caso do Egito é pior ainda. A fortuna da família Mubarak está calculada em US$ 70 bilhões. Essas fortunas são o preço que esses governantes cobraram para sustentar por tanto tempo esses regimes que agradavam ao ocidente. E, neste momento, há um esforço concentrado para preservar os regimes políticos, a despeito da saída dos governantes, para preservar, principalmente, a aliança entre o Egito e o Estado de Israel, porque assim se preserva o papel de polícia que Israel exerce na região, já que é o único país que possui arsenal atômico nesta região do planeta. O próprio exército que assumiu o Egito já declarou que a aliança com Israel será mantida. O principal líder da oposição, o prêmio Nobel da Paz, Muhammad Al-Baradai, também declarou, e com isso fundamentou sua candidatura, que estaria disposto a preservar o acordo com Israel.
Mas a população que tomou as ruas da Tunísia e do Egito queria apenas tirar os dirigentes ou queria também uma mudança de regime?
O que unificava a população era a luta pela saída de Ben Ali e Mubarak. Agora que eles caíram, começam a aparecer as contradições do momento. Alguns querem parar a revolução aí, e por enquanto esses são majoritários, e há setores em crescimento que pretendem ir mais longe, que querem não apenas tirar os ditadores do seus postos, mas também julgá-los e reaver o que eles roubaram. E também julgar seus regimes políticos. Este processo está bem mais adiantado na Tunísia, porque o governo que sucedeu Ben Ali conta com membros do seu próprio governo. Isso já provocou algumas reviravoltas políticas. Por exemplo, a central sindical tunisiana, a UGTT, havia designado três ministros para o governo de transição, mas a pressão das bases foi tamanha que eles tiveram que retirar esses ministros do governo, que era denunciado pelas bases como continuidade. Isso significa que se abriu uma luta política interna na revolução. É como o que ocorreu na Rússia de 1917. No primeiro momento, todos estavam unidos para derrubar o czar. Mas depois apareceu uma divisão no interior do movimento e houve uma luta política que todos sabem como acabou. E a comparação também para por aqui, porque na Rússia de 1917 se tinha, em primeiro lugar, uma guerra mundial.
E existe o risco de que as revoluções no mundo árabe acabem provocando uma nova guerra mundial?
Sim, porque a região é o centro nevrálgico do problema das relações internacionais. Israel detém armas atômicas e já declarou que pode usar essas armas contra o Irã. Israel pode, por exemplo, usar estas armas contra o Irã para condicionar o fim das revoluções nos países árabes. O Irã não é um país árabe, mas é um país muçulmano. Nos países árabes prevalece o islamismo sunita. Na Rússia de 1917 havia os chamados Sovietes, havia um grau elevado de organização popular, de organização operária, com independência. E no Egito e na Tunísia não está claro que isso está acontecendo. Nós sabemos que há organizações estudantis e operárias mas, daqui, de longe, é difícil avaliar o grau de desenvolvimento. Então, é uma situação que abala todas as relações internacionais e que vai se decidir através da luta política interna dentro desse processo revolucionário. Esse é o fator essencial, sendo que existem dois fatores que condicionam todo o processo de mobilização dos povos árabes: de um lado, a luta pela causa palestina contra o Estado de Israel, porque, se Israel mantiver seu papel de polícia com a ameaça atômica que ele representa, isso vai condicionar todos esses processos. Quer dizer, a pressão de Israel pode limitar esses processos. O segundo fator, diretamente vinculado ao primeiro, é a ameaça de Israel, e também dos Estados Unidos, contra o Irã, que é hoje o principal foco de tensão que pode vir a resultar em um conflito militar. Essas questões já existiam, claro, mas se colocam atualmente em um patamar diferente, porque elas se condicionavam à neutralidade dos países árabes e esta neutralidade pode deixar de ocorrer em função das mobilizações e dos processos revolucionários.
Nos processos revolucionários em curso, qual é o peso da questão econômica e também das lutas pelas liberdades individuais, questão de gênero, e questão religiosa?
Todo processo revolucionário abala todas as esferas da vida. Em primeiro lugar, esse processo revolucionário se enquadra dentro da crise capitalista mundial, que já tinha provocado algumas manifestações pelo mundo, em especial na Grécia, na Irlanda, na Espanha, e até greves na China. Mas sem desmerecer essas manifestações, o que está acontecendo nos países árabes é qualitativamente mais importante, porque não se trata apenas de mobilizações de resistência, mas de uma situação em que o povo tomou uma ofensiva contra os governos. O que ocorreu no Egito, na Tunísia, e que deverá ocorrer como efeito dominó na Argélia, significa uma ameaça a própria existência dos governos. O estopim das mobilizações foi a crise econômica mundial. Afinal, foi a necessidade que provocou a imolação por fogo de um jovem na Tunísia. Há desemprego em massa nesses países. Nos países árabes (Argélia, Tunísia, Mauritânia, Marrocos etc), a grande saída para o desemprego foi sempre a migração para a Europa. Só que, atualmente, na Europa não há mais emprego nenhum. Nem na economia informal, nem no mercado negro. Isso resultou na revolução. A questão econômica foi o estopim. Mas a partir do estopim, revelou-se as outras situações de opressão política, com as ditaduras, de corrupção, de todas as ordens, da discussão sobre o papel do exército na sociedade. Depois do de Israel, o exercito Egípcio é o que recebe mais subsídios dos Estados Unidos, US$ 1,5 bilhão. E também são questionadas as relações de gênero em países que historicamente destinam à mulher um papel secundário, a obrigam a usar determinado tipo de roupa, e o próprio papel da religião na sociedade, porque essa opressão sobre as mulheres, por exemplo, está prescrita na fundamentação religiosa. Nas imagens da revolução tunisiana, nós vemos mulheres vestidas à maneira islâmica, mas também com camisas, calças etc.. com véus, com roupas islâmicas, embora na Tunísia esse comportamento já fosse normal antes da revolução.
Agora, temos o representante dos EUA que quer que a Irmandade Muçulmana entre no governo, no processo de transição. Curiosamente, os EUA, depois de ter ameaçado o mundo com o fantasma do terrorismo islâmico, agora talvez se veja obrigado a entrar em acordo com os islâmicos para que eles próprios exerçam o papel de opressores na região. Não é apenas a religião islâmica, mas todas as religiões exercem o papel de freio nos processos revolucionários. Mas também temos em todos esses países, assim como temos uma Teologia da Libertação na América Latina, uma interpretação revolucionária do islamismo. Ou seja, o próprio islamismo, que já tem a vantagem de não ter um papa, uma autoridade superior reconhecida, e por isso, ser uma religião bem mais democrática do que a católica. Mas o próprio islamismo exercerá papel importante no campo de batalha. A Irmandade Muçulmana exerce papel bem moderado, mas há outras, e há também partidos de esquerda, porque esses países não entraram agora na história. Tem uma longa historia nas costas. Curiosamente, os partidos que estavam no poder na Tunísia e no Egito eram filiados à Internacional Socialista. E apenas no dia 18 de janeiro, quando a revolução já estava em andamento, quando Ben Ali já havia sido posto para fora do poder, é que a Internacional Socialista tomou a medida elementar de colocar o partido dele para fora. Somente quatro dias depois da queda do governo. E está acontecendo a mesma coisa com o partido democrático do Egito. E não há apenas um partido comunista nessa região, são vários. São países que não têm apenas tradição islâmica, como se costuma pensar, mas têm tradição laica, cultural, intelectual... no Egito temos Prêmio Nobel de Literatura...
Quais as relações entre essas revoluções e as lutas que os trabalhadores brasileiros irão enfrentar no período?
Em primeiro lugar é preciso chamar a atenção dos trabalhadores brasileiros sobre o que está acontecendo nos países árabes, porque a tradição internacionalista não é forte nesses países. É preciso chamar a atenção de que esses trabalhadores árabes estão lutando contra os mesmos opressores da América Latina: os EUA. Em segundo lugar, há dois elementos que devem ser levados em conta: o que está caindo nos países árabes não são simplesmente ditaduras, não são ditaduras militares como as que já ocorreram na América Latina. Mubarak e Ben Ali foram eleitos democraticamente com altos índices de aprovação popular. São regimes de forte teor nacionalista. No Egito, o nacionalismo nasce com Nasser que era muito mais radical, por exemplo, do que Chávez. Nasser nacionalizou toda a economia do Egito. Perto dele, Chávez é um amador, porque não nacionalizou grande coisa. E quando nacionalizou, pagou por isso. Nasser fez guerra. Chávez só ameaçou os EUA.
Então, os regimes nacionalistas de cunho personalista podem até começar muito radicalizados, como aconteceu também aqui na América Latina, mas quando derivam para uma ditadura caudilhista e não baseada na organização autônoma dos trabalhadores, mas no papel de um caudilho, acabam como o que aconteceu nos países árabes: ditaduras personalistas e corruptas. Aqui no Brasil, isso não chega a se repetir de maneira exata, mas é preciso estarmos atentos porque Lula tem o papel de uma figura carismática, embora não se perpetue no poder como os demais.
Em segundo lugar, é preciso perceber que a popularidade de um governo não é fator inabalável, contra o qual não se pode fazer nada. Dilma não é um fator inabalável. Na Tunísia também havia partidos de oposição. Entretanto, nas últimas eleições, Ben Ali ganhou com percentual superior ao de Lula, com mais de 95% dos votos. Mesmo que a população tenha votado em Ben Ali por falta de opção, por apatia, por medo... o que importa é que o quadro mudou. Isso significa que esses índices são muito relativos e podem mudar. As lições que tiramos de tudo para a América Latina, ressalvadas as devidas diferenças, são enormes, porque elas abalam todas as relações internacionais, das quais Brasil e América Latina estão inseridos. As características políticas são diferentes, mas não totalmente diferentes. Outro fator importante é que, apesar do processo de mobilização inicial da população, o que quebrou a espinha dorsal desses governos foram as greves. Primeiro, você tinha praças ocupadas. Mas depois, você tinha a economia inteira paralisada. Nesse momento, mesmo os setores do exercito e do EUA que continuavam apoiando os governos desistiram de apoiá-los. As greves abrangeram todas as categorias profissionais. Até médicos, engenheiros, todos pararam. O papel da greve foi decisivo e foi o que derrubou Mubarak. Na Tunísia também. Houve 40 dias de mobilização, mas no momento em que as greves se generalizaram, o próprio exército.
Fonte Andes-SN
Leia abaixo entrevista concedida por Oswaldo Coggiola, professor do departamento de História da Universidade de São Paulo (USP) e 3º vice-presidente do ANDES-SN.
Primeiro foi a Tunísia. Depois, o Egito. Nós podemos dizer que há uma revolução em curso no mundo árabe?
Sim, e são processos revolucionários no sentido amplo da palavra, porque questionam os regimes políticos internos e porque abalam o conjunto das relações internacionais. Tunísia e Egito eram duas verdadeiras cleptocracias. No caso de Ben Ali, a fortuna de sua família, obviamente toda ela depositada no exterior, está calculada em U$S 18 bilhões, que é quase exatamente o valor da dívida externa do país. No caso do Egito é pior ainda. A fortuna da família Mubarak está calculada em US$ 70 bilhões. Essas fortunas são o preço que esses governantes cobraram para sustentar por tanto tempo esses regimes que agradavam ao ocidente. E, neste momento, há um esforço concentrado para preservar os regimes políticos, a despeito da saída dos governantes, para preservar, principalmente, a aliança entre o Egito e o Estado de Israel, porque assim se preserva o papel de polícia que Israel exerce na região, já que é o único país que possui arsenal atômico nesta região do planeta. O próprio exército que assumiu o Egito já declarou que a aliança com Israel será mantida. O principal líder da oposição, o prêmio Nobel da Paz, Muhammad Al-Baradai, também declarou, e com isso fundamentou sua candidatura, que estaria disposto a preservar o acordo com Israel.
Mas a população que tomou as ruas da Tunísia e do Egito queria apenas tirar os dirigentes ou queria também uma mudança de regime?
O que unificava a população era a luta pela saída de Ben Ali e Mubarak. Agora que eles caíram, começam a aparecer as contradições do momento. Alguns querem parar a revolução aí, e por enquanto esses são majoritários, e há setores em crescimento que pretendem ir mais longe, que querem não apenas tirar os ditadores do seus postos, mas também julgá-los e reaver o que eles roubaram. E também julgar seus regimes políticos. Este processo está bem mais adiantado na Tunísia, porque o governo que sucedeu Ben Ali conta com membros do seu próprio governo. Isso já provocou algumas reviravoltas políticas. Por exemplo, a central sindical tunisiana, a UGTT, havia designado três ministros para o governo de transição, mas a pressão das bases foi tamanha que eles tiveram que retirar esses ministros do governo, que era denunciado pelas bases como continuidade. Isso significa que se abriu uma luta política interna na revolução. É como o que ocorreu na Rússia de 1917. No primeiro momento, todos estavam unidos para derrubar o czar. Mas depois apareceu uma divisão no interior do movimento e houve uma luta política que todos sabem como acabou. E a comparação também para por aqui, porque na Rússia de 1917 se tinha, em primeiro lugar, uma guerra mundial.
E existe o risco de que as revoluções no mundo árabe acabem provocando uma nova guerra mundial?
Sim, porque a região é o centro nevrálgico do problema das relações internacionais. Israel detém armas atômicas e já declarou que pode usar essas armas contra o Irã. Israel pode, por exemplo, usar estas armas contra o Irã para condicionar o fim das revoluções nos países árabes. O Irã não é um país árabe, mas é um país muçulmano. Nos países árabes prevalece o islamismo sunita. Na Rússia de 1917 havia os chamados Sovietes, havia um grau elevado de organização popular, de organização operária, com independência. E no Egito e na Tunísia não está claro que isso está acontecendo. Nós sabemos que há organizações estudantis e operárias mas, daqui, de longe, é difícil avaliar o grau de desenvolvimento. Então, é uma situação que abala todas as relações internacionais e que vai se decidir através da luta política interna dentro desse processo revolucionário. Esse é o fator essencial, sendo que existem dois fatores que condicionam todo o processo de mobilização dos povos árabes: de um lado, a luta pela causa palestina contra o Estado de Israel, porque, se Israel mantiver seu papel de polícia com a ameaça atômica que ele representa, isso vai condicionar todos esses processos. Quer dizer, a pressão de Israel pode limitar esses processos. O segundo fator, diretamente vinculado ao primeiro, é a ameaça de Israel, e também dos Estados Unidos, contra o Irã, que é hoje o principal foco de tensão que pode vir a resultar em um conflito militar. Essas questões já existiam, claro, mas se colocam atualmente em um patamar diferente, porque elas se condicionavam à neutralidade dos países árabes e esta neutralidade pode deixar de ocorrer em função das mobilizações e dos processos revolucionários.
Nos processos revolucionários em curso, qual é o peso da questão econômica e também das lutas pelas liberdades individuais, questão de gênero, e questão religiosa?
Todo processo revolucionário abala todas as esferas da vida. Em primeiro lugar, esse processo revolucionário se enquadra dentro da crise capitalista mundial, que já tinha provocado algumas manifestações pelo mundo, em especial na Grécia, na Irlanda, na Espanha, e até greves na China. Mas sem desmerecer essas manifestações, o que está acontecendo nos países árabes é qualitativamente mais importante, porque não se trata apenas de mobilizações de resistência, mas de uma situação em que o povo tomou uma ofensiva contra os governos. O que ocorreu no Egito, na Tunísia, e que deverá ocorrer como efeito dominó na Argélia, significa uma ameaça a própria existência dos governos. O estopim das mobilizações foi a crise econômica mundial. Afinal, foi a necessidade que provocou a imolação por fogo de um jovem na Tunísia. Há desemprego em massa nesses países. Nos países árabes (Argélia, Tunísia, Mauritânia, Marrocos etc), a grande saída para o desemprego foi sempre a migração para a Europa. Só que, atualmente, na Europa não há mais emprego nenhum. Nem na economia informal, nem no mercado negro. Isso resultou na revolução. A questão econômica foi o estopim. Mas a partir do estopim, revelou-se as outras situações de opressão política, com as ditaduras, de corrupção, de todas as ordens, da discussão sobre o papel do exército na sociedade. Depois do de Israel, o exercito Egípcio é o que recebe mais subsídios dos Estados Unidos, US$ 1,5 bilhão. E também são questionadas as relações de gênero em países que historicamente destinam à mulher um papel secundário, a obrigam a usar determinado tipo de roupa, e o próprio papel da religião na sociedade, porque essa opressão sobre as mulheres, por exemplo, está prescrita na fundamentação religiosa. Nas imagens da revolução tunisiana, nós vemos mulheres vestidas à maneira islâmica, mas também com camisas, calças etc.. com véus, com roupas islâmicas, embora na Tunísia esse comportamento já fosse normal antes da revolução.
Agora, temos o representante dos EUA que quer que a Irmandade Muçulmana entre no governo, no processo de transição. Curiosamente, os EUA, depois de ter ameaçado o mundo com o fantasma do terrorismo islâmico, agora talvez se veja obrigado a entrar em acordo com os islâmicos para que eles próprios exerçam o papel de opressores na região. Não é apenas a religião islâmica, mas todas as religiões exercem o papel de freio nos processos revolucionários. Mas também temos em todos esses países, assim como temos uma Teologia da Libertação na América Latina, uma interpretação revolucionária do islamismo. Ou seja, o próprio islamismo, que já tem a vantagem de não ter um papa, uma autoridade superior reconhecida, e por isso, ser uma religião bem mais democrática do que a católica. Mas o próprio islamismo exercerá papel importante no campo de batalha. A Irmandade Muçulmana exerce papel bem moderado, mas há outras, e há também partidos de esquerda, porque esses países não entraram agora na história. Tem uma longa historia nas costas. Curiosamente, os partidos que estavam no poder na Tunísia e no Egito eram filiados à Internacional Socialista. E apenas no dia 18 de janeiro, quando a revolução já estava em andamento, quando Ben Ali já havia sido posto para fora do poder, é que a Internacional Socialista tomou a medida elementar de colocar o partido dele para fora. Somente quatro dias depois da queda do governo. E está acontecendo a mesma coisa com o partido democrático do Egito. E não há apenas um partido comunista nessa região, são vários. São países que não têm apenas tradição islâmica, como se costuma pensar, mas têm tradição laica, cultural, intelectual... no Egito temos Prêmio Nobel de Literatura...
Quais as relações entre essas revoluções e as lutas que os trabalhadores brasileiros irão enfrentar no período?
Em primeiro lugar é preciso chamar a atenção dos trabalhadores brasileiros sobre o que está acontecendo nos países árabes, porque a tradição internacionalista não é forte nesses países. É preciso chamar a atenção de que esses trabalhadores árabes estão lutando contra os mesmos opressores da América Latina: os EUA. Em segundo lugar, há dois elementos que devem ser levados em conta: o que está caindo nos países árabes não são simplesmente ditaduras, não são ditaduras militares como as que já ocorreram na América Latina. Mubarak e Ben Ali foram eleitos democraticamente com altos índices de aprovação popular. São regimes de forte teor nacionalista. No Egito, o nacionalismo nasce com Nasser que era muito mais radical, por exemplo, do que Chávez. Nasser nacionalizou toda a economia do Egito. Perto dele, Chávez é um amador, porque não nacionalizou grande coisa. E quando nacionalizou, pagou por isso. Nasser fez guerra. Chávez só ameaçou os EUA.
Então, os regimes nacionalistas de cunho personalista podem até começar muito radicalizados, como aconteceu também aqui na América Latina, mas quando derivam para uma ditadura caudilhista e não baseada na organização autônoma dos trabalhadores, mas no papel de um caudilho, acabam como o que aconteceu nos países árabes: ditaduras personalistas e corruptas. Aqui no Brasil, isso não chega a se repetir de maneira exata, mas é preciso estarmos atentos porque Lula tem o papel de uma figura carismática, embora não se perpetue no poder como os demais.
Em segundo lugar, é preciso perceber que a popularidade de um governo não é fator inabalável, contra o qual não se pode fazer nada. Dilma não é um fator inabalável. Na Tunísia também havia partidos de oposição. Entretanto, nas últimas eleições, Ben Ali ganhou com percentual superior ao de Lula, com mais de 95% dos votos. Mesmo que a população tenha votado em Ben Ali por falta de opção, por apatia, por medo... o que importa é que o quadro mudou. Isso significa que esses índices são muito relativos e podem mudar. As lições que tiramos de tudo para a América Latina, ressalvadas as devidas diferenças, são enormes, porque elas abalam todas as relações internacionais, das quais Brasil e América Latina estão inseridos. As características políticas são diferentes, mas não totalmente diferentes. Outro fator importante é que, apesar do processo de mobilização inicial da população, o que quebrou a espinha dorsal desses governos foram as greves. Primeiro, você tinha praças ocupadas. Mas depois, você tinha a economia inteira paralisada. Nesse momento, mesmo os setores do exercito e do EUA que continuavam apoiando os governos desistiram de apoiá-los. As greves abrangeram todas as categorias profissionais. Até médicos, engenheiros, todos pararam. O papel da greve foi decisivo e foi o que derrubou Mubarak. Na Tunísia também. Houve 40 dias de mobilização, mas no momento em que as greves se generalizaram, o próprio exército.
Fonte Andes-SN
AEBA homenageia o Dia Internacional da Mulher com um café da manhâ!
O diretor de Admin. e Finanças da AEBA, Marlon Palheta, entregando um brinde a uma bancária sorteada.
A Aeba ofereceu na manhã de hoje um café da manhã às associadas em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, comemorado no último dia 8.
As bancárias deliciaram-se com um cardápio especial após homenagem feita pela diretoria e por convidadas.
Na ocasião houve o sorteio de brindes para todas as regionais e entre as associadas presentes.
Regional:
Maria José Almeida - Rio Branco
Maria Benedita Dalva da Silva – Igarapé Mirim
Odete Ayaco Kamada – São Paulo
Marilyn Souza Ferreira - Manaus Metro
Chaiene Siqueira Monteiro - Santarém
Edna Maria Dias – SUPER-RO
Edna Maria de Oliveira – São Luiz
Marinalva Gomes – Porto Nacional
Maria José Almeida - Rio Branco
Maria Benedita Dalva da Silva – Igarapé Mirim
Odete Ayaco Kamada – São Paulo
Marilyn Souza Ferreira - Manaus Metro
Chaiene Siqueira Monteiro - Santarém
Edna Maria Dias – SUPER-RO
Edna Maria de Oliveira – São Luiz
Marinalva Gomes – Porto Nacional
Emilia Teodoro - Barra do Garça
Metropolitana:
Maria Estela Dias – GESOP
Diana Benedita Aviz Bastos – GECON
Jamile Ribeiro - GEAUD
Daniela Miranda – GESUP
Ana Cristina Barbosa da Silva – GEAUD
Márcia de Nazaré Gomes – GESUP
Selma Pampolha – GCONF
Diana Benedita Aviz Bastos – GECON
Jamile Ribeiro - GEAUD
Daniela Miranda – GESUP
Ana Cristina Barbosa da Silva – GEAUD
Márcia de Nazaré Gomes – GESUP
Selma Pampolha – GCONF
Assinar:
Postagens (Atom)