02 julho 2010

"Que o ricos paguem pela crise" exigem trabalhadores europeus em dia de greve geral!

Lutas e greves gerais se estendem em países europeus contra pacotes de arrocho e redução de direitos
A greve geral de 24 horas convocada por sindicatos e organizações da Grécia fez o país parar com protestos e manifestações em diversos setores. Esta é a quinta paralisação realizada no país contra o pacote medidas que retira diretos trabalhistas.
Nos serviços públicos, entre os quais o transporte, a adesão foi forte. Em um dos principais portos da região de Atenas, trabalhadores cruzaram os braços e impediram que turistas embarcassem nas balsas. Na ação houve confronto com a polícia. No transporte aéreo houve o cancelamento voos. Em hospitais, o funcionamento ocorreu de forma reduzida e no setor de comunicação transmissões de telejornais foram canceladas.
O governo fez as mudanças no sistema de previdência social na sexta-feira (25). As principais foram a redução dos benefícios de 80% do salário (que são pagos hoje) para 50%. Até hoje era possível conseguir aposentadoria com benefício integral com 35 anos de trabalho ou com 65 anos de idade. Agora a idade limite foi aumentada para 67 anos e também é obrigatório trabalhar por 40 anos. Eles também ajustaram a idade limite em função da expectativa de vida. Em caso de aposentadoria antecipada, o benefício será reduzido em 6% a cada ano reduzido.
No dia seguinte ao anúncio das medidas, o movimento dos trabalhadores realizou diversos protestos e paralisações como greve de 24 horas em escritórios de contabilidade, manutenção de navios, consultórios dentários, gráficos e funcionários de um grande hospital em Atenas.
Os trabalhadores do Metrô realizaram greve por três dias. Na última quinta-feira (24) todos os trabalhadores de transportes públicos entraram em greve. Os professores de escolas secundaristas ausentaram-se de seus trabalhos por 10 dias. A Federação dos Correios já anunciou uma greve de 48 horas contra a privatização
das agências.
Há proposta de que haja outra greve geral de 24 ou 48 horas em julho, no dia em que o governo levar o projeto de reforma da previdência à votação.
Estado Espanhol - No País Basco, trabalhadores também foram às ruas. No setor público e privado houve forte adesão. Mas de 80% das empresas do setor industrial paralisaram suas atividades, a ampla maioria dos transportes, assim como os serviços públicos. Também houve paralisações no comércio, hotéis, supermercados e construção civil. Mais de 65 mil trabalhadores participaram das manifestações.

De acordo com o secretário de Relações Internacionais da Central Sindical Basca LAB, Igor Urrutikoetxea, houve repressão policial com prisões e exigência de identificação de vários grevistas.
Em Madri, capital espanhola, os metroviários também pararam suas atividades e vão permanecer de braços cruzados até sexta-feira (2/07). Milhares de pessoas tiveram que recorrer a outros meios de transporte o que gerou o aumento do transito na cidade. Desde o último dia 24, categorias importantes de trabalhadores já vêm realizando protestos e assembléias contra o corte de 5% nos salários, como servidores públicos, metroviários e trabalhadores de telecomunicações. Além de denunciar as reformas trabalhistas e ataques às aposentadorias.
França – Os franceses se anteciparam ao dia 29 e já na quinta-feira (22) realizaram
uma greve nacional contra reforma previdenciária do presidente Nicolas Sarkozi, que
entre outras medidas, eleva a idade mínima de aposentadoria para 62 anos em 2018.
Segundo notícia da Agência Reuters, o governo divulgou na semana passada o seu projeto de reforma previdenciária, alegando que sem ela o sistema terá déficits anuais de 100 bilhões de euros (134,2 bilhões de dólares) até 2050.
O anúncio revoltou os trabalhadores. “Milhares de empregados do setor de transportes abandonaram seu trabalho, o que afetou trens, aviões, metrô e ônibus. Professores, membros da administração pública e alguns funcionários do setor privado também aderiram”, afirma a notícia.
Manifestações ocorreram em diversas cidades francesas, pela segunda vez desde maio passado. Houve o apoio de seis das sete centrais sindicais francesas. Novas mobilizações já vêm sendo preparadas para setembro, quando o projeto deve ser submetido ao Parlamento.
Itália – Os trabalhadores da Itália cruzaram os braços na sexta-feira (25) contra o pacote de arrocho do governo de direita de Silvio Berlusconi. Serviços públicos, transporte aéreo e terrestre, tiveram suas operações suspensas. A paralisação convocada pelo maior sindicato da Itália, CGIL, contou ainda com manifestações por todo país. Em Roma, vôos foram cancelados, em Milão, o transporte ferroviário ficou parado por cerca de quatro horas.
Insatisfação é geral - A meta imposta pela União Europeia para impedir que o déficit dos países-membros supere 3% do PIB causa revoltas generalizadas. Justamente porque este déficit orçamentário não foi criado pelos trabalhadores e sim pelos governos de todo o mundo, quando na crise de 2008 deram bilhões de euros para salvar bancos e multinacionais e agora querem que os trabalhadores paguem essa conta.
O anúncio dos pacotes de arrocho e de redução de direitos como na Itália, na França e na Grécia fez com que as mobilizações se estendessem em diversas categorias e se antecipassem ao 29, data marcada para a realização de uma greve geral em países europeus.
De acordo com informações do dirigente da Federação dos Servidores Públicos da Grécia Sotiris Martalis, que esteve presente nos congressos da Conlutas e da Classe Trabalhadora, as circunstâncias econômicas e políticas na Europa e principalmente na Grécia são alarmantes. Os títulos gregos, bem como de Portugal e da Espanha, são descritos como “lixo”. A zona do Euro está muito perto de se dividir e a Comissão Europeia denuncia as manifestações que vêm ocorrendo como “agitações sociais”.
“Eles estão com medo que a nova greve geral na Grécia possa “contagiar” outros países, principalmente depois das grandes manifestações na Espanha, Bélgica e Portugal”, diz Martalis. Acrescenta ainda: “a luta está a nossa frente e nós podemos fazer seus medos tornarem-se reais”, reforçando a necessidade da realização das mobilizações na Europa.
Dia de luta em setembro - A Confederação Sindical Européia está convocando um dia de luta em toda a Europa para 29 de setembro. Para os países do Sul da Europa a proposta é de Greve Geral de 24 horas (Grécia, Itália, Espanha e Portugal). É a luta para resistir aos ataques dos governos da União Européia, apoiados pelo Fundo Monetário Internacional.
A Secretaria Executiva Nacional Provisória eleita no Conclat apóia a luta dos trabalhadores europeus e tem enviado notas de solidariedade a essas lutas. Defende que os trabalhadores brasileiros sigam o mesmo exemplo. Assim como já vêm fazendo diversos segmentos dos servidores públicos federal e estaduais, unificando suas greves.
Mais que isso, devemos propor uma campanha nacional para que o Congresso Nacional derrube o veto do presidente Lula ao fim do fator previdenciário.
 

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