25 agosto 2014

PT apoia "patrões" em 7 dos 10 Estados em que não lançou candidato próprio!

Em sete dos dez Estados em que o PT (Partido dos Trabalhadores) não encabeça a candidatura ao cargo de governador, o partido apoia candidatos representantes da classe empresarial brasileira.
O partido, fundado em 1980, tem sua origem atrelada ao movimento sindical e a grupos intelectuais de esquerda, e costuma se colocar nas eleições em que participa como representante da classe trabalhadora, em disputa pelo poder contra a classe patronal e a elite econômica brasileira.
Apesar disso, sete dos dez candidatos a governador das coligações integradas pelo PT são políticos representantes de entidades ligadas ao agronegócio, sindicatos patronais ou instituições representantes do empresariado nacional.
Uma das exceções é o Estado de Sergipe. Lá, o PT apoia o candidato do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileira), Jackson Barreto, servidor da Receita Federal, ex-militante clandestino do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e atual governador do Estado. Barreto era vice-governador de Marcelo Déda (PT), que morreu no ano passado.

Já no Estado do Amapá, quem recebe o apoio do PT é o atual governador e candidato à reeleição, Camilo Capiberibe (PSB), membro de um partido que não faz parte da coligação que apoia a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.
O pessebista vem de uma família de classe média. Seus pais eram militantes de esquerda e mudaram para o Chile durante a ditadura militar brasileira (1964-1990). Por causa disso, Capiberibe nasceu no país vizinho, mas cresceu no Brasil, onde deu início à sua carreira política no já movimento estudantil.
Finalmente, no Estado da Paraíba, o PT apoia Ricardo Coutinho (PSB), filho de um agricultor e de uma costureira, formado em Farmácia, funcionário público de carreira da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e ex-dirigente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
O UOL procurou a assessoria do PT e de seu presidente nacional, Rui Falcão, para comentar as coligações do partido nas eleições estaduais, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Sob a condição de anonimato, porém, membros do partido afirmam que não é escolha do PT os nomes dos candidatos que encabeçam as candidaturas das coligações de que faz parte, e que é inerente ao sistema eleitoral brasileiro compor alianças regionais que viabilizem acordos nacionais.
Todos os candidatos da elite econômica brasileira apoiados pelo PT pertencem ao PMDB, PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) ou PSD (Partido Social Democrata), siglas que apoiam a reeleição de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República.
Veja, abaixo, quem são os candidatos da elite apoiados pelo PT nos Estados em que o partido não lançou candidatura própria.

Pernambuco: Armando Monteiro (PTB)


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Nascido em 24 de fevereiro de 1952, Armando Monteiro Neto é formado em administração e direito. Pertencente a uma família de industriais, dona de siderúrgicas e usinas de álcool e açúcar, começou a vida pública em 1986, no Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Pernambuco. Foi diretor e depois presidente da entidade até 1992, quando assumiu a presidência da Fiepe (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), cargo que ocupou por quatro mandatos consecutivos. Depois, entre 2002 e 2010, foi presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Ingressou na vida político-partidária em 1990, quando se filiou ao PSDB. Ficou no partido até 1997, quando mudou para o PMDB. Em 2003, filou-se ao PTB, onde permanece até hoje. Foi deputado federal por Pernambuco por três legislaturas (1999-2011).
Em 2010, candidatou-se e foi eleito senador de Pernambuco pelo PTB.

Alagoas: Renan Filho (PMDB)


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Nascido em 8 de outubro de 1979, Renan Filho pertence a uma tradicional família política de Alagoas. Seu pai é o senador Renan Calheiros (PMDB/AL), que ocupa cargos públicos desde 1978 e atualmente é presidente do Senado. Em 2007, Calheiros renunciou ao mandato para evitar uma cassação em virtude de denúncias de corrupção.
Sócio de quatro empresas de comunicação no Estado (segundo sua declaração de bens à Justiça eleitoral), o peemedebista Renan Filho foi eleito prefeito do município de Mucuri em 2004, quando tinha apenas 24 anos. Foi reeleito para o cargo em 2008, mas abandou o posto em 2011, quando assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados, após ser eleito em 2010.
Também em Alagoas, nas eleições para o Senado, o PT compõe a chapa que apoia o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).

Pará: Helder Barbalho (PMDB)


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Herdeiro de um grupo de comunicação que reúne oito emissoras de rádio, quatro retransmissoras de televisão e um jornal diário, Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), tem 35 anos e um patrimônio declarado de R$ 2,34 milhões. A maior parte de suas posses correspondem a participações acionárias em dez empresas de sua família.
Com o apoio do grupo político comandado por seu pai, Helder Barbalho foi eleito prefeito de Ananindeua (região metropolitana de Belém) em 2004 quando tinha apenas 25 anos, tornando-se, segundo ele mesmo afirma, o prefeito mais jovem da história do Estado.
Em 2006 e 2010, o PT lançou candidatura própria no Estado do Pará, da bancária do Banco do Brasil Ana Júlia Carepa, que iniciou sua carreira no movimento estudantil e era ligada a grupos de defesa dos direitos das mulheres. Neste ano, o partido decidiu apoiar Helder Barbalho dentro de um arranjo que garantiu a manutenção da aliança nacional com o PMDB.

Amazonas: Eduardo Braga (PMDB)


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Dono de uma fortuna declarada de R$ 27,3 milhões, o peemedebista é proprietário de uma rede de concessionárias e assumiu seu primeiro cargo público em 1982, após ter sido eleitor vereador de Manaus pelo PDS (Partido Democrata Social, hoje chamado PP, Partido Progressista), partido que apoiava o regime militar brasileiro e era originário da Arena (Aliança Renovadora Nacional).
O empresário, que também investe no agronegócio (letras de crédito e cabeças de gado), já passou por seis partidos políticos. Além de vereador pelo PDS, foi deputado estadual pelo PMDB (1987-1991) e federal pelo PDC (1991-1992). Foi vice-prefeito e prefeito da capital amazonense pelo PDC (1993-1996) e governou o Amazonas duas vezes, pelo PPS (2003-2007) e pelo PMDB (2007-2011). Já teve passagens pelo PSL  e pelo PPL. Atualmente, é senador pelo PMDB.
O candidato tem contra si um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por crime eleitoral e mais dez processos no Tribunal de Justiça do Amazonas, sendo quatro deles por suspeita de improbidade administrativa.

Tocantins: Marcelo Miranda (PMDB)


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Nascido em Goiânia em 10 de outubro de 1961, Miranda é membro de uma tradicional família de políticos e agropecuaristas de Goiás e Tocantins. Estrou na política em 1990, quando foi eleito deputado pelo PFL (Partido da Frente Liberal, atuam DEM, Democratas) para ocupar um cargo na Assembleia Legislativa goiana. Foi reeleito ao cargo mais duas vezes.
Em 2002, ainda no PFL, foi eleito governador do Tocantins, sendo reeleito em 2006, já pelo PMDB. Em 2009, porém, teve seu mandato cassado por unanimidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que apontou os crimes de abuso do poder, compra de votos e uso indevido dos meios de comunicação social nas Eleições de 2006.
Em 2010, foi eleito senador, mas foi impedido pela Justiça de assumir o mandato por entender que ele se encontra inelegível em virtude da condenação de 2009. Além do processo em que foi cassado do governo, Miranda figura em mais de 500 processos nas diversas esferas e tribunais do Poder Judiciário.
Para o Senado, representando o povo de Tocantins, o PT apoia a reeleição da líder da bancada ruralista, Kátia Abreu (PMDB).

Maranhão: Lobão Filho (PMDB)


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Nascido em 17 de setembro de 1964, o empresário peemedebista é um dos donos do Sistema Difusora de Comunicação, emissora de TV afiliada do SBT no Estado do Maranhão e também de uma rede de distribuidora de bebidas. Antes de filiar-se ao PMDB (2010), foi membro do PFL (depois renomeado para Democratas) por oito anos, desde 2002.
Seu patrimônio declarado à Justiça eleitoral neste ano é de R$ 9.881.256,03, valor 284% maior do que o que foi declarado em 2010 (R$ 2.570.010,32), quando se elegeu suplente de senador.
É filho e herdeiro político do senador e atual ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, eleito deputado federal pela Arena em 1978 e pelo PDS em 1982. De 1991 a 1994, foi governador do Maranhão pelo PFL. Passou a integrar a base aliada do governo em 2007, quando ingressou no PMDB. Em janeiro do ano seguinte, foi nomeado ministro das Minas e Energia pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Rio Grande do Norte: Robinson Faria (PSD)


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Nascido em 12 de abril de 1959, é membro de uma família proprietária de usinas de sal no Estado do Rio Grande do Norte. Deu início à sua carreira política em 1986, quando foi eleito deputado estadual pelo PFL (atual Democratas). Depois disso, cumpriu mais cinco mandatos na casa legislativa potiguar.
Em 2010, foi eleito vice-governador de seu Estado na chapa da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Em 2011, porém, rompeu com o governo e passou a integrar o bloco de oposição a Rosalba. No mesmo ano, deixou seu então partido, o PMN (Partido da Mobilização Nacional), para filiar-se e ajudar a fundar o PSD no Rio Grande do Norte.
Antes de se dedicar à política, Robinson Faria trabalhava nas empresas do pai, o industrial Osmundo Faria. Juntos, em 1970, eles deram início às atividades da salina Amarra Negra, então a maior do Brasil. Em 1974, Osmundo tinha o apoio do então ministro do Exército, general Dale Coutinho, para assumir o cargo de governador do Rio Grande do Norte em 1975. O general, no entanto, morreu meses após manifestar seu apoio ao industrial. No ano seguinte, então, o governo militar optou por designar Tarcísio Maia, pai do senador Agripino Maia (DEM), para o cargo.

12 agosto 2014

A disputa das eleições numa perspectiva revolucionária.

Jornadas de Junho abre uma nova situação política no país
Mesmo depois de passados meses do impasse que inviabilizou a constituição de uma Frente de Esquerda que envolvesse PSTU e PSOL em nível nacional, este debate vez ou outra reaparece. Nas últimas semanas, ele surgiu na esteira da crise que viveu o PSOL e da troca de sua candidatura à presidência da república, com a saída do senador Randolfe Rodrigues e a entrada da ex-deputada Luciana Genro.

Luciana Genro, mais de uma vez, deu a entender que, ainda que fosse certo o PSTU não aceitar ser vice de Randolfe, não haveria razão para não aceitar ser vice na chapa encabeçada por ela. Por outro lado, alguns militantes do PSOL apontam uma pretensa incoerência pela não realização da frente em nível nacional quando ela pôde constituir-se em alguns estados.

A companheira Luciana e muitos militantes do PSOL parecem partir do pressuposto de que quando ela, representando um setor à esquerda dentro do partido, assume a candidatura à presidência deixam de existir as diferenças de programa com o PSTU. Eu respeito muito a companheira Luciana e estes militantes que raciocinam desta forma, mas tenho uma opinião muito diferente sobre essa questão e trato de esclarecê-la a seguir.

O PSTU participa das eleições não por acreditar que por esta via vamos mudar o país e garantir vida digna para os trabalhadores. Como sabemos, as eleições em nosso país são completamente controladas pelo poder econômico (através do financiamento dos partidos, das campanhas e candidaturas; através do controle da mídia, etc). Participamos delas porque consideramos importante disputar politicamente a consciência dos trabalhadores e da juventude de nosso país, apresentando uma alternativa de classe, operária e socialista para o Brasil, que seja um contraponto ao mesmo tempo aos projetos defendidos pela direita tradicional e seus candidatos, como também ao projeto de PT e seus aliados.

Nosso objetivo fundamental aí é ganhar o maior número possível de trabalhadores e jovens para a luta em defesa deste projeto operário e socialista, e avançar na construção da direção política para esta luta em nosso país. É este o conteúdo que vamos dar à disputa que faremos pelo voto (e vamos fazer uma disputa dura por cada voto) dos trabalhadores e jovens. Quanto mais votos obtivermos, mais fortalecida estará a luta por este projeto. Se elegermos parlamentares comprometidos com este projeto, melhor ainda. Mas o nosso objetivo fundamental aqui é claro: disputar a consciência dos trabalhadores e jovens para um projeto operário e socialista para o país e fortalecer a direção política desta luta.

E que projeto de classe, operário e socialista é este? Muito simples. Trata-se de um programa que seja capaz de responder às necessidades da nossa classe e da juventude brasileira; de um governo que seja capaz de aplicar este programa; e de como será possível tornar isso realidade, já que sabemos que pelas eleições não é.

O programa que o PSTU vai apresentar nas eleições parte de responder às demandas das manifestações de rua de junho passado e das centenas de greves que sacodem o país nos dias de hoje, pois expressam as necessidades fundamentais da nossa classe: salário digno, emprego e direitos para todos; saúde e educação pública e de qualidade para todos; moradia digna; transporte coletivo de qualidade e acessível a todos; reforma agrária; aposentadoria; enfim, vida digna a quem trabalha.

Para tanto, este programa precisa atacar o domínio e controle que os bancos, as grandes empresas e as multinacionais têm sobre o nosso país. Vamos defender a suspensão imediata do pagamento da dívida externa e interna, a estatização dos bancos e do sistema financeiro; o fim das privatizações e a re-estatização dos bens e empresas privatizadas (hoje, todas nas mãos de multinacionais, como o setor de telecomunicações, de energia, setor siderúrgico, mineração, aeronáutico, transporte ferroviário; estradas; portos; aeroportos, etc); anular os leilões das reservas do Pré-Sal e as privatizações feitas na área do petróleo e da Petrobrás; estatizar todo o setor de transportes; nacionalizar as terras que estão sob controle do Agronegócio e do latifúndio e colocá-las a serviço da produção de alimentos para a população; atacar os privilégios e o lucro das grandes empresas para reduzir a jornada de trabalho e ampliar os direitos dos trabalhadores, e estatizar todas as empresas que promoverem demissões; acabar com a repressão policial aos trabalhadores e jovens e com a criminalização das lutas e da pobreza, desmilitarizar a PM e assegurar o controle da polícia pela comunidade; atacar fortemente toda forma de discriminação e opressão, o machismo, o racismo e a homofobia; atender demandas democráticas históricas das mulheres como a legalização do aborto, e da juventude, como a legalização da maconha e descriminalização das drogas; livrar o país da corrupção, colocando na cadeia e confiscando os bens de corruptos e corruptores; e um longo et cetera.

Este programa, como se pode ver, tem bandeiras democráticas e econômicas importantes. Mas não se limita à defesa da radicalização da democracia, de reformas ou do desenvolvimento econômico nos marcos do capitalismo. É um programa anticapitalista, que aponta para a superação deste sistema.

Por isso mesmo, requer para a sua aplicação um governo dos trabalhadores, sem patrões, que rompa com os bancos, as multinacionais e grandes empresas e mude o país, acabando com os privilégios destes setores e assegurando vida digna para quem trabalha, apontando para a construção de uma sociedade socialista. Aqui se configura um caráter de classe para este projeto.

Obviamente, um governo assim e que promova mudanças desta natureza não vai se constituir através de eleições controladas pelos banqueiros, grandes empresários e multinacionais. Por isso, dizemos que este governo dos trabalhadores, sem patrões, só poderá se constituir e só conseguirá governar e realizar o programa acima apoiado nas organizações e nas lutas dos trabalhadores, do povo pobre e da juventude.

Este é, resumidamente, o projeto que o PSTU vai apresentar nas eleições. Nas discussões que tivemos com a direção do PSOL, os companheiros nos esclareceram que o seu partido defendia um programa que apontasse para a radicalização da democracia em que vivemos, evitando a defesa de medidas mais radicais que poderia não dialogar com o nível de consciência médio da população, pois isso dificultaria a disputa dos votos.

O PSTU, como eu disse antes, quer e vai disputar os votos dos trabalhadores e da juventude. Mas não vai deixar de defender o seu programa para isso, nem de dizer a verdade aos trabalhadores sobre o que é necessário – e como -mudar no país para que todos tenham vida digna. Precisamos e queremos ganhar os trabalhadores para a luta pela transformação deste país, e não simplesmente ganhar o voto deles a qualquer custo. E isso não é simplesmente um capricho nosso. Se os trabalhadores e a juventude brasileira não abraçarem a luta por este projeto, não haverá revolução e, sem ela, não haverá mudança de verdade no país. Simples assim.

Este debate, sobre a necessidade de rebaixar programa para ganhar votos, nós já vivemos na história recente da esquerda brasileira. Foi dentro do PT, no início da sua existência. Sabemos como terminou esta história e não queremos repeti-la.
Em 2006, quando os parlamentares que fundaram o PSOL recém haviam rompido com o PT e lançaram a candidatura da Senadora Heloisa Helena como expressão da negação da conciliação de classes representada pelo PT, e que empalmou com o sentimento de esperança por uma alternativa em setores amplos dos trabalhadores e jovens, o PSTU decidiu fazer a Frente de Esquerda e somar-se àquele processo que era importante, mesmo com todas as limitações e dificuldades para construirmos um programa em comum que já ali se vislumbrava.

Hoje, temos um quadro muito diferente. O senador Randolfe Rodrigues retirou sua candidatura à presidência para impulsionar, no Amapá, uma frente eleitoral com o PSB e o PT, num completo abandono do critério da independência de classe! Ao que consta, Randolfe é a principal expressão política da direção do PSOL e, de mais a mais, não se sabe de qualquer decisão do partido contrária ao que foi feito lá.

Entendemos que isso seja normal para o PSOL, pois, mesmo sendo parte da esquerda socialista brasileira e oposição de esquerda ao governo do PT, não se propõe a ser um partido revolucionário, portanto não adota, como sua estratégia, a revolução, ou seja, uma transformação completa da estrutura econômica, social e política do país. E compreendemos o porquê do acordo feito pela companheira Luciana com a direção do PSOL (logo após o congresso deste partido), que deu a ela a vaga de vice de Randolfe. Apesar das diferenças que existem entre eles, são parte do mesmo partido e, portanto, comungam da mesma estratégia.

No entanto, o PSTU é outro partido, tem outro projeto para o país e sua candidatura presidencial está a serviço de levar este projeto para os trabalhadores, trabalhadoras e jovens do Brasil. Para nós –e acreditamos que também para toda a militância socialista que defende, de fato, uma revolução socialista no Brasil - aproveitar a disputa eleitoral em curso para ganhar para este projeto uma parcela da nossa classe é fortalecer nossa luta por uma revolução no país. Nós acreditamos que rebaixar nosso programa, deixar de dizer com clareza para os trabalhadores as mudanças que precisamos fazer no país e como podemos fazê-las, abrir mão da independência de classe, ainda que nos leve a ganhar mais votos, vai nos distanciar cada vez mais do nosso objetivo. Essa é a diferença e, como se vê, não se trata simplesmente de quem é vice de quem. Por isso não houve Frente Eleitoral nacional.

Nos diversos estados do país, o processo se desenvolveu de forma desigual e combinada. Onde se conseguiu chegar a um termo aceitável no programa e demais condições para uma frente estadual, ela se constituiu e está sendo apresentada uma alternativa unitária às candidaturas burguesas tradicionais e também ao PT e seus aliados naquele estado. No entanto, em todo o país, com frente eleitoral ou candidatura própria nos estados, toda a militância do PSTU estará trabalhando duro para disputar a consciência dos trabalhadores e da juventude brasileira em defesa deste projeto de classe, operário e socialista para o Brasil. E é a serviço dele que estará a nossa candidatura, minha e da companheira Claudia Durans, à presidência e vice presidência da república.

As jornadas de junho do ano passado abriram uma nova situação política no país, mais favorável ao avanço da luta e da organização dos trabalhadores e da juventude. Enxergar nisto apenas o potencial eleitoral que pode favorecer a esquerda nas eleições seria de um oportunismo sem perdão. A esquerda socialista brasileira tem a obrigação de apresentar, na disputa eleitoral, uma alternativa de classe e socialista, e de lutar para ganhar para esta alternativa todos os trabalhadores e jovens que puder. Ganhar sim os seus votos, mas principalmente, ganhá-los para a luta em defesa deste projeto. Apenas desta forma vamos aproveitar de forma conseqüente as melhores condições que a realidade política nos brinda para avançarmos no sentido da nossa estratégia que é a transformação socialista do país onde vivemos.
É para dar conta deste desafio que convidamos a somar conosco toda a militância que está na luta da classe trabalhadora e da juventude brasileira.
*Zé Maria é metalúrgico, membro licenciado da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas e candidato a Presidente da República pelo PSTU